Quando eu tinha 10 anos, meu pai recebeu uma promoção na empresa. Ele trabalhava numa empresa de tecnologia, e vivia desenvolvendo projetos diferentes, por causa do trabalho dele, já tivemos que nos mudar algumas vezes. Já morei em Daegu, Busan, em Gangnam, e em Seul, mas daquela vez, mudamos de país.Fomos para a Inglaterra. Minha mãe não gostou da idéia, e eu compreendo, nenhum de nós sabia falar inglês, o máximo que eu sabia era o que aprendia na escola. Mas era muito importante para meu pai, ele teria a oportunidade de investir em outros projetos, e ter mais reconhecimento dentro da empresa. Meu pai amava o que fazia.
Nos mudamos no mês seguinte. Não foi difícil me adaptar, já não tinha amigos antes, lá não foi diferente.
Por conta dos meus traços asiáticos, e pelo fato de que eu não sabia falar inglês, algumas meninas faziam bullying comigo. Elas me botavam apelidos, me sujavam todo o dia na hora do almoço, e diziam que eu tinha que voltar para minha terra.
Todo dia era um inferno ali.
Eu nunca contei aos meus pais, pois eu sei que eles iriam na escola para resolver, e eu não queria que se preocupassem. Eles iriam ficar no meu pé direto, sempre me enchendo de perguntas, e eu só queria ter paz.
Os dias continuavam assim, sem nenhum amigo, apanhando e sendo humilhada. Minha estupidez já vem de pequena.
Eu era fraca demais.
Patética demais.
Uma garota que não conseguia fazer nada direito.
Eu achava que merecia morrer, e cogitei várias vezes isso. A dor era insuportável. O medo, a insegurança, a agonia, a cobrança...
...a solidão.
Fiquei muito tempo sozinha, isso me fez guardar tudo para mim, não compartilhava nada com ninguém, meu sentimentos, estavam todos acumulados no peito.
E por isso, comecei a me cortar.
Porém, depois da chuva, vem o sol. E mesmo com todo esse caos em minha vida, apareceu alguém que me fez feliz.
Apareceu um menino, que não sabia o nome. Ele era dois anos mais novo, não estudava na mesma sala que eu, porém, sempre vinha conversar comigo no intervalo. Ele também era coreano, e não falava muito bem o inglês, assim como eu.
Ele se sentava do meu lado todos os dias depois que chegou na escola. No começo, ele não falava muito, só se sentava e ficava ali, olhando as outras crianças brincarem.
Ele também era solitário.Depois de um tempo, ele tomou coragem e conversou comigo pela primeira vez. Nunca irei me esquecer.
"Por que os outros são tão maldosos?"
Eu senti meu peito apertar. Podia sentir a indignação em sua voz, ele era apenas uma criança, e estava sofrendo. Nós éramos crianças.
"Os meninos da minha sala me batem todos os dias, e eu não entendo, eu tento ser gentil..."
"Minha mãe me disse que se eu fosse gentil, teria amigos"
Ele olhou para mim com os olhos cheios de lágrimas. Naquele momento, eu me vi ali, sua aparência entristecida, seu rosto inocente, seu olho roxo.
A vida era cruel, mas ele não merecia essa crueldade.
" Se quiser, podemos ser amigos"
Lembro de seu rosto se iluminar quando ouviu o que eu disse. Ele chorou o resto do intervalo todo, e eu chorei ali, junto dele, sentada naquele banco frio.
Pela primeira vez eu tinha alguém, e esse pensamento me fez querer viver.
...
Nove anos depois, voltei para a Coreia. Já não tinha mais contato com o menino, já que ele saiu da escola um mês depois, nunca soube seu nome, só sabia que seus pais estavam se divorciando, e que ele não iria ficar ali.
Voltei para a Coreia, para tentar me sentir mais acolhida com pessoas iguais a mim, mas não foi bem assim.
Na faculdade, as pessoas quase não tinham tempo para nada, sempre na correria, e eu estava nessa também. Não me sentia deslocada, mas sentia que faltava algo.
Eu morava no dormitório da faculdade até então, mas, as meninas de lá eram muito estranhas comigo. Resolvi me mudar, até que uma colega de classe me disse que uma amiga dela estava com uma vaga em seu apartamento. Aproveitei a chance.
Liguei para o contato que me passaram, e assim, conheci Jeon Soyeon.
Uns três dias depois, já tinha me mudado para seu apartamento. Ela era uma garota muito legal, gostava de música e fazia faculdade de direito, na mesma faculdade que eu fazia por sinal.
Nos damos bem logo de cara, ela com seu jeito descolado e eu com meu perfeccionismo e jeito distraído. Começamos a sair com frequência, mas o que mais gostávamos de fazer era assistir documentários criminais.
Fui me apegando cada vez mais em Soyeon, ela sempre me animava e me aconselhava, era um amor de pessoa, ela era tudo que precisava.
"A bela Kang Eun-ji" (foto tirada por Soyeon)
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[PSYCHO] - Bangchan
Hayran KurguO que você faria por vingança? Até onde iria por amor? Você mataria alguém? Um passado que conecta muitas histórias, e um assassino que mata por vingança. Kang Eun-ji nunca se imaginou no meio de algo assim, mas agora, ela corria risco de vida. El...