25.

174 27 5
                                    

Quando o sol deu seus primeiros raios de luz sobre a cidade universitária, atravessando timidamente as nuvens e a janela do quarto das jovens, Laura se dava conta de que não havia pregado os olhos nem por dez minutos

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Quando o sol deu seus primeiros raios de luz sobre a cidade universitária, atravessando timidamente as nuvens e a janela do quarto das jovens, Laura se dava conta de que não havia pregado os olhos nem por dez minutos.

Passara a noite pondo as atividades em dia, lendo a Divina Comédia que Bill havia pedido, respondendo questões da aula que perdeu de Ian, e várias outras afetadas pela acusação errada de assassinato, ela constatou então que sua vida acadêmica estava um fiasco.

Coçando a pálpebra deu um descanso para os olhos que já ardiam sob a luz fraca do abajur junto ao raiar da manhã. Se aquele fosse seu único problema ainda ficaria contente, não era assim que universitários viviam? Sempre atolados até o pescoço? Mas não ela.

Veio a Oxford fugindo de problema e ironicamente foi exatamente o que a  esperava aqui quando desembarcou do trem. Era acusada de matar Beatriz, fez um acordo com seus professores sem saber quem realmente eram, Ian estava com raiva dela e não sabia o motivo, precisava resolver a situação de Clara com Jenny e por fim, alguém havia roubado seu diário.

Esse a preocupava mais, dependendo de quem lesse ele naquele momento, todos os outros problemas seriam fichinha, aquilo implicaria diretamente na liberdade dela, de novo.

— Mas que ideia imbecil essa sua, escrever sobre a vida num diário...— Repetiu a si mesma já no banheiro.— Bem feito, tem mais que se foder mesmo. Pensa Laura, pensa... Muita coisa e pouco tempo. — O reflexo no espelho mostrava sem dó as olheiras, pra acordar lavou o rosto com a água fria, estava tão gelada que o contato das mãos no líquido fez os ossos doerem. Mal teve tempo de secar a pele quando ouviu batidas a porta, estranhou, pelo horário às pessoas nem sonhavam em acordar ainda.

Saiu do cubículo que chamavam de banheiro e ao chegar perto da entrada, reparou um bilhetinho de papel branco.

Agachou-se pra ver do que se tratava e ao ler seu corpo gelou.

Você é ainda pior do que imaginei, vai pagar pelo que fez, pagar bem caro. Fica esperta.

A pessoa que pegou seu diário, estava alí.

Sem pensar duas vezes ela abriu a porta na expectativa de ainda conseguir ver alguém, viu quase como um vulto virando na direção dos banheiros apressado, Laura correu pra lá.

Ao passar pela porta aberta do banheiro feminino, adentrou  devagar procurando pela pessoa que tinha certeza estar por alí, mas ela não esperava por aquilo.

Foi pega por trás sem que tivesse chance de entender nada, a pessoa segurava seu cabelo com tanta força que ela sentiu alguns fios se soltando do couro cabeludo.— Quem é você!? — Ela questionou tentando se virar  ao espelho em cima da pia, mas quem quer que fosse não era burro o suficiente pra deixar que isso acontecesse, mantinha a jovem no sentido contrário, de frente a pilastra que separava o segundo espaço com privada.

Tentando se defender a garota deu uma cotovelada em alguma costela de quem a prendia, em resposta recebeu um chute nas articulações das pernas e acabou caindo de joelhos, sua cabeça foi jogada contra a quina da cerâmica duas vezes. A dor a invadiu de uma vez só, sem dó enquanto o sangue escorria da sobrancelha.— Eu sou o seu pior pesadelo a partir de hoje vadia.

Era voz de uma mulher, certo ao menos isso sabia além do cheiro doce de perfume que Laura sempre odiou que usassem perto dela. Ela não deixaria barato, marcaria a garota de qualquer forma pra que a identificasse onde fosse, ao ter a ideia Laura sorriu sabendo que a pessoa a observava machucada — Vai pro inferno sua infeliz.

Dito isso, suas unhas estileto cravaram nas mãos dela até perfurar o suficiente, a pessoa gritou de dor e raiva e a jovem teve que aguentar ainda mais forte o puxão no cabelo antes de ter mais uma vez a cabeça atingida, dessa vez pelo chão, onde apagou totalmente.

                            ... ... ...

A voz ecoava junto ao barulho de água, demorou algum tempo até entender onde estava e porquê, me levantei do piso gelado segurando na tampa da privada.

Um ponto no rosto latejava quente, levei a ponta dos dedos até o local, a pele se encontrava sensível ao toque e toda minha cara se comprimia de dor,  a mão voltou manchada de sangue.

— Minha filha sai logo daí que eu preciso limpar esse banheiro, pelo amor de Deus!— Era a faxineira.

— Ah... Humm, eu já tô saindo. — Respondi pensando como faria pra que ela não visse meu estado.— É, por acaso sabe me dizer que horas são?

Abri a porta indo direto a pia, do lado esquerdo perto à saída ela se encontrava de costas perto ao carrinho, pegava alguma coisa pra limpeza. Liguei rapidamente a torneira lavando com água corrente o sangue parcialmente seco e a abertura na sobrancelha, alguém aqui precisaria levar pontos.— Agora são meio dia e cinquenta e nove querida.

Enchi minhas mãos de papel pondo em cima da ferida, ela nem reparou ao se virar e entrou no banheiro cantarolando alguma canção. Tinha um hematoma ainda não muito escuro na maçã do rosto e no olho direito, sem falar na cabeça que doía, parecia ter levado uma tijolada.— Caramba uma da tarde, aquela infeliz me paga... — Joguei o papel fora pegando mais um pouco seco e então me lembrei.— Merda, Ian e Bill estão me esperando!

— O que minha filha?

— Ah, nada não. Obrigada.

Saí correndo dalí em direção ao meu quarto, o que não foi uma boa ideia pra quem acabou de acordar de uma pancada a sete horas atrás. Todo o meu sangue parecia correr como nunca pelas veias, pulsando ainda mais a escoriação que eu tapava com papel.

Ao entrar no quarto, agradeci por Clara não estar mais deitada e fui direto nas gavetas dela procurar alguma coisa pra machucados, qualquer coisa, se achasse figurinha de caderno eu colaria. Como já suspeitava a loirinha era muito bem precavida pra tudo graças a Deus, alguém alí teria que ter a cabeça no lugar.

Era uma caixinha com remédios e Band daids, peguei um e coloquei sobre a pele aberta. Faltava agora alguma coisa que escondesse os hematomas no olho, com sorte eu tinha trago óculos escuros na mala. Procurei por eles e respirei aliviada quando os vi envolvido num lenço azul.

— Vamos lá, vejamos...— Agredia a moda com toda certeza, mas já dava pra esconder melhor, era só deixar o cabelo cobrir um pouco mais as bochechas.

Calcei correndo meu all star surrado pra não correr o risco de cair com a bota, pus por cima da saia colegial e camisa de gola alta o sobretudo preto, daria conta de segurar o frio um pouco até eu voltar.

Olhei o relógio em cima da porta, uma e dez da tarde. Os professores devem estar morrendo de raiva.

                             ... ... ...

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
| A ÚLTIMA AULA |Onde histórias criam vida. Descubra agora