Nos pertencemos

72- Decisão

Já tinham se passado algumas semanas desde o casamento e nenhum evento tinha vindo perturbar a paz de Kanya e Bean, até nos negócios tudo parecia ter dado uma trégua.

Eles viviam bem todos esses dias, de dia trabalhando a noite matando as saudades nos braços um do outro, nunca era igual, nunca era tedioso, nunca era rotina, cada momento era diferente, era único.
Mas Bean ainda tinha uma questão que precisava cuidar com Kanya, ele queria que todas as feridas dela cicatrizassem e que todos os sonhos que ela tinha se tornassem reais.

Os dois estavam deitados em uma grande esteira no jardim, cheia de almofadas, Kanya parecia dormir nos braços de Bean, era fim de tarde e estavam aproveitando os últimos momentos de sol.

- Está acordada?
- Huum... - A voz dela era sonolenta.
- Precisamos conversar.
- Fale...
- Queria falar de algo serio e difícil. Você sabe como é a minha vida, amanhã ou depois eu posso levar um tiro por aí.
- Por que diz isso?

Ela abre os olhos, mas não se atreve a levantar os olhos pra ele, continua com a cabeça apoiada em seu peito.

- Eu sei dos seus sonhos, não só sobre a mudança que quer fazer, sobre lecionar também. O quanto de vezes tentou e o quanto de vezes foi rejeitada. Eu sei que aqui essas duas coisas vão ser difíceis pra você. Então eu já preparei tudo.

Kanya se levanta bruscamente, se sentando e olhando seria pra ele, Bean também se senta, leva a mão ao rosto dela e faz carinho de leve.

- Quer que eu vá para outro país?
- Sim, quero que você tenha oportunidades que aqui são difíceis de ter. Quero que seu sorriso seja completo, que esqueça toda dor que teve nesse lugar, com o passado, comigo, com sua família.

- Por que está me afastando?
Kanya sente o rosto quente, mas não se atreve a derramar as lágrimas.

- Nunca eu te afastaria. Você é o meu coração. Eu quero te ajudar a ter as melhores oportunidades de ser realizada de ser feliz por completo.

- Por isso não me pediu com palavras em namoro? Por isso vivemos juntos sem eu saber se sou ou não sua namorada? Por que pretendia me mandar pra longe?

- Princesa por favor...
- Quando eu vou?- kanya está chorando agora, e pra emoção não falar mais alto prefere ser objetiva em suas palavras.
- Preparei as coisas para depois de amanhã.
- Quem vai comigo?
- Liah e a governanta, sei que se apegou a elas. Elas aceitaram o trabalho e a viagem.

Ele não consegue desviar seus olhos dos olhos cheios de lágrimas dela. E sua mão não consegue deixar de fazer carinho no rosto dela.

- E o meu trabalho?
- Já falei com Fort.
- Por quanto tempo eu vou?
- Talvez dois anos, você pode se especializar, já está matriculada, já tem a casa, já tem tudo. Tenho alguns contatos e você pode começar a lecionar daqui um ou dois meses. Já consultei os locais mais adequados e você pode seguir com o acompanhamento para a cirurgia. Tenho mais dois homens que vão com vocês para garantir sua segurança e sei que você pode falar outras línguas fluentemente.
- Você é bem meticuloso mesmo quando investiga a vida de alguém.

Kanya se levanta, Bean a segue.

- Calma princesa, vamos terminar de conversar.
- Converse sozinho, continue decidindo tudo sozinho, eu vou fazer minhas malas.

Ele a abraça com força por trás.

- Será que você não percebe o quanto eu te amo? Não sabe como é difícil isso pra mim. Existe tantos meios, telefone, computador, carta, nem um dia vamos deixar de nos falar. Você vai poder se curar, mudar, melhorar e vai poder escolher se depois de tudo isso vai querer voltar a estar em um ambiente como esse aqui. Mas mesmo que não queira, mesmo que se encante com a vida pacífica longe daqui, longe de mim, esse amor que sinto nunca vai mudar. Eu só quero a felicidade da minha pessoa.

Bean segura ela forte, mas sente os soluços balançando o corpo de Kanya.

- Por favor me deixe ir fazer minhas malas...

Ele não quer soltá-la, mas afrouxa o abraço, Kanya só entra em casa sem olhar para trás.