Ao verem a cena, Yoko e Bianca se distraem tempo o suficiente para que Wednesday se levante e corra até Enid. A loba começa a voltar a forma humana devagar, e o ferimento parece ainda pior na pele branca da garota. Ao chegar até ela Wednesday tira seu casaco e a cobre, e usa seu suéter para fazer pressão na ferida. Yoko, Bianca e Eugene chegam logo atrás, e Thing corre para segurar a mão de Enid, que pisca os olhos devagar.
-Enid Sinclair, olhe para mim!
Wednesday fala com raiva. Enquanto isso acontece, cinco lobos enormes irrompem do meio da floresta e atacam os dois Hydes.
-Precisamos levar ela pra Nevermore, agora!
Yoko diz desesperada.
-Não temos tempo pra isso, é muito longe, ela tá perdendo muito sangue!
Eugene retruca.
-A gente não pode ficar aqui parado olhando, tem que ter alguma solução.
É Bianca quem fala.
-Fiquem calados!
Wednesday grita. Ela continua fazendo pressão na ferida. Enid vira o rosto pra ela.
-E-eu... eu quero... te dizer...
-Sinclair, não faça nenhum esforço.
Os olhos de Wednesday estão marejados de lágrimas.
-Eu também... Amo você...
Enid fala com muita dificuldade. Wednesday olha para o céu com ódio de seja lá quem ou o que esteja tentado tirar Enid dela. A essa altura ela não se importava mais com a luta, tudo acontecia muito distante, quase em outro planeta, ela olhava para Enid com a respiração cada vez mais fraca e queria gritar, queria enfrentar a morte frente a frente.
Um lobo preto se aproxima da cena, ele se abaixa e aproxima o focinho de Enid. Wednesday de repente volta a si e olha para o lobo com um olhar assassino.
-O que pensa que está fazendo cachorro!?
Ela avança no lobo, pronta para enfrentar sozinha o monstro com o triplo do seu tamanho.
-Wednesday, acho que ele quer levar ela pra cidade, eles são mais rápidos...
Yoko diz. O lobo assente com a cabeça enorme, concordando com ela. A expressão de Wednesday se suaviza. Ao ver isso, o grande lobo preto se abaixa o máximo possível e faz um gesto com a cabeça em direção a Wednesday, apontando suas costas.
-O que? Quer que eu monte você?
Ele balança a cabeça dizendo que sim. Ela concorda sem exitar, não deixaria Enid de qualquer forma, então ela sobe nas costas do lobo, que com ajuda de Yoko e Bianca, passa Enid para Wednesday. Ela a segura firme contra seu corpo com uma das mãos, e usa a outra para agarrar os pêlos das costas do lobo, que sente dor, mas não reclama.
Ele não espera espera por despedidas, apenas parte trotando como uma flecha entre as árvores, tomando cuidado para não esbarrar em galhos e troncos que poderiam ferir as meninas. Wednesday sente a respiração de Enid contra seu peito, e deseja internamente que o tempo pare.
-Aguente firme, amore, você é a única luz que me impede de mergulhar completamente na escuridão.
Uma caminhada de mais de duas horas é feita em alguns minutos, em pouco tempo Wednesday avista Jericó. O lobo entra nos limites da cidade correndo pelas ruas sem se impoetar com os olhares lançados por moradores. Ao chegarem ao hospital de Jericó ele uiva alto, depois se abaixa e uiva novamente.
-Socorro!
Grita Wednesday ainda segurando Enid conta o corpo. O lobo uiva mais uma vez e então uma enfermeira aparece na portaria do hospital. Ela encara a cena de um lobo carregando duas garotas, mas ao ver o sangue de Enid manchando sua pele e as roupas de Wednesday, ela grita algo para alguém dentro do hospital. Em segundos mais pessoas se juntam a ela. Os enfermeiros trazem uma maca e juntos tiram Enid das costas do lobo e a colocam nela. Wednesday também desce e corre atrás deles, tentando acompanhá-los. Ela é impedida pelos demais enfermeiros.
-Você não pode ir lá.
-Não há neste mundo uma alma ainda viva que seja capaz de me impedir.
Wednesday fala enquanto empurra seu corpo contra o bloqueio.
-Ei! Ei! Nós vamos cuidar dela. Vamos cuidar dela, mas você não pode ir lá, pode esperar aqui se quiser.
Um dos enfermeiros diz.
-Espera que eu me sente em uma dessas cadeiras imbecis e ESPERE?
O ódio na voz de Wednesday reverbera pela recepção do hospital.
-Infelizmente sim. Eu sei, sei que tá assustada, mas vamos fazer tudo que for possível pra ajudar ela, eu garanto.
O mesmo enfermeiro fala. Wednesday então desiste. Seu corpo parece estar exausto, como se tivesse caminhado por dias sem um copo d'água e sem parar. Ela se senta em uma das "cadeiras imbecis", sua perna esquerda se balança ininterruptamente, ela esfrega as mãos uma na outra, mãos sujas do sangue de Enid. Ao olha-las, ela se assusta com a quantidade de sangue, e sua perna começa a se balançar mais rápido. Wednesday sempre imaginou que o inferno não seria um lugar tão ruim, somente mal compreendido. Ela achava que ele era composto de equipamentos de tortura, escuridão e sangue e pra ela, isso era mais interessante que assustador. A cada minuto sentada naquela cadeira ela descobria que o inferno na verdade não era composto de guilhotinas, correntes, celas e chicotes. Não. Esse era o inferno. Se sentar ali e esperar. Se sentar ali e não saber. Essa era a maior tortura que poderia existir.
Não sei o que dizer, só sentir rs
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O corvo e o Girassol (wenclair) - Em Revisão
FanfictionWednesday volta a Nevermore com um novo mistério a sua frente, quem era o perseguidor que a assediava com mensagens e emojis sarcasticamente cruéis. Mas não apenas isso. Uma pequena chama, infima, mas que gradualmente crescia, inflamava o peito somb...