18: Epitáfio De Um Morto - Parte 2

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♪ Eu levei meu tempo, me apressei
A escolha era minha, não pensei o suficiente
Estou depressivo demais para continuar
Você vai se arrepender quando eu tiver partido. ♪

blink-182, Adam's Song

Park Jimin

Até os doze anos, nada de anormal havia acontecido na minha vida. Quer dizer, minha mãe era uma bruxa e fazia questão de me ensinar tudo que sabia, mas minha infância foi relativamente normal. Talvez ela soubesse que o fim dela chegaria quando o meu começasse.

Meu pai não sabia, era um segredo meu e dela. Continuou assim durante anos, mesmo depois da morte dela.

Ela não era ruim nem uma péssima mãe. Ela fazia bolinhos de chuva sempre que começava a trovejar, me ensinou a jardinar e a andar de bicicleta. Às vezes, quando eu tinha um pesadelo com monstros dentro do meu armário, ela dormia comigo.

Minha mãe se importava comigo, porém se importava muito mais com ela.

Em um fatídico dia de agosto, Pietro apareceu através de um espelho. Acho que ele apareceu com a minha raiva.

– Espero que seja melhor no próximo teste. – Minha mãe resmungou enquanto sacudia a folha com o resultado da minha prova. Seis. Essa era a nota baixa que era inaceitável para ela.

Foi a primeira vez que eu tirei uma nota baixa em um teste, mas acho que uma nota vermelha elimina todas as notas azuis, deve ser uma conta básica de matemática. Menos com menos ou mais com mais, é mais. Menos e mais ou mais e menos, é menos.

Mas ainda assim eu fiquei com raiva dela, só não expressei do jeito que queria.

Ela batia as unhas afiadas e falsas no vidro da mesa enquanto procurava algum erro na gramática das minhas respostas, meu pai estava analisando casos no escritório, ele não ligava para muita coisa que ligava a mim.

O filtro da cozinha fazia barulho, conseguia ouvir a respiração da minha mãe e, pelo olhar profundo, ela estava decepcionada. Um suspiro escapou de seus lábios e o meu teste foi deixado na mesa.

– Vou melhorar na próxima. – Murmurei.

Ela não falou mais nada, então só peguei o teste e subi as escadas em direção ao meu quarto. Amassei aquela folha de papel e joguei em algum canto do quarto.

Entrei no banheiro e me olhei no espelho. Foi quando o Pietro apareceu. Um dos cantos dos seus lábios estavam puxados em um sorriso. Pisquei algumas vezes, desnorteado. Então ele desapareceu tão rápido quanto surgiu.

A raiva diminuiu quando ela começou a se transformar em lágrimas. Deixei que a água quente do banho as levasse, afinal era só um teste.

Ouvi batidas na porta de leve, haviam se passado horas desde que eu vi minha mãe, era ela que estava atrás da porta. Não era como se eu pudesse dizer para ela voltar outro dia, então deixei a caneta que usava no caderno e guardei arrumei os lápis arrumados em ordem de tamanho, como ela gostava.

O vestido curto e florido, as bijuterias em excesso no pescoço e pulsos, o cabelo longo e liso, tão escuro quanto os meus. Ela estava digna de uma bruxa.

– Você está bem? – Minha mãe arrumou uma mecha do meu cabelo para trás da minha orelha, ela me puxou para dentro do quarto e trancou a porta com um pé.

Balancei com a cabeça positivamente algumas vezes.

– Que bom. – Ela sorriu abertamente.

Minha mãe me ajudou nos estudos daquela noite, depois me ensinou mais um pouco sobre cristais.

Bad Bruxo | JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora