64- Madrinha

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Bean se levanta e pega ela do chão, sabe o quanto ela ainda está tremendo e seu corpo está frágil e fraco.

Kanya não resiste nem protesta, só se deixa levar. Os dois se instalam em um dos outros diversos quartos que Bean tem naquela enorme casa. Depois que Kanya adormece ele vai cuidar de alguns negócios. Manda um dos subordinados dar um jeito em seu próprio quarto e pede que outro selecione algumas moças e até se forem um pouco mais velhas pra estar ajudando na casa diariamente a partir de agora.

Sente que Kanya precisa desse contato e isso vai ajudá-la a melhorar mais rápido. Uma casa cheia de homens frios pode ganhar um toque de calor.
Imagina que não pode mudar muita coisa em si mesmo pra ajudar Kanya,  mas pode adequar  coisas que são pequenas, mas podem fazer grande diferença pra moça.

Mal pode esperar pra ver ela cheia de vida novamente. Pelo menos a parte mais difícil já passou. Estar naquela relação é uma pequena dor de cabeça e uma incomodação, como ele mesmo havia dito pra ela antes, mas é um incomodo pelo qual passa com prazer. Assim que ela começar a se recuperar, vai ver sobre a  outra coisa que lhe prometeu.

Vai ser um período complicado. Por isso nunca quis uma família, mas não pode controlar o incontrolável,  Kanya riu da explicação sobre seu coração ser ela. Mas ele sentia exatamente isso. Sem Kanya nunca existiria um coração em Bean.

"Fique bem logo, princesa..."

Entra em seu escritório e começa a falar no telefone percebe o tom da própria voz mudar e sorri com o fato de que a mulher deitada lá em cima descansando tem o poder de despertar seu lado humano. E fica feliz ao constatar que é só com ela isso, por que agora está pronto para ir matar algumas pessoas que estão interferindo nos seus negócios com os carregamentos.

Um dos seus subordinados entra no escritório logo após ele desligar o telefone.

- Senhor temos mais alguns problemas.
- De novo a casa de apostas?
- Não, dessa vez é com a família do norte.
Bean suspira pesadamente

"Ratt..." seus pensamentos o levam a uma pessoa na qual ele não quer pensar, por que pensar naquele homem significa que uma antiga guerra está na iminência de recomeça...

*************

- Phat... você é daltônico ou é impressão minha?
- Impressão sua.

Phat ri com vontade até que Fort lhe da um soco no estômago de leve.

- Eiii
- Ei nada, é meu casamento, não um circo.

Boss que esta sentado não muito longe não interfere em nada, deixa os dois amigos discutindo sobre algumas cores e combinações para a cerimônia simples que eles estão organizando juntos.
Estão na agência a algum tempo, e Phat e Fort já discordaram várias e várias vezes, fazendo Boss ter um dia bem divertido. Phat era o padrinho e estava chateado por não terem avisado ele sobre o dia do pedido de casamento, Fort explicou que foi uma surpresa para ambos, mas o baixinho não queria saber, agora ele iria ajudar a decidir até o último detalhe desse casamento.

- Uffa a madrinha chegou...

Boss suspira de alívio os 3 se voltam para ver Kanya entrando com uma pessoa ao lado que lhe apoia pelo braço enquanto ela anda.

Eles não se viam já a bastante dias e os casal sabia por Yiwaa as coisas que tinham ocorrido com Kanya.
Ela parece abatida e ao andar com dificuldade, sabem que está ainda em um período de recuperação de todo trauma,  os dois sabem bem que ela se alimenta muito mal diante de situações tão adversas.

-Essa é Liah.

Kanya apresenta a desconhecida ao casal e a Phat.
A pessoa com o semblante um pouco mais maduro está vestindo roupas comuns. Mas está longe de ser comum. Fort conheçe bem seu amigo e as coisas que ele faz. Imaginou que se ele e Kanya estão juntos e depois de tudo que aconteceu, Bean não deixaria mesmo que Kanya andasse por aí sem proteção, só deixava Fort admirado o fato de o amigo ter escolhido uma mulher, e isso mostra que mesmo Bean ainda sendo Bean, ele tinha uma grande preocupação e empatia pelo sofrimento de Kanya.
Tanto Fort como Boss estão felizes por ela estar em boas mãos.

