Bad Bruxo | Jikook

13: Sem Peças Suficientes

Pálidas sombras de ilusão perdida,
Minh'alma está deserta de emoções,
Passai, passai, não me poupeis a vida!

Visões da noite, Fagundes Varella.

Jeon Jungkook

24 de abril de 2020, sexta-feira

Depois daquele almoço, o pai do Jimin apareceu mais vezes em minha casa para falar sobre negócios e trazendo teorias do que poderia ter acontecido. Eu queria conseguir escutar alguma coisa, mas minha mãe sempre me mandava passear no jardim ou me trancar no quarto.

Enquanto eu caminhava pela cidade porque, mais uma vez, minha mãe havia me expulsado, percebi que algumas crianças catarrentas andavam de bicicleta quase atropelando as pessoas. Outras fingiam ser adultas demais para fazer algo tão fútil como brincar.

Dentre todas as pessoas que vi no parque central, apenas uma delas me chamou atenção. Sentado no banco de madeira, alimentando os patos com pedaços de pão.

- Namjoon! - Gritei quando o vi.

Ele me olhou e começou a correr na direção oposta segurando com firmeza o saco marrom de pão como se fosse a caça e eu o seu caçador. Algumas pessoas olharam para nós, talvez se perguntando o porquê tinha dois malucos correndo um atrás do outro no meio de um parque.

Em algum momento, quando chegamos na parte que havia várias árvores, eu o perdi. Parei de correr e comecei a caminhar, meu peito subia e descia em uma velocidade absurda. Eu já sabia que era sedentário, mas não nesse nível.

Comecei a caminhar em círculos, afinal nunca havia ido para o parque admirar as árvores. Sempre fiquei nas mesas de piquenique com amigos. Às vezes, nós mergulhamos no lago, mas, depois que uma criança morreu afogada lá, paramos de fazer isso.

Se você ver a mesma árvore no seu caminho, significa que está perdido. É algo que aprendi nos filmes e nas séries.

- Namjoon! Namjoon! - Comecei a gritar.

Nada. Eu sabia que ele estava ali, eu não estava louco.

Então olhei para cima e o vi. Pendurado em uma árvore de cerejeira, estava claro como o dia que ele estava com medo. Só não sabia de quê.

- A gente pode conversar? - Perguntei temendo que ele pulasse da árvore e voltasse a correr.

- Você acha que fui eu? - Havia uma tremedeira no seu corpo, jamais o vi assim antes.

- Não. - Neguei várias vezes com a cabeça. - Eu acredito em você!

Mesmo que estivesse com medo, Namjoon desceu da árvore com facilidade. Eu o abracei, mas ele não retribuiu. Talvez fosse surpresa ou porque não gostava de mim.

- Uma pessoa vem me encontrar daqui a pouco, então temos pouco tempo. - Ele gaguejou um pouco.

- O Yongsun? - Eu sabia que era ele, mas não custava perguntar para ter certeza. - Eu vi você na festa, depois conversei com o Yongsun. - Expliquei depois que percebi que ele ficou um pouco desconfiado.

Namjoon apenas assentiu receoso.

Ficamos sentados em um tronco de uma árvore caída que foi atingida por um raio. Era o lugar mais silencioso e longe de pessoas que encontramos.

- Por que fugiu?

Ele ficou me olhando por alguns segundos, talvez formulando alguma coisa para dizer, depois desviou o olhar para o chão e suspirou.