20. Capítulo 1

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- Disse pra te encontrar às dez na biblioteca, aonde estamos indo?- Peter havia aparecido mais cedo no campus interrompendo minha crise existencial no meio da noite, é talvez não tivesse sido tão ruim sua atitude

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- Disse pra te encontrar às dez na biblioteca, aonde estamos indo?- Peter havia aparecido mais cedo no campus interrompendo minha crise existencial no meio da noite, é talvez não tivesse sido tão ruim sua atitude.

Tínhamos saído de Christ Church e andávamos pela Aldate's Street,- E vamos pra lá, só um pouco mais cedo.

- Que eu saiba a biblioteca é dentro da universidade.- Ele simplesmente ignorou meu comentário, fiz questão de parar - Se estiver tentando me sequestrar tenho que avisar que sei defesa pessoal.

- O quê? Não! Não estou tentando te sequestrar.- Seu rosto me encarava com uma careta, como se meu comentário fosse estúpido. Talvez não achasse aquilo se tivesse nascido mulher no Brasil, talvez me entendesse, mas não era o caso.

Mesmo assim, caminhei ao seu lado desconfiada e caso acontecesse alguma coisa comigo, gritaria como nunca antes e aí sim, teríamos uma assassina no college.

- O quê estava fazendo sozinha no campus?

- Decidindo se te encontrava ou não.

- Está falando sério?- Soltei um riso anasalado por sua reação.

- Claro que não, porquê quer saber?

Peter deu de ombros enquanto olhava adiante, era um homem realmente alto e achava isso usando botas, imaginei como seria gritante a diferença se estivesse sem o salto.- Está sempre acompanhada, com Clara ou com um dos professores, - Me olhou rapidamente- só achei incomum.

- Sabe o que é incomum? Ir a biblioteca às nove da noite com o cara da direção pra fazer fofoca.

- Vice diretor.- Corrigiu - Se não gosta da ideia, podemos fazer outra coisa.

Achei ter visto um sorriso breve na pele pálida, semi-cerrei os olhos arrumando o piercing no nariz. Soava como um convite mas não tive certeza, uma de suas mãos tocou minha coluna antes que pudesse responder - Por aqui. - Indicou.

Viramos a esquina - Você é daqui? De Oxford?

- Não, sou de Londres.- As grandes mãos se esconderam nos bolsos, - Me mudei pra cá a alguns anos quando comecei a trabalhar na direção, conheci a diretora Elisabeth e daí em diante não tive mais vontade de voltar.

- Sei bem como é.

- É do Brasil, não é? Não sente falta de lá?- Me perguntava em que momento Peter havia se tornado tão aberto e sociável, já conhecia esse jogo de falar pouco de si, ouvir muito do outro e então ele saberá mais de você do que você dele.

- Pelo jeito sabe muito sobre mim, meu sobrenome, país de origem...- Arqueei uma de minhas sobrancelhas, o caminho parecia agradável e parcialmente movimentado apesar do horário.- O quê o senhor ainda não sabe?

Ele arrumou os óculos rindo de forma contida, tinha dentes tão alinhados que tive raiva, usei aparelho por anos para ter o resultado de hoje,- Então vai ser assim? Uma pergunta pra outra pergunta?

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