18- Ignorando sinais de alerta

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Por que alguém aceita começar algo que tem a plena certeza de que vai acabar muito mal no final?

Essa era a maior dúvida de Kanya enquanto colocava o cinto de segurança, já dentro do carro de Bean.

Ele olha de canto de olho pra ela. Quer ser mais específico sobre estar interessado em sair com ela, mas sente que isso pode espanta-lá.

"Você não deveria estar aqui"

"Você não deveria estar aqui "

"VOCÊ NÃO DEVERIA ESTAR AQUI"

A voz não falava dentro da cabeça dela, gritava praticamente, mas ela era muito boa em ignorar isso.
Bean tocou de leve no braço dela, que se encolheu imediatamente no acento. Estava bem junto da porta agora.

- Ei calma...
Ele sorriu, se virando pra ela assim que parou em um sinal.

- Estou falando com você, mas não está me respondendo, tem algo errado?
- Desculpe,  estava com a cabeça em algumas questões da empresa.

Ela inventou qualquer desculpa, qualquer coisa era melhor do que confessar o quanto estava com medo e ao mesmo tempo empolgada com essa situação toda.

- O que o senhor me disse antes?
- Primeiro que não sou senhor, sou Bean. Pode me chamar pelo meu nome?

Ele continua sorrindo e flertando, o sorriso dele é muito bonito, Kanya não pode deixar de sorrir junto.
- Posso sim... Bean.
- Perfeito, agora eu estava perguntando pra onde devo ir? Ainda não sei onde é sua casa.
- Aaah eu moro em um apartamento bem ao lado do shopping central.

A voz volta a gritar dentro dela, mas ela só manda ela se calar.
Seja quais forem as intenções dele com ela, nesse momento não importa muito. Ela mesma tem certeza de que não tem como dar certo um relacionamento com um homem como ele.

No restaurante os funcionários mais antigos falavam sobre Bean, que mesmo sendo dócil e de convívio fácil,  tinha algo de muito estranho e sombrio por trás dele.
As vezes era nítido como ele mudava, em situações de estresse se tornava frio e calculista. Ninguém ali nunca tinha tido qualquer problema com ele, mas todos sentiam além de respeito, muito medo.

- Você mora sozinha?
- Moro com uma amiga. Dividimos o aluguel.
- E o seu namorado?

Pronto agora era pra já estar surda com as vozes de alerta berrando incontrolávelmente no seu subconsciente. Mas parece que quando uma pessoa gosta de outra ignora completamente todos os sinais de alerta.

- Eu não tenho namorado.
- Uma moça tão linda? Como não tem um namorado?

Kanya ri.
Toda sem jeito, já está completamente rendida e Bean nem precisou se esforçar tanto assim.
Quanto a namorados ela já tinha tido alguns quando mais nova.

Prem pelas feições mais suaves e delicadas sempre chamou atenção dos meninos. Teve até uma boa relação com quem namorou, mas não estava confortável com seu corpo.
Queria mudar o máximo que pudesse, pisocologicamente já se considerava uma mulher, mas os meninos não viam ela assim.
Foi mudando de aparência aos poucos e acabou não namorando mais ninguém, bem por que fazia tempo que não aparecia alguem tão interessante assim, até conhecer o homem que hoje lhe ofereceu uma carona e não para de flertar nem por um minuto, infelizmente não demorou muito pra chegarem ao destino.

- Certeza que não quer estender a noite em um barzinho aqui por perto?
- Hoje não, estou um pouco cansada.
-Bom se está dizendo que hoje não, outro dia talvez, certo?.
- Sim pode ser.
Ela sorri timidamente.

E isso tira Bean do sério, já não está no seu juízo normal desde o início da noite, nunca que ia flertar assim principalmente com uma ex funcionária, uma pessoa que agora trabalha diretamente com um bom amigo, mas o jeito daquela moça tinha chamado a sua atenção des do primeiro olhar.

