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O cheiro de peixe grelhado não era ruim, o prato inteiro na verdade, só não era o que Laura gostaria de comer e agora ela parecia uma garotinha mimada sem sua boneca de porcelana

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O cheiro de peixe grelhado não era ruim, o prato inteiro na verdade, só não era o que Laura gostaria de comer e agora ela parecia uma garotinha mimada sem sua boneca de porcelana.

Quase pedi frango pra nós dois mas diante de sua petulância como pessoa resolvi ir contra seu paladar, de qualquer forma seria eu quem pagaria a conta, e quem tem fome não escolhe.

Ela mastigava com a mesma velocidade em que arrastava o garfo no prato, lentamente.
Olhei no relógio, tínhamos mais 20 minutos.

- Se continuar nesse ritmo vai se atrasar pra aula.

- Se tivesse pedido outra coisa eu comeria mais rápido. Não sei porquê tá tão preocupado se sou eu que vou me atrasar.

- Porquê a aula é minha.

Ela parou por um momento engolindo a comida, pelo visto não sabia nem que aula seria a próxima, por alguma razão eu não estou surpreso.

- Pra falar a verdade eu tô meio enjoada.

- Ah pare com desculpinhas e coma.

Laura deu um gole na água e afastou o prato. - Não, é sério. Minha cabeça está girando.

Após uma garfada na comida observei suas mãos esfregarem o rosto já marcado de machucados, seu suspiro saiu pesado antes que cruzasse os braços sobre a mesa.

- Dói muito?- Questionei notando seu desconforto.

- Nada que eu não aguente.- A tosse inesperada a fez afastar a cadeira, se estivesse provando o peixe poderia jurar que havia se engasgado com uma espinha. Aproximei dela o copo com água assim que a crise diminuiu, antes que pudesse beber seu celular tocou.- Ah, merda.- murmurou procurando pelos bolsos.

Imediatamente lembrei de quando falava ao telefone no salão, estava curioso pra saber o que de fato Laura fazia em Oxford, mais especificamente Christ Church.

- Eu vou ir na frente, a gente se vê na aula. - Informou-me se retirando enquanto o aparelho ainda tocava em suas mãos. Poderia impedir sua partida apressada semelhante ao coelho em Alice no país das maravilhas, mas deduzi que de qualquer forma, Laura não me diria nada sobre a ligação agora.

Vi sua figura descer as escadas rapidamente.

...

Uma garoa fina começara a cair sobre ela e o asfalto da cidade universitária, em sua mão direita o celular tocava de forma insistente enquanto caminhava tentando achar um lugar seguro pra atender.

Era Maria novamente, se não desistiu de tentar contato com a irmã tão fácil, significava que tinha algo importante pra falar a ela. Embaixo de um toldo azul marinho estreito, não muito longe do pub bem como da universidade, Laura parou pra aceitar a ligação.

O dedo deslisou sobre a tela trincada em três partes diferentes graças a seu professor, mas o sistema não respondeu, tentou mais uma vez e a única coisa que conseguiu foi ficar nervosa, o touche do celular havia sido prejudicado pela queda.

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