- Se falar pra alguém...- Arrastou o polegar na garganta simulando um corte.
Ameaçou o garoto que assistia da sua maca ela arrancar a agulha de soro do braço e procurar as suas roupas.
- Não conto pra ninguém se me mostrar os peitos.
Laura olhou o pirralho de treze anos e lhe mostrou o dedo do meio - Vê se cresce primeiro ô pivete.
Pela janela escura deu pra perceber a noite fria, a garota precisava sair do quarto de hospital que a incomodava a cada segundo. Sem êxito em encontrar seus pertences ela decidiu
pegar as roupas de alguém de outro quarto, o piso gelado invadiu seus pés e sentiu a cabeça pesar logo no primeiros passos.Quando Laura acordou, soube exatamente o que tinha acontecido e porquê estava ali, mas tinha ciência também de que em Londres hospital era pago e não iria pagar uma fortuna, além de que estava muito exposta a qualquer um que entrasse, dada as circunstâncias isso era mais importante pra ela do que o dinheiro gasto e os dedos enfaixados com gaze.
- Escuta garoto, você tem boné? Sei lá, chapéu? - Usou a mão pra tapar a luz do quarto dos olhos. Do outro lado sentado, ele se inclinou numa mesinha com uma bolsa feminina provavelmente de sua mãe e tirou de lá uma toca.
- Serve?
Laura suspirou - Não.
- Bom, não é problema meu.
- Você é bem irritante sabia?
- E você é folgada, mas é gostosa.- Guardou a toca de volta na bolsa.
- Deixa a sua mãe ouvir isso.- O semblante convencido se desmanchou aos poucos e ela riu baixo - Ficou com medinho, né? Relaxa pirralho, não vou falar nada.
- Não tô com medo!
A porta se abriu interrompendo breve conversa. Quase dois metros de altura cobertos por um sobretudo escuro e cachecol entrava no quarto branco, o click da maçaneta cortou o silêncio e então ela se viu encarando a face séria já tão familiar, os olhos verdes cercados de olheiras que secavam a sua alma em dois segundos de contato. Seu professor, Bill.
Ouviu-se um arrastar de lençóis, era o garoto afundando na cama.- Pra onde vai?
O tom foi grave, igual ao tapa que ele recebeu.
Os dedos dela arderam enquanto os dele tocaram a bochecha agredida, em pouco tempo o vermelho foi aparecendo, Laura assistiu o homem se recompor lentamente, respirar e por fim encarar algum ponto na altura de sua visão.- Posso saber ao menos o motivo?- Mentiu pra mim.
- Quando menti? - A forma como conduzia as frases sem esboçar reação irritava a jovem ainda mais, e mesmo que doesse inclinar a cabeça pra olha-lo, fazia questão de continuar.
- Ian disse que o fogo que VOC...
- QUE FOGO...- Ele aumentou a voz lhe lembrando que não estavam sozinhos alí. - que fogo, Laura?
As sobrancelhas franziram levemente repreendendo sua aluna.
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| A ÚLTIMA AULA |
FanfictionExtremamente realizada com a vaga na universidade de Oxford, Laura vê sua oportunidade de ouro escorrer pelos seus dedos quando sem querer, se envolve num assassinato em seu primeiro dia de aula. Para provar sua inocência, ela conta com a ajuda de...