22.

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— O que era esse contrato

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— O que era esse contrato... e porquê os professores assinaram?— Dava quase pra esquecer de tudo pela exaustão do corpo, dos nossos corpos no chão da biblioteca gelada. Vi o peitoral desnudo subir e descer recompondo a respiração e seus olhos perdidos em algum lugar do teto exageradamente alto.

— É um contrato de confidencialidade,— respondeu enfim — quando Rose morreu e todos ficaram sabendo foi aberta uma investigação, como acontece em qualquer morte de causa não natural, a perícia concluiu que o carro apresentava um problema nos pneus, estavam soltos na hora do acidente.

— E daí?

— E daí que foi Ian quem soltou.— Me sentei num impulso, seu rosto voltou a me perceber sob a fraca luz do abajur caído minutos atrás — ele tinha pego o carro horas antes e isso foi determinante pra culpá-lo.

— Essa foi a única prova que tiveram? Ele pegou o carro e foi condenado? — Erguia as sobrancelhas involuntariamente, tudo naquele lugar era estranhamente mal investigado e aquilo me dava nojo. Peguei meu sutiã que se encontrava jogado não muito longe.— Incrível como as coisas se resolvem rápido em Oxford.

Peter segurou meu pulso, e quando olhei seu rosto pálido mesmo mal iluminado tive a impressão de ter visto sua pálpebra vacilar — Laura, ele estava com raiva e com o ego ferido, ninguém mais teve acesso ao carro além dele.— Houve uma pausa de entre-olhares, como se lembrasse que ainda me tocava, ele soltou abaixando um pouco a cabeça.— Desculpa.

— E Bill? Matou Mary também?— Já de pé, continuei a me vestir rapidamente, custava a acreditar que tinha feito um acordo com um assassino e um fumante duvidoso. Começava a me questionar se realmente não era coincidência demais a presença dos dois no dia da morte de Beatriz. Me sentei na cadeira pra calçar minhas botas, Peter se levantou o que me fez lembrar do quão alto ele era.

— Ah o Bill... — Ajeitou a camisa social no corpo e começou a abotoar, seria a última vez que veria aquele abdômen.— não satisfeito com tudo, ele seduziu Elisabeth.

— Pode parar, — Balancei a cabeça negativamente — o que ele ganharia com isso?

— Conseguiria uma brecha pra ver Mary talvez? Eu não sei Laura — Peter riu rapidamente antes de pegar seu sobretudo e limpar os óculos — Vai saber o que se passa na cabeça de gente doente.

— Porquê então ainda estão dando aula em Christ Church? Elisabeth deixou que o assassino da filha dela e um louco oportunista saíssem assim dessa história? Sem pagar por nada?— Soltei uma risada sem humor algum e vestindo meu casaco me dirigi as escadas, tinha que sair dali urgente.— Até parece que aquela velha deixaria as coisas baratas, essa história é tão absurda que vou fingir nunca ter ouvido.

Ouvi os passos dele no piso de madeira logo atrás de mim, tinha pressa e não pararia por nada até sair daquela biblioteca. — É exatamente por ser absurda que existe o contrato, — Respondeu, continuei a descer as escadas — A diretora encobre tudo que possa manchar a reputação dela e daquele colégio, o que as pessoas diriam se soubessem o que ela faz por debaixo dos panos?

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