— O que era esse contrato... e porquê os professores assinaram?— Dava quase pra esquecer de tudo pela exaustão do corpo, dos nossos corpos no chão da biblioteca gelada. Vi o peitoral desnudo subir e descer recompondo a respiração e seus olhos perdidos em algum lugar do teto exageradamente alto.
— É um contrato de confidencialidade,— respondeu enfim — quando Rose morreu e todos ficaram sabendo foi aberta uma investigação, como acontece em qualquer morte de causa não natural, a perícia concluiu que o carro apresentava um problema nos pneus, estavam soltos na hora do acidente.
— E daí?
— E daí que foi Ian quem soltou.— Me sentei num impulso, seu rosto voltou a me perceber sob a fraca luz do abajur caído minutos atrás — ele tinha pego o carro horas antes e isso foi determinante pra culpá-lo.
— Essa foi a única prova que tiveram? Ele pegou o carro e foi condenado? — Erguia as sobrancelhas involuntariamente, tudo naquele lugar era estranhamente mal investigado e aquilo me dava nojo. Peguei meu sutiã que se encontrava jogado não muito longe.— Incrível como as coisas se resolvem rápido em Oxford.
Peter segurou meu pulso, e quando olhei seu rosto pálido mesmo mal iluminado tive a impressão de ter visto sua pálpebra vacilar — Laura, ele estava com raiva e com o ego ferido, ninguém mais teve acesso ao carro além dele.— Houve uma pausa de entre-olhares, como se lembrasse que ainda me tocava, ele soltou abaixando um pouco a cabeça.— Desculpa.
— E Bill? Matou Mary também?— Já de pé, continuei a me vestir rapidamente, custava a acreditar que tinha feito um acordo com um assassino e um fumante duvidoso. Começava a me questionar se realmente não era coincidência demais a presença dos dois no dia da morte de Beatriz. Me sentei na cadeira pra calçar minhas botas, Peter se levantou o que me fez lembrar do quão alto ele era.
— Ah o Bill... — Ajeitou a camisa social no corpo e começou a abotoar, seria a última vez que veria aquele abdômen.— não satisfeito com tudo, ele seduziu Elisabeth.
— Pode parar, — Balancei a cabeça negativamente — o que ele ganharia com isso?
— Conseguiria uma brecha pra ver Mary talvez? Eu não sei Laura — Peter riu rapidamente antes de pegar seu sobretudo e limpar os óculos — Vai saber o que se passa na cabeça de gente doente.
— Porquê então ainda estão dando aula em Christ Church? Elisabeth deixou que o assassino da filha dela e um louco oportunista saíssem assim dessa história? Sem pagar por nada?— Soltei uma risada sem humor algum e vestindo meu casaco me dirigi as escadas, tinha que sair dali urgente.— Até parece que aquela velha deixaria as coisas baratas, essa história é tão absurda que vou fingir nunca ter ouvido.
Ouvi os passos dele no piso de madeira logo atrás de mim, tinha pressa e não pararia por nada até sair daquela biblioteca. — É exatamente por ser absurda que existe o contrato, — Respondeu, continuei a descer as escadas — A diretora encobre tudo que possa manchar a reputação dela e daquele colégio, o que as pessoas diriam se soubessem o que ela faz por debaixo dos panos?
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| A ÚLTIMA AULA |
FanficExtremamente realizada com a vaga na universidade de Oxford, Laura vê sua oportunidade de ouro escorrer pelos seus dedos quando sem querer, se envolve num assassinato em seu primeiro dia de aula. Para provar sua inocência, ela conta com a ajuda de...