Liah ajudou Kanya a se sentar e saiu esperar lá fora dando privacidade aos 4. Phat voltou a acionar o modo decorador de festas, não demorou muito os 4 estavam rindo e falando sobre todos tipo de aranjos de flor, toalhas de mesa, lembrancinhas. Na parte da comida, Bean iria dar o buffet de presente de casamento os 4 só precisam decidir agora sobre o bolo. Essa era a parte preferida de Phat, quando vieram as amostras dos sabores, pareceu que tinha aberto as portas da felicidade pra ele.

Kanya estava se divertindo muito com o jeito fofo e descontraído de Phat. Agora que ela estava voltando a se alimentar direito e resolveu que precisava seguir em frente. Além de falar por horas com Yiwaa no telefone, tinha uma nova governanta na casa de Bean uma senhora muito amorosa que lhe transmitia muita paz.

Além dela agora tinha também Liah, não queria uma segurança a seguindo pra cima e pra baixo e até tentou argumentar com Bean. Mas quando viu o olhar bravo dele acabou cedendo. Fez Liah usar roupas normais, tinha até medo dela de terno. E aos poucos as duas estavam se entrosando um pouco mais. Pra completar Phat estava pedindo seu Line pra eles conversarem e manter contato, não só sobre o casamento.

Amigos, colegas, novas pessoas se juntavam a sua vida todos os dias. Algo no coração de Kanya fazia ela sentir que aquilo tudo era sua mãe, cuidando dela de onde estivesse...

Fort e Boss trocam olhares quando veem Kanya sorrindo enquanto Phat fala sem parar.

Boss aperta de leve a mão do noivo.
"Noivo"

A própria palavra lhe dá arrepios na espinha, nunca se imaginou nessa situação,  nem queria aliás, nunca nem pensou nisso, mas estava ali na sua frente um homem que fazia todos os seus padrões mudarem repentinamente. Estavam comprando uma nova casa, que iriam decorar juntos, estavam planejando férias que iriam tirar logo após o casamento juntos.

Juntos, já estavam juntos o tempo todo. Mas essas palavras adquiriram um novo valor desde que Kanya lhes deu um empurrãozinho para o pedido de casamento.

- Quando você casar eu posso te ajudar também.

Phat da essa sugestão pra Kanya, fazendo ela pensar sobre isso. Provavelmente Bean não é um homem que vai lhe propor em casamento. E pelas leis eles não podem se unir oficialmente, se fossem fazer teria que ser igual Fort e Boss. Se algum dia Bean cogita-se a ideia de casamento,  ela não poderia nem sequer dar filhos a ele.

Kanya abaixa os olhos, mas sente Boss tocar de leve no seu ombro. Parece que ele está adivinhando seus pensamentos.

- Existem vários tipos de famílias.
Ele diz e faz carinho no ombro dela.

Kanya sorri, existe mesmo, existe até uma família onde o Pai está acima das leis a mãe é uma trans e os filhos são a máfia. Kanya agora ri da sua própria piada. É estranhamente perfeita aquela combinação inusitada.

Seu humor volta ao normal, Phat lhe oferece mais uma colherada do bolo de nozes, não tem como ela resistir, ao bolo, aos amigos, a Bean e a voltar a sonhar em ser feliz...

*********

Dois carros pararam ao mesmo tempo em frente ao prédio da empresa de eventos. Ambos os motoristas se reconheceram imediatamente.
Bean e Gear desceram de seus carros e se encontram na calçada.

- Não acho que eles organizem casamento para mafiosos.
Gear fala descontraidamente.

- Ah fazem sim, só pelo medo de que se não fizerem eu posso colocar o lugar a baixo.

- Sua atitude continua adorável como sempre...
- Certas coisas não podem mudar nunca. Diferente de você, que finalmente deixou de ser um inútil.
- Sempre me provocando.
- É o que mantém a nossa chama acesa.

Os dois homens mesmo parecendo brincar um com o outro mantém um olhar sério em seus rostos.
Gear aponta para uma cafeteira do outro lado da rua.

- Vamos? Acho que as pessoas que viemos buscar ainda vão demorar um pouco pra sair. Precisamos conversar, não acha?
- Sim, precisamos conversar.

Bean responde em tom sério e atravessa a rua, com Gear seguindo logo atrás dele.

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