Nos pertencemos

53- Presa com um demônio

- Sua maquiagem anda muito forte ultimamente.

Yiwaa comenta, um pouco antes de Kanya pegar as coisas pra sair. Um carro da empresa já esta esperando ela lá em baixo.

- Tinha umas marcas ainda da surra.

Kanya fala meia verdade, prefere esconder o fato de que chora toda noite até pegar no sono.
Chora pelo ódio e nojo que o próprio pai sente por ela e chora por Bean ter despreza ela. Chora principalmente por si mesma, por não saber se está ou não no caminho certo. E fazendo as escolhas corretas.

Chorou assim na primeira vez que apanhou na rua, todos os dias até a dor desaparecer. Queria que dessa vez a dor sumisse logo e nunca mais ver o pai, mas Bean, bom o veria hoje de novo, e ele provavelmente viria de sarcasmo e violência pra cima dela outra vez. Já estava se preparando pra isso. Ninguém iria subjuga-lá novamente, e se Bean quisesse fazer isso, teria que usar aquela maldita arma.

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Dois dias, o evento era para comemorar a meta atingida pela empresa, estavam em um resort que foi fechado só para receber os associados da empresa e alguns convidados VIP que eram clientes já a bastante tempo. Nisso incluía Bean que além de fornecer o buffet, tmbm era cliente.
Kanya como não podia fazer muito por causa do braço. Ficou com a tarefa de supervisão de algumas atividades,  junto com outra secretaria, e da cozinha.

O evento ia durar dois dias.
A manhã correu tranquilamente,  Bean e Kanya só se viram de longe poucas vezes.

Kanya na verdade acabou tendo outras surpresas um pouco depois do almoço. Um adolescente se pendurou no seu pescoço a abraçando com força.
Ela surpresa ficou sem reação.

- Preeen- ele sussurrou no ouvido dela.

Kanya se assustou com isso empurrou o garoto pra olhar no rosto dele
- Thahan...
Ela voltou a abraçar ele forte e sorriem juntos.

- Nossa como você está bonita
Ele pisca pra ela assim que se soltam.

-Não fique brava com Fort, ele me falou que você estava trabalhando com ele.
- Claro que não fico brava. Você não é qualquer um.
Ela sorri com alegria pela primeira vez em dias ao ver que o adolescente a aceita tão bem.

Os dois conversaram animadamente por algum tempo, logo depois Thahan disse que ia se juntar a família e Kanya foi verificar o salão para a palestra que teria dali um pouco.

Algumas cadeiras estavam fora do lugar certo e ela foi tentar movê-las. Uma mão surgiu por trás dela e  levantou com facilidade a cadeira a movendo. Ela sabia quem era só pelo perfume, ele estava atrás dela, o corpo dela não tocava o dele, mas ela podia sentir o calor de Bean. Seu coração disparou no mesmo instante. Ela tinha até medo que ele pudesse ouvir seus batimento cardíaco acelerado.

- Você está enganado adolescentes agora?... - Ele Sussurrou no ouvido dela.

Quando? Desde quando ele estava observando ela? Como ela não viu isso?

- Com tanto que não seja você, não me importo com a idade.
Ela escuta a risada de Bean, mas ele parece estar de mal humor,  mesmo rindo.

- Você gosta mesmo de provocar quem pode acabar com você apenas com um dedo, não é?

Ele puxa o cabelo dela, não com muita força, fazendo com que Kanya levante o rosto.
Estão próximos e ele consegue ver bem o pescoço dela agora, chega a morder os lábios pra resistir ao impulso de morder aquele pescoço que parece que é um convite pra sua boca.

- Eu preciso trabalhar agora, se quiser me bater, me matar, me humilhar,  vamos marcar para mais tarde.
Ela dá uma cotovelada nele e se livra das mãos de Bean aproveitando que ele fica muito surpreso com a ousadia.

"Ela quer mesmo morrer..."

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O dia chega ao fim, depois do jantar a maioria se recolhe para seus quartos para descansar.
Kanya fica algum tempo conversando com Boss, Fort e Thahan. Depois que eles também se vão,  ela vai verificar mais algumas coisas antes de ir dormir.

Não muito longe  da área dos quartos no resort, fica um galpão onde guardam algumas decorações e móveis para os eventos. Ela está terminando de verificar se tem tudo que precisa para o dia seguinte quando sente um cheiro de cigarro.

Não é difícil achar o homem fumando próximo a entrada do lugar.

- Bean, você está me seguindo? Quer mesmo me machucar?
Ele olha pra ela surpreso.

- Estava andando pelo lago e parei aqui pra fumar, você acha mesmo que não tenho coisa melhor pra fazer? E que graça que tem em seguir você por aí? Acho que devia se olhar melhor no espelho, agora que sei a verdade, nem imagino o que vi em você antes.

Kanya suspira, está com raiva. Bean não perde a oportunidade de tentar humilha-lá.
- Ótimo.

Responde enquanto tenta empurrar um carrinho com alguns vasos de flor.
Bean toma o carrinho da mão dela.

- Pra onde?
- Não preciso da sua aju.....
- Quem disse que faço qualquer coisa por você? Esse evento é do meu amigo. Se eu ajudar é por ele. Também não posso deixar uma pessoa descuidada como você arruinar as coisas.

Ela revira os olhos, está com um desejo louco de meter a mão na cara dele, mas se controla.

- Lá nos fundos, eu te mostro onde.

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Um dos funcionários do resort está passando e verificando todas as áreas. Ele é responsável por manter tudo trancado no período da noite. As luzes geralmente permanecem mesmo acessas e como nesse horário não tem ninguém andando por esses lados, o rapaz bate a porta e passa o cadeado.

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- Tenta de novo Bean.
- Você é idiota? Qual parte não entendeu que está trancada por fora? Meu celular está no quarto, tenta chamar alguém com o seu.

Ela olha o aparelho desligado, suspira triste.

- Está sem bateria, não carreguei ele hj e o dia todo estou usando.
- Aaah que maravilha.

Ele dá um chute com toda força na porta, oq faz ela dar um passo atrás, está com medo agora,  parece que vai passar a noite toda presa com um demônio...
Bean definitivamente quer fazer um estrago naquele galpão agora.

"Que diabo de situação ridícula é essa?"

Uma das veias no pescoço chega a saltar. Ainda se controla por que o evento é de um amigo, e está muito longe do seu território, se não fosse por isso quebrava tudo, podia pagar mesmo depois.

Olhou de canto de olho pra Kanya que se senta desanimada em uma poltrona. Aquela noite ia ser bem longa...