Fourteen

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Existem memórias que se tornam feridas, aquelas que doem até a alma, e que nem o tempo é capaz de curar.

Minhas feridas podem parecer pequenas aos olhos de quem vê, mas quando se sente na pele, percebe a dor.

Senti dor por muito tempo em minha vida, seja essa dor física ou mental. Eu não era importante para ninguém, e essa dor era a pior de todas. Quando finalmente alguém se importou comigo, senti um alívio, e minhas dores cessaram por um tempo. Me mal acostumei.

Quando a dor veio novamente, ela veio com tudo, e me enfraqueceu.

O passado é um mar de arrependimentos e segredos, não queria mergulhar nele, mas seria preciso.

Para isso, tive que voltar ao berço de grande parte de minhas memórias...a faculdade.

Chan, Jisung e eu, estávamos em frente a faculdade, somente esperando Hwang chegar. Senti um nó em minha garganta, e me senti fraca instantaneamente. Ia chorar a qualquer momento.

Estávamos no pátio da universidade, o lugar onde eu e Soyeon nos encontrávamos todos os dias para almoçar. Lembro do sorriso dela, ela sempre sorria. Lembro também das diversas cores de cabelo que ela usava, mas de todas, o loiro era meu preferido.

Olhando ao meu redor, vendo as pessoas passarem, não tinha como não procura por ela, ela era pequena, mas se destacava na multidão, por que ela era brilhante, ela sempre brilhou para mim. Ela era o sol, e eu era a lua, pois precisava de seu brilho.

"Eun-ji, você me lembra a lua. A lua nem sempre vem cheia, as vezes ela é minguante, as vezes é nova, mas ela sempre brilha. E além de tudo, a lua faz companhia para a Terra, a lua é uma ótima amiga, assim como você é."

Mas para brilhar, eu preciso de você Soyeon, então me diga, onde você está?

Você me deixou.

Sinto lágrimas rolarem por meu rosto, e um aperto no peito.

Sinto alguém segurar minha mão, viro meu rosto e vejo que é Chan, que me olhava preocupado. Sem nem pestanejar, o abraço,  precisava disso. Ele parece surpreso, mas me abraça de volta deito minha cabeça na curva do seu pescoço, e ele afaga meus cabelos.

- Eu estou aqui, está tudo bem - Chan dizia baixinho.

É verdade. Ele estava ali, Jisung estava ali, eles são minha família agora. Não importa o que acontecesse, eu tinha eles, mas ainda sentia saudades, ainda tinha medo, medo de ser abandonada, medo de ser usada.

Meus colegas de escola faziam isso comigo, meu chefe fez isso. A insegurança era muita, mas a vontade de me prender nessa ilusão era três vezes maior.

Aos poucos fui me acalmando, o abraço de Chan era eficaz. Jisung logo me envolveu em outro abraço, me fazendo sorrir dessa vez.

Eles não perguntaram, mas sabiam que era difícil. Eles estavam lá para mim.

- Bom dia. - alguém disse nos pegando de surpresa. Nos viramos e avistamos Hwang, que assim como todos nós, usava boné. Poderia ser esquisito, mas tínhamos que tomar cuidado para não sermos reconhecidos.

- Bom dia Hwang - Chan disse.

- Pode me chamar de Hyunjin mesmo, é meio desconfortável ser chamado de Hwang.

Ele concordou.

- E então, podemos entrar? - ele pergunta. Chan se vira para mim, esperando confirmação. Balanço a cabeça e adentramos a faculdade.

...

Hyunjin e Jisung andavam mais a frente, eles não se olhavam e nem falavam nada, eles não iam com a cara do outro. Jisung algumas vezes me dizia que não confiava nele, e quando eu perguntava o motivo, ele só me dizia que era um mal pressentimento.

Confesso que Hyunjin não me parecia o tipo de pessoa mais sociável do mundo, mas não acho que ele é ruim. Ele passou por muita coisa, perdeu a namorada e se culpa por isso. O coração dele é amargurado.

- Você está melhor? - Chan pergunta. - Você não me parecia bem lá fora.

- Estou melhor sim - sorrio de leve. - Obrigado.

- Sem problemas - ele retribuiu o sorriso, mas desviou o olhar, ele parecia envergonhado - Se quiser desabafar, saiba que eu vou escutar com muita atenção.

Chan era um fofo, ele se preocupou comigo e me ajudou muito.

- Chan - o chamo e ele para de caminhar.

Dou um beijo em sua bochecha, como agradecimento. Volto a caminhar, com vergonha do que fiz, mas pelo menos, estava feliz agora.

Estávamos caminhando a um bom tempo, meu plano era conversar com algum professor do curso de direito, que era o que Min-ju fazia.

Não tinha muito tempo que eu saí dessa faculdade, então, muitos ainda se lembrariam de mim.

- Kang Eun-ji? - alguém me chama. Me viro e dou de cara com um rapaz, seu cabelo era longo, ele tinha sardas e um sorriso fofo. Não era estranho.

- Não lembra de mim? - ele diz meio desapontado - Sou eu, Felix.

Ah, sim. Lee Felix, um quase amigo. Ele era um dos amigos de Soyeon, ele sempre foi legal, o melhor entre os amigos dela. Lembro que uma vez ele foi nos visitar, e levou brownies que ele mesmo havia feito.

- Felix - digo sorrindo - Me lembrei de você, como vai a vida?

- Está indo bem, e a sua?

- A...está indo - tento desviar esse tipo de assunto, seria vergonhoso ele saber que perdi meu emprego, minha casa e que agora eu procuro assassinos. - O que faz aqui, creio que já se formou, certo?

- Já me formei sim - ele ri - Estou aqui para uma pequena confraternização dos estudantes.

- Mais que ótimo, é uma maravilha.

- Bom, quem são esses seus amigos?

Percebo que não havia apresentado ninguém.

- Acabei nem apresentando...bom, esses são, Jisung, Hyunjin e Chan. - Felix arregala os olhos.

- Chan? - fico confusa, será que eles já se conheciam? - Você também veio para a confraternização?

Como assim? Chan era formado em direito?

- Olá - ele responde tímido - Eu vim sim.

...

Aviso rápido.
Estão lembrados de todas as vezes que ultilizei o termo "perícia criminal"?
Eu substitui por direito.
Então todos os personagens que faziam "perícia criminal", na verdade faziam direito.
Foi um erro que já foi corrigido.
Antes de tudo, prestem atenção nas idades dos personagens, assim, fica mais fácil entender a história.

Até 😙

[PSYCHO] - BangchanOnde histórias criam vida. Descubra agora