08: Sangue Purificado

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Longe dos mortos lembrados,
A um obscuro cemitério,
Minh'alma , tambor funéreo,
Vai rufar trechos magoados.

Há muitas jóias ocultas
Na terra fria, sepulturas
Onde não chega o alvião;

Muita flor exala a medo
Seus perfumes no degredo
Da profunda solidão

O Azar, Charles Baudelaire

Jeon Jungkook

01 de abril de 2020, quarta-feira

Trabalhar é terrível. Não, eu ainda não havia começado, muito menos chegado no local, mas o Taewan me acordou em plena madrugada. Quer dizer, seis da manhã é madrugada. Todo mundo sabe.

Hoseok já estava praticamente arrumado quando acordei, me pergunto como ele consegue. Existe duas opções plausíveis para explicar; ele é alguém perfeito, que nunca reclama de nada e nunca tropeçou na vida. Ou ele é pobre.

— Jungkookie, você vai se atrasar para o trabalho. — Hoseok estava de calça jeans e uma camisa social laranja. Por algum motivo, ele sorria.

Um meteoro poderia cair naquela maldita cafeteria, tenho certeza que não faria falta.

Quando me arrumei, devia estar com a pior expressão que eu poderia estar, porque o Hoseok disse: — Vai assustar os clientes assim. — depois riu de novo. — Sou eu que vou te levar.

Não sabia que havia estacionamento no colégio, muito menos que menores de idade podiam dirigir. Porém descobri que bruxos por aqui utilizam identidade falsa e eles parecem não ligar.

Bruxos têm suas próprias regras que são modificadas de acordo com a necessidade.

Hoseok não parecia o tipo de cara que teria um carro, porque ele realmente não tinha, mas tinha uma moto. Ele me passou um capacete e colocou outro nele mesmo.

Um tremor passou por todo o meu corpo só de ouvir a moto ligar. Ignorei e subi na garupa, tranquei a respiração quando Hoseok tirou o pé do chão.

— Jungkook, você está bem? — Hoseok diminuiu a velocidade. Murmurei um "uhum", então ele completou: — Segura minha cintura.

— Quê?!

— Eu ficaria mais seguro se você segurasse. — Mentiu. E eu me obriguei a acreditar.

Quando chegamos, soltei a cintura do Hoseok e olhei para a cafeteria. Era simples e não parecia ter coisas muito caras, ao seu lado havia um hotel com várias pessoas entrando e saindo.

— Te busco às doze. - Hoseok avisou. — Bom trabalho.

— Obrigado. — Talvez ele achasse que foi por ter desejado um bom trabalho, mas disse porque me deixou confortável em uma situação que nem eu entendi.

Acenei para ele enquanto via a moto dando partida. Um sininho tocou anunciando minha entrada no estabelecimento, muito cafona.

— Jeon Jungkook? — Uma mulher loira com cachos apareceu com uma bandeja nas mãos.

— É.

— Sou Miarsa, muito prazer. — Um de seus dentes da frente é torto, mas isso não tirou a perfeição do sorriso dela. — Estamos com poucos garçons hoje, então você vai servir os clientes, tudo bem?

Bad Bruxo | JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora