09- Homem de um vilarejo distante

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- Então qual a sua decisão ?
- Eu quero ficar aqui chefe, vou cuidar do senhor Tony.
- Que bom ouvir isso Pharn, me mantenha atualizado sobre tudo que acontece com meu irmão,  deixo ele sob seus cuidados.

Gear desliga a ligação de seu subordinado e manda uma mensagem para um outro.
"Só interfira se ver que Pharn não consegue sozinho"
Suspirou profundamente, o irmão ainda era um problema, tanto aqui como nos Estados Unidos, Tony lhe causava preocupação e dor de cabeça.

Preferia ele perto, mas depois do que ele tentou fazer percebeu que o irmão precisava mudar um pouco de ambiente e se recompor. E só ficava mais tranquilo por que Pharn estava junto.
Viu os olhos e a postura do subordinado da vez que Tony quis se machucar com o estilete, nem por um momento o segurança os deixou conversar sozinhos, sempre grudado na porta, os olhos no Tony o tempo inteiro também.

Gear não era idiota,  talvez nem mesmo Pharn percebesse o quanto se sentia responsável e preocupado com o irmão menor de seu chefe. Mas Pharn tinha a mesma idade de Tony e Gear lembra até hoje do dia em que conheceu o rapaz.

Tinha sido esfaqueado em uma briga num bar, nada de muito grave,  mais o suficiente pra deixar ele um pouco mais lento, ainda podia dar conta dos caras com quem brigava claro, mas qual não foi sua surpresa quando um rapaz um pouco menor que ele e menos forte lhe puxou pelo braço e ficou entre ele e os outros homens.
Era meio óbvio que o rapaz ia apanhar enquanto tentava proteger um estranho esfaqueado. Mas a surpresa de Gear aumentou quando sozinho Pharn deu conta de todos os outros caras.
Logo em seguida quis dar uma carona a Gear até o hospital,  e isso lhe fez sorrir. Um corte de nada não ia lhe matar.

- Vai infeccionar P', eu conheço essas coisas.
Gear deu de ombros,  e riu, apenas agradeceu e pediu o número do rapaz pra poder recompensar ele mais tarde.
- Não quero recompensa P'. Mas se souber de algum emprego estou procurando em todos os lugares, me avise.

E se despediram. Não demorou a ferida mesmo bem cuidada infeccionou, Gear teve uma febre alta e foi parar no hospital. Lembrou de imediato de Pharn, o menino sabia de algumas coisas e se defendia muito bem também. Então Gear não pensou duas vezes e lhe ligou, daria a ele um trabalho.

Descobriu mais tarde que Pharn era órfão, cresceu com um tio que era médico em um vilarejo muito afastado de tudo. Aprendeu muito sobre medicina, e alto defesa, infelizmente não pode ir para uma faculdade estudar corretamente. 

Quando seu tio faleceu ele veio para a cidade procurando emprego como segurança e se sentiu feliz quando era exatamente isso que Gear tinha para oferecer a ele. Tinha passado muitos dias dormindo aqui e ali. Passado fome e frio. Mas o que Gear gostou no rapaz foi que ele contou tudo isso com uma boa expressão no rosto, então percebeu que era realmente forte aquele rapaz, não só por suas habilidades,  mas também por sua mente.

Desde então confiava em Pharn e não tinha ninguém melhor para ficar de olho no irmão. Mas claro que não podia deixar os dois tão novos sem nenhuma proteção,  então enviou em segredo outra pessoa para cuidar deles de longe. Queria dar ao irmão o máximo de liberdade possível.

Quando ouviu de Pharn que ele queria voltar, se assustou um pouco, por que sabia que esse garoto não era de desistir fácil. Seu irmão devia estar tornando a vida dele em um verdadeiro inferno pra ele não querer estar mais com essa missão.

Mas depois de saber o que aconteceu na noite passada pelo homem que estava vigiando os dois jovens e viu a briga no bar, esperou amanhecer lá nos Estados Unidos pra poder ligar e confirmar com Pharn se ele queria voltar ou não.
Inventou até uma desculpa de que não podia esperar até segunda. A decisão do mais novo lhe deu esperança de que Tony não era tão mal assim e mais que isso, talvez a convivência transformasse o irmão e o amadurecesse de uma vez por todas.

Ainda estava absorto nesses pensamentos sobre seu os garotos em outro país, mas logo sua mente o levou para outro lugar, como hoje era domingo talvez duas pessoas estivessem desocupadas e topassem um encontro.

Sorriu de forma maliciosa com várias imagens de dois homens que conhecia já a um pouco mais de dois meses e com quem se encontrava de maneira casual, surgindo em sua mente.

Esses pensamentos lhe traziam um calor gostoso no corpo. Mal podia esperar pra reencontra-los, faziam já alguns dias que não marcavam de se ver na outra casa de Gear.

Antes que ele pudesse pegar o telefone o próprio tocou... o número era desconhecido, mas mesmo assim atendeu.

A pessoa no outro lado da linha nem esperou ele dizer alô e já foi falando...
- Faz tempo que não nos encontramos, sinto que deve estar com saudades de mim.
- Quem?
- Seu bom amigo Bean...

Gear mudou a expressão na hora. Durante dois meses aquele homem tinha ficado em silêncio, sabia que mais cedo ou mais tarde esse dia chegaria, e agora o dia chegou...

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