54- Instinto

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A noite pelo jeito seria longa...

Bean já cansou de tentar abrir a porta, após chutes, soco e ataque de fúria nada havia acontecido. A única alternativa seria aguardar até o amanhecer.

Mas estar ali, no mesmo ambiente que aquela pessoa deixava Bean extremamente desconfortável, ele estava um pouco confuso com o que realmente sentia, mas com certeza não queria tirar a dúvida fazendo seja lá que for com Kanya.

Ele resolve se sentar em uma poltrona mais afastada, no outro canto do galpão, ele sente que Kanya o segue com os olhos mas não ousa encarar a pessoa, somente segue o seu caminho e resolve relaxar por ali mesmo.

Pega o maço de cigarro que estava no bolso e ascende um, traga forte e olha pro teto.

" Já entendi que estou pagando por todos meus pecados "

Bean sorri com o próprio pensamento e volta a fumar seu cigarro olhando para o nada.

" Esse homem acha que é um super-herói?"

Kanya só conseguia pensar nisso enquanto via Bean chutando e socando a porta, ele desistiu após alguns minutos e resolveu ir se sentar longe dela, ela o acompanhou com os olhos, e viu quando ele sorria com os próprios pensamentos.

" Onde eu estava com a cabeça pra gostar de um babaca assim "

A mulher se assusta quando vê que Bean está parado na sua frente, com uma expressão indecifravel no rosto, ele estava lá, parado, a menos de um metro de distância, ela não conseguia desviar o olhar de Bean, não sabia se sentia medo, estava aguardando a atitude do homem.

" Eu tenho uma divida e vou cobrar! "

Bean pensa e sorri indo em direção de Kanya que estava perdida em pensamentos esparramada na poltrona, e quando os olhos de ambos se cruzam o mundo para por um momento, Bean perde a noção do que havia ido fazer ali, ele está perdido na imensidão que era Kanya.

Ele por um momento perde o controle sobre o corpo e com uma mão segura a nuca de Kanya e a puxa com gentileza para sua direção, ele abaixa a cabeça e encontra os lábios da mulher, são macios, do jeito que ele lembrava, do jeito que ele sentia saudade.

Ele sente a tensão no corpo da mulher, ela não corresponde ao beijo, não abre os lábios, não toca nele, o que estava acontecendo? Bean estava confuso, mas não separa os lábios do de Kanya.

Um empurrão...

Bean sente o seu corpo ser vagarosamente projetado para trás, olha pra frente e vê Kanya com uma lágrima nos olhos e a mão na boca, com uma expressão de susto.

- Você... você... - Kanya limpa a lágrima

- Eu fiz algo que te desagrada? - Bean pergunta com dúvida na voz e no rosto

- Você passou o dia com piadas sobre mim, quase me matou, me humilhou e agora faz isso? - Kanya se levanta e vai na direção de Bean

- Ei ei calma princesa...

Bean e Kanya congelam

Bean por não acreditar no que acabara de dizer

Kanya por não acreditar no que acabara de escutar

Essas palavras, mexiam com ela de uma forma que não conseguia explicar... Mas o que ele estava tentando com aquilo? Uma aproximação? Casualidade?

Ela não tem tempo de concluir seu pensamento, sente o corpo de Bean colado ao seu, sente o perfume, o calor, o fogo, tudo junto naquele homem que ela até algumas horas atrás queria distância.

" Porque eu disse isso? "

Bean estava atonito com as proprias palavras, foi automatico, ele não sabia se queria ou não dizer, ou agir, ele sempre foi de seguir o seu instinto e nesse momento o seu instinto estava pedindo para beijar a pessoa a sua frente.

Ele não perde tempo, gruda o seu corpo ao de Kanya, com uma mão segura a cintura da moça e a outra coloca em sua nuca, ele puxa lentamente prás trás fazendo com que os olhares se cruzem novamente.

- Eu não vou fazer absolutamente nada que você não queira - ele sussura

- Porque? Você deixou claro que não gostava de "pessoas como eu" - ela diz com a boca, mas o coração gritando outra coisa

- Eu sinceramente não consigo te explicar agora - ele respira fundo e olha os lábios da moça - a única coisa que eu sei é que vou seguir meus instintos como sempre faço

Ela não teve tempo de negar, de recuar...

Os lábios se tocam novamente, mas dessa vez é diferente, a boca de Kanya se abre lentamente e recebe com bom grado aquela lingua quente, que exalava vontade.
As linguas se encontram, o sabor é quente igual aos corpos que estão grudados, a onda de calor que está passando por eles é tão densa que dá pra sentir no ar.

A mão de Kanya segura a cintura de Bean, ela já estava rendida naquele beijo, mas o pavor ainda a dominava internamente, não sabia qual seria o próximo passo do homem, por isso o receio ainda era maior que o desejo.

O beijo fica mais feroz, Kanya chupa a lingua de Bean, fazendo o homem sentir arrepios por todo corpo, ele segura com mais força o cabelo da mulher, ele conhece os seus instintos, mas lembra da "surpresa" que teve na noite anterior, mas... nem isso faz com que ele interompa o beijo, está gostoso, os lábios, a lingua, o cheiro de Kanya o deixava inebriado e ele queria aproveitar aquele momento.

Quando o ar lhes falta, os dois se olham, ambos não sabiam o que fazer a seguir, Kanya ainda com receio, Bean com desejos, mas não sabia o que e como fazer, ele nunca se envolvera com pessoas igual Kanya, ele definitivamente não gostava de homens...

" ela é uma mulher "

Ele se surpreende com esse pensamento, que não sabe de onde veio, mas lhe ascendeu ainda mais o desejo que estava sentindo naquele momento.

Bean definitivamente não tinha menor ideia de como fazer, se iria fazer, mas... Ele parecia mesmo disposto a seguir com seus instintos.

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