06- Dias de Guerra

113 10 1
                                    


Meses depois ...

Pharn se segurou para não cair, tamanha era a força que Tony usou para empurrá-lo que foi bem difícil se manter em pé.

- Senhor se acalme!
- Senhor a minha bunda, quem é o seu Senhor? Gear esta por aqui? Se me considerasse seu chefe me obedecia, já mandei não ficar me seguindo para todos os lugares. As pessoas vão achar que você é meu marido.
- Senhor eu jamais...
- Cale a boca, já cansei de escutar o mesmo discurso que você me respeita e é muito homem e blá-blá-blá, você me cansa, sai da minha frente seu bastardo.
Tony entrou para o quarto batendo a porta atrás de si.

Era sempre assim quando ele bebia um pouco mais, homens e mulheres se aproximavam tentando tirar proveito e Pharn tinha sempre que intervir. O trazia arrastado de volta para o apartamento. Só estavam aqui a 2 meses e a rotina era sempre igual.

Nas aulas Tony ia bem, se dedicava, mas fora da sala de aula só queria saber de beber e ir as festas e bares.
Pharn o protegia de si mesmo o tempo todo, ou Tony não tinha aprendido a lição com Graf ou simplesmente não ligava para mais nada.

Pharn ainda estava de pé ao lado da porta quando ouviu um barulho dentro do quarto,  entrou imediatamente pra encontrar o chefe caído no chão e uma garrafa ao lado. Havia bebido mais com certeza.

Tentou ajudá-lo a se levantar e deitar na cama, mas a força com que Tony envolveu seu pescoço fez com que os dois caíssem em cima da cama. Tony estava fora de si, olhos fechados,  murmurava coisas inaudíveis. E os braços ainda presos ao redor de Pharn que tentava se livrar daquele abraço sem machucar o outro.

- Senhor...
- Cale a boca- Tony o puxou com força pela nuca, colando os lábios nos dele.

Pharn fazia força para se afastar, mas a mão de Tony travou na sua nuca, os dedos enterrados contra sua cabeça. Tony não era tão forte, mas conseguiu invadir a boca macia de Pharn com facilidade. O gosto do álcool parece ter enfraquecido Pharn, que deixou a língua pequena e quente invadir sua boca e se enroscar em sua própria língua, o beijo não durou muito.
Logo a força da pressão das mãos de Tony diminuiu e ele deixou a cabeça cair contra o colchão parecia dormir.

Pharn ficou parado olhando para Tony por alguns minutos, estava atordoado,  nunca tinha beijado um homem antes.
Tentava dizer para si mesmo que estava tudo bem. Que foi um acidente que aconteceu por causa do álcool.
Sua respiração estava ofegante e o coração acelerado.

Se sentou na cama para fazer o que sempre fazia, quando o outro estava bêbado, trocar suas  roupas e ajudá-lo a se deitar direito pra dormir.
Mas dessa vez estava sendo difícil fazer isso. Abriu os botões da camisa, mas parecia que era errado o que estava fazendo.
Desceu as mãos para abrir o zíper e retirar as calças de Tony.
Mas ali travou.

Tony tinha um corpo bonito, Pharn passou a língua nos próprios lábios já secos logo em seguida engoliu em seco também.
Tinha algo muito errado acontecendo com sua mente, e com seu corpo. Deixou Tony do jeito como estava mesmo e foi tomar um banho para dormir, derrepente se sentia muito quente.

"Deve ser o clima desse pais"

Pensou Pharn já debaixo do chuveiro.  A água corria, a sensação dos lábios de Tony tocando os seus permanecia vivida em sua memória.
Por um segundo baixou as mãos entre as pernas, mas ao se tornar consciente do que estava fazendo se assustou.

" Que diabos esta acontecendo comigo?"

Mudou a água para o modo frio e ainda assim a água parecia quente, ou era sua pele que estava queimando?

**********

- Por que não me trocou ontem a noite? Não entrou no quarto pra verificar se eu estava dormindo, como você faz todo santo dia?

Tony falava muito baixo, uma mão na cabeça, cotovelo apoiado na mesa posta para o café da manhã. Estava com enchaqueca.
Pharn estava na mesma posição de todos os dias, de pé ao lado da mesa. Tony jamais o convida pra comer juntos.

- Não lembra de nada Senhor?
- Não! Se eu lembrasse não estaria perguntando.
- Eu não entrei Senhor,  achei que estivesse dormindo.
- Ok..

Quando não estava bêbado, Tony não o xingava nem brigava. Só levantava. Fazia as tarefas do dia a dia, ia pra faculdade. A noite que começavam os problemas,  quando ele queria sair sozinho e beber.

O telefone de Pharn tocou e ele saiu da cozinha para atender.
- Olá Senhor.
- Como vão as coisas Pharn? E Tony?
Gear ligava quase todas as manhãs.
- Bem durante o dia, a noite gosta de beber o Senhor sabe.
- Está bem, continue de olho nele e me mantenha informado.
- Senhor me desculpe, mas posso pedir pra voltar pra casa? Se o senhor concordar, envie outra pessoa para olhar o senhor Tony.
- Por que disso agora?

Pharn não queria mentir para Gear, mas era necessário.

- Saudades da Tailândia, e aqui todos falam inglês, eu entendo muito pouco. Não estou me adaptando.

Como ele podia dizer da guerra diária que tinha com Tony, toda vez que o rapaz bebia?... Como ele podia contar do que sentiu quando o seu chefe lhe beijou ontem a noite? ...  Como ele podia manter a promessa que fez para Gear de que não tinha outras intenções com seu irmão?

- Vamos fazer assim, você fica mais esse fim de semana. Se na segunda ainda sentir que não tem mesmo jeito de permanecer aí, me diz e eu mando outra pessoa.

Pharn gostava do país, estava estudando secretamente a língua e já entendia bem o inglês,  estava totalmente adaptado. O problema era aquela maldita reação do seu corpo na noite passada.

Saiu do quarto onde foi atender o telefone e procurou por Tony, não o estava encontrando em lugar nenhuma. Ficou preocupado, era sábado, não tinha aula e Tony tinha escapado da sua vista.

Pharn correu porta afora para procurá-lo. Hoje com certeza seria mais um dia de guerra entre os dois...

Nos pertencemos Onde histórias criam vida. Descubra agora