44- Arma

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Bean parece que de repente acorda de um surto.

Ele vê Kanya se ajoelhando com um braço imobilizado, não sabe o que sentir, o que pensar, como agir, ele quer sentir os lábios da moça novamente, ele estava sedento por aquilo, mas... ele não é esse tipo de homem, que abusa de mulheres ou...

- Levanta! - Bean solta a cabeça de Kanya e ordena

Ela permanece lá, de joelhos e agora de cabeça baixa.

- Eu mandei você levantar! - Bean diz mais uma vez, mas ele escuta um choro baixinho

- Me perdoa! - Kanya diz em meio às lágrimas - eu não quis te enganar... eu... eu ia contar tudo, eu estava tentando não te encontrar, eu...

-... - Bean engole seco, a imagem da moça de joelhos e cabeça baixa chorando havia feito o ódio sumir por alguns segundos

- Eu acabei me apaixonando por você - Kanya diz soluçando - eu... eu não sabia o que fazer... por isso não queria me encontrar com você... eu tinha medo

- .... - Bean ainda não sabe o que falar, o ódio que sentia por Kanya estava diminuindo a cada palavra da moça

- Eu sei... sei que não sou um tipo de pessoa que merece ser amada... sei que eu devo morrer - Kanya limpa as lágrimas com uma das mãos e levanta o rosto pra olhar pra Bean - mas se eu for morrer, que seja pelas mãos de quem eu enganei

Em um reflexo tão rápido Kanya se levanta e pega a arma que estava apoiada na mesa ao lado de Bean

Ele não teve tempo de reagir, nunca imaginaria que a moça fosse fazer isso, ele esperava tudo, menos isso.

Kanya pega a arma e coloca em sua cabeça

- Vamos... termina o que começou! - Kanya sorri com melancolía - você disse, que se me visse novamente iria me matar

- Solta essa arma! - Bean pede com um pouco de gentileza na voz - você vai se machucar.

- Eu não tenho mais nada a perder! - Kanya permanece sorrindo

Bean não sabe como reagir, a alguns minutos atrás queria disparar na cabeça da moça, mas... porque ele estava querendo impedir aquilo!?

- Ou então... - Kanya aponta a arma para Bean - Devo acabar com você primeiro? Já que me humilhou tanto aquele dia?

No momento que Bean ve arma apontada para si, ele se lembra que não havia puxado a tranca do gatilho, e a moça não parecia hábil com aquilo, ele se aproxima e deixa a arma a altura do seu peito.

- E isso mesmo que você quer fazer? - ele olha fixamente para Kanya - vá em frente! Faça. Eu não tenho medo da morte...

Kanya não sabe como reagir, a mão treme, sente as lágrimas voltando a cair em seu rosto, o coração dispara de uma forma que ela não consegue explicar.

- Porque você veio aqui? - Bean permanece com os olhos fixos no olhar apavorado de Kanya - queria se vingar de mim? Me matar? Ou... queria descontar sua raiva?

- Eu... - Kanya abaixa a cabeça, mas sente a mão de Bean levantar o seu queixo

- Olhe pra mim enquanto eu estou falando! - Bean em nenhum momento pensa em pegar a arma da mão de Kanya - O que você quer realmente? Que eu me apaixone por você? Que tenhamos um final feliz?

- Bean... eu - Kanya realmente não sabia o que pensar naquele momento, já que a única certeza que tinha era de que eles não ficariam juntos nunca.

- Kanya!

A moça treme ao ouvir seu nome da boca de Bean

- Eu nunca me envolvi com pessoas como você! - ele olha Kanya de cima a baixo - Eu me senti enganado!

- Me perdoe, eu...

- Por um momento - Bean da uma pausa - eu pensei realmente em te matar! Mas... olhe pra você, está desesperada.

Bean coloca a mão sobre a arma e abaixa lentamente até tirá-la de Kanya.

- Vá pra sua casa, descanse! - Bean determina

- Você... - Kanya ainda soluça - você vai me perdoar?

Bean sorri de forma maliciosa.

- Você quer mesmo o meu perdão? - ele coloca a mão novamente na nuca de Kanya e a aproxima ao seu corpo - acho que sabe o que deve fazer.

Kanya sente o seu coração se acelerar, como tudo parecia voltar a alguns minutos atrás tão rapidamente assim.

- Mas não agora! - Bean tira a mão da nuca de Kanya e deixa deslizar por seus cabelos - vá pra casa!

Kanya sente um alívio tão grande no peito que não sabe descrever, ela não estava entendendo exatamente o que tudo aquilo significaria mais adiante, mas, estava saindo viva da toca do lobo.

Bean não sabe explicar o por que tomou a decisão de voltar a sua palavra atrás pela primeira vez, mas... alguma coisa naquela pessoa o fazia pensar com mais clareza, ele não queria entender nada agora, foi para o balcão do bar, pediu um garrafa de whisky e despejou em um copo com gelo

"- Bean! O que está acontecendo com você?"

Ele pensa enquanto toma um grande gole já ascendendo um cigarro

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