Estava com o carro estacionado na frente do prédio dela. Mas ainda não queria que ela descesse, queria ter mais tempo, conversar mais, se conhecer melhor.

- Se eu pedir o seu Line, é além do limite?
- Claro que não.

Ambos pegam os telefones e trocam contatos. Logo em seguida ela solta o cinto de segurança pra descer do carro. Bean toca mais uma vez no seu braço. Não quer se invasivo logo de cara, mas não tem mais muito controle sobre suas emoções.

- Sei que corro o risco de ser rejeitado, mas posso fazer uma coisa que estou com vontade de fazer desde a primeira vez que te vi?
- Como assim?...

Ela não tem nem tempo pra pensar em que tipo de coisa ele está com vontade, porque Bean simplesmente enterra os dedos entre os cabelos dela e a puxa pela nuca, colando seus lábios com força.

Nem ele imaginava que iria fazer isso, mas agora estava feito, não tinha como voltar atrás.
Ela resistiu um pouco, resistiu daquele jeito de quem quer mesmo é ceder.
E logo Bean ganha aquele jogo. A boca de Kanya se abre dando passagem para língua dele, e sente que é bem nesse exato momento que perdeu todo e qualquer restrição que ainda podia ter sobre o que sentia por aquele homem.

A mão dele aperta com certa força a cabeça dela, prendendo cada vez mais Kanya em um beijo que não é nada suave, ele geralmente é delicado com as mulheres, mas dessa vez não pode deixar de ser voraz, morde os lábios dela, brinca com sua língua e sente que o gosto da boca dela o está enlouquecendo.

O que ele estranha é que acontece o mesmo com ela, Kanya retribuiu o beijo não com suavidade como qualquer mulher sempre faz com ele, mas é na mesma intensidade que ele a  beija e isso o deixa com muito mais vontade de levar isso adiante.

Tudo naquele beijo é tão quente que ambos não conseguem sair dessa atmosfera de desejo.

A mão livre de Bean sobe pela coxa dela e é nesse exato momento que Kanya resolve dar ouvidos ao alarme que dispara dentro da sua cabeça.

- Tenho que ir- ela sussurra ofegante quando consegue separar os lábios dos dele.

Bean se afasta com relutância, já estava até se sentindo animado, achando que essa noite não voltaria sozinho para casa.
Mas Kanya abre a porta e sai do carro apressada e foge.

- Vai me responder?
Ele balança o celular no ar enquanto se olham pela janela do caro.
- Claro que vou.
Ela vira e corre para a entrada do apartamento.

Bean fica ali observando aquela cena e não pode deixar de pensar em quanto aquela mulher é fofa.

************

Nos dias que se passaram Kanya e Bean tem se falado o tempo todo, de manhã,  antes de dormir, as vezes no almoço.
Falam sobre diversos assuntos, seus interesses pessoais, coisas bobas do dia a dia, o restaurante o escritório. Tudo é assunto para eles e trocar mensagens e telefonemas começa a se tornar rotina.

O único problema é que Kanya sempre arruma uma desculpa aqui ou ali para não se encontrarem pessoalmente.  Mas Bean está morrendo de vontade de ver ela, falar,  tocar, beijar, acha que o motivo da recusa de Kanya é por que ela é muito tímida e até isso ele acha fofo.

Com ela, ele acha que nunca vai demonstrar o lado ruim, só aquele lado bom. Mas precisa pensar em um plano para convencê-la a ir em um encontro, precisa dar um jeito de estarem a sós.

De outro lado Kanya não comentou nem com Yiwaa nem com Fort sobre isso que está acontecendo entre ela e Bean. Na verdade tem medo de que eles lhe deem o conselho de que é melhor se afastar dele.

Até ela sabe que é mesmo melhor se afastar dele. Mas quanto mais próximos eles ficam, menos ela quer desistir.

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