| A ÚLTIMA AULA |

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Suas pernas só sabiam correr em direção às escadas para o dormitório, mas a sorte realmente não estava com ela aquele dia, nem um pouco.

No terceiro degrau a voz estridente familiar lhe interrompeu por entre os alunos que começavam a se dispersar.

— Laura! Pare imediatamente!

Ela fechou os olhos, soltou o ar e virou-se lentamente para a senhora.

— Sim, diretora.

— Estávamos indo atrás de você agora mesmo, que bom que nos encontramos.— Um sorriso tosco estampava e se estendia por suas bochechas marcadas por linhas de expressão.

Ao se aproximarem, Laura apertou o livro que só ali havia se lembrado de que carregava consigo.

— Estamos recolhendo alguns depoimentos e precisamos do seu— Disse o delegado.

— É que eu estou atrasada pra aula do...

— Agora, venha.

O casal de senhores foi na frente enquanto a aluna estranhou o policial loiro segurar seu braço.

— Eu sei o caminho, me larga.— Puxou o membro superior se livrando do homem.

Seu coração quase saia pela boca em cada degrau que subiam, tentava se lembrar de onde exatamente havia largado os bilhetes. No chão? No banheiro? Na porta? No...— Sobretudo.— cochichou ao se lembrar.

Seria fácil, ela chegaria no quarto e tentaria de qualquer forma fazer com que a peça passasse despercebida. Ao pensar no seu professor machucado teve a sensação de que não seria tão simples afinal.

        
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Página 21 FRAGMENTOS

Estamos estampados em todos os jornais, que maravilha, não, sério mesmo eu sempre quis ser famosa.

É maravilhoso ser reconhecida na rua ou no trabalho e ser xingada por uma coisa que você não fez! Será que você consegue sentir a ironia? Não sei.

Eu fui demitida hoje, e a culpa nem foi minha.

Foi dele, dela, deles.

Existe uma coisa muito louca na política brasileira que é: todo mundo peca e come a maçã, mas ninguém assume a culpa ou se arrepende e então apontam alguém pra pagar o pato.

Eu não sou de guardar rancor, mas hoje eu fiz a minha delação premiada.

Tranquei a porta e me entupi de energético,
Ele não vai chegar muito contente em casa, é melhor não dormir.

                            ... ... ...

— Ainda acho que deveríamos estar indo pra lá.

— E dar na cara que estamos tendo um acordo? Não Ian, tenho uma ideia melhor.

— Seus alunos vão sentir sua falta, está... — Olhou o relógio de pulso enquanto andavam apressados pelos corredores já vazios.— cinco minutos atrasados.

— É por isso que você vai até lá e vai distrair todos.

— E você? O que vai fazer?

Pararam ofegantes, Bill olhou ao redor e depois para o rosto do amigo — O delegado socou o seu rosto?

— Não, ele não. Foi aquele cachorrinho de estimação dele, o policial. Se fez isso comigo imagina o que...

Ele não terminou a frase, franziu o rosto e tensionou o maxilar.