Gear estranhou a ligação de Bean durante aquela manhã, as coisas andavam muito tranquilas ultimamente, Kan estava trabalhando e Phat havia ido passar o dia com a mãe que ligou dizendo estar com saudades do filho.
- Gear eu tenho um trabalho pra voce - Bean diz com uma voz séria do outro lado da linha - mas me prometa que não vai perguntar nada, e vai fazer o que eu pedir.
" milagre não usou a palavra mandar "
Gear pensa e sorri sozinho
- Certo! Diga... Quem devo matar dessa vez?- Não Gear! - Bean suspira - Me escute primeiro.
Bean relata a Gear sobre a história de Kanya com o pai, sobre ele já ter a machucado e o medo que ele tem que isso aconteça novamente.
Ele explica que tem uma reunião importante e por isso não pode ir junto de Kanya onde ela estava indo.Gear escuta tudo muito atento, e extremamente surpreso com Bean querendo cuidar e proteger alguém; aquele homem sadico parecia mais frio que um iceberg.
- Certo, entendi tudo - Gear respira fundo - quer que eu siga ela pra ter certeza de que nada vai acontecer a ela nessa ida a casa do pai, é isso né?
- Você não é tão idiota o quanto eu pensava - Bean diz ironicamente - entendeu rápido!
- Bean! - Gear diz alto e em tom de fúria - Você tem tantos homens pra esse trabalho, porque me ligar? Sabe bem do que eu gosto de fazer!
- Eu te liguei por dois motivos Gear - Bean respira fundo - o primeiro é exatamente por saber o que você gosta de fazer e o quanto é vingativo, vai ser útil nessa situação provavelmente...
- Hum, e o que mais? - Gear diz sorrindo do outro lado da linha
- Eu entendi quando você disse que queria proteger alguém que ama - Bean suspira fundo - se algo acontecer a Kanya, eu não saberia como sobreviver!
- Quem diria, que a fera tinha um coração - Gear diz rindo ao telefone
- Gear, não brinque comigo! - Bean diz em um tom sério - Posso contar com você dessa vez?
- Claro sócio! - Gear ri da sua própria frase - afinal, trabalhamos juntos certo! E, se você quer proteger alguém que ama, vou te ajudar com isso.
- Certo, vou te mandar mais informações pelo LINE - Bean muda o tom da voz para mais sério dessa vez - eu conto com você Gear, não me decepcione novamente!
E desliga.
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Kanya está apreensiva, a cada passo que dava em frente ao portão de sua casa, o seu coração parecia que iria sair pela boca, ela estava tão nervosa que nem reparou que estava sendo seguida desde que saiu de casa.
Ela escuta os barulhos fortes de coisas quebrando vindo de dentro da casa dos seus pais e se assusta mais ainda, ela tem medo de ser machucada novamente, tem pavor de imaginar o rosto do seu pai a olhando com desprezo, mas principalmente sente medo pela mãe; Kanya iria proteger a mãe, tirar ela dali mesmo que para isso custasse a sua vida.
- Larga ela agora! - Kanya entra gritando quando vê o pai segurando pelos cabelos da mãe - solta a minha mãe seu covarde
- O que você está fazendo aqui seu ser desprezível - O pai de Kanya grita - Saia da minha casa agora, eu tenho nojo de olhar pra você!
- Filha... vai embora! - a mãe pede chorando com as mãos juntas - vai embora daqui.
- Cala a merda da sua boca - O pai de Kanya joga a mãe dela com força na parede e a faz cair sentada chorando - e você seu lixo, eu vou te matar agora.
O pai vai na direção de Kanya que permanece imóvel sem reação, a mãe vendo que a filha não reagia, tira forças quem nem ela sabia que tinha e corre na direção do marido o segurando pelas costas
- Não machuca a minha filha! - a mãe grita - me mata! Me mata mas deixe a minha filha em paz.
- Se é isso que você quer! - o homem está possesso de ódio - primeiro ela, depois você!
O pai tira da cintura um punhal e se vira pra cravar no peito de Kanya que não se mexe, mas a mãe ao ver aquilo entra na frente da filha de uma só vez e sente o punhal perfurar seu peito com toda força.
A mãe cai lentamente nos braços da filha, enquanto um homem desconhecido invade a casa atingindo o pai com um taco o fazendo cair de imediato no chão
Kanya grita, um grito agudo, desesperado, quem o ouvisse de longe choraria junto com a mulher, o sangue que sai do lado esquerdo do peito da mãe é incontrolável, ela vê a mãe subindo a mão lentamente e repousando sobre o seu rosto
- Minha filha, a mãe te ama mais que tudo nessa vida - os olhos da mãe vão se fechando lentamente - a mãe ama você Kanya!
O braço da mãe cai, pôde-se ver a alma se apagando enquanto olhava fixamente no olhos da filha e por fim parava de respirar.
Kanya gritava desesperada, a dor que ela estava sentindo naquele momento era inenarrável, ela não conseguia mais respirar de tanto que gritava.
- MAAAAAAAAAÃEEEEEEE... NÃO ME DEIXA, EU NÃO QUERO FICAR SOZINHA - Kanya gritava a plenos pulmões - ACORDA MAAAAÃE, NÃO ME ABANDONA AQUI.
Gear estava escutando alguns barulhos de fora que pareciam uma discussão, ele tinha demorado um pouco pra entrar pois Kanya havia trancado o portão quando passou pra dentro, ele precisou de um homem para abri-lo.
Quando ele enfim conseguiu entrar, viu um homem cravar um punhal no peito de uma senhora que protegia a filha; a única reação que Gear teve foi de acertar o taco com tanta força na cabeça do homem que o fez cair com o pescoço encima de uma mesinha de centro que estava com o vidro quebrado, Gear só conseguiu ver o pescoço quebrado e o sangue saindo de onde havia atingido com a pancada.
Os gritos da moça eram de doer a alma, Gear conseguia sentir a dor de Kanya, ele havia perdido os pais quando era mais novo, e ver a moça gritando mãe o trouxe lembranças que ele preferiria apagar para todo sempre.
Ele quer acalentar a moça, dizer que está tudo bem, mas entende o momento dela, ele mesmo sentindo dor no peito, permanece imóvel escutando os gritos cortantes de Kanya, que não acredita que acabara de perder a mãe.
- Vamos... Bean me pediu pra cuidar de você! - Gear chega próximo a moça com cuidado oferencendo a sua mão - Vamos fazer um enterro digno aos seus pais, nossos homens vão cuidar disso.
- Esse monstro não merece nada - Kanya diz apontando pro pai - ele não merece nada! Que apodreça no inferno.
Kanya apoia a cabeça da mãe com delicadeza no tapete da sala, da a mão a Gear e se levanta com a roupa coberta de sangue.
Gear acena com a cabeça para os homens que entendem rapidamente o recado.
Kanya não consegue ficar em pé, precisa da ajuda de Gear para guia-la até o carro.
- Vou te levar até Bean... - ele diz enquanto fecha a porta do carro para a moça e vai se sentar ao volante
Kanya encosta a cabeça no vidro do carro, olha a roupa e as mãos com sangue e pensa que nunca mais poderá ver a mãe novamente.
As lágrimas inundam seu rosto e o único barulho que se escuta é o choro fraco e melancólico da moça no banco de passageiro

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Nos pertencemos
FanfictionFIC DE NÚMERO 2 Um trisal que apareceu do nada na história anterior, ganhou uma estória somente deles 🤭 Um estudante, um mecânico e um aspirante a mafioso, o que os três podem ter em comum? Talvez nada, talvez tudo, uma história que começou ao aca...