O pescoço do cadáver da bruxa era segurado por uma corda presa em um pedaço de madeira, ele balançava com o vento forte do fim do dia chuvoso, enquanto o homem que um dia já foi amigo da mulher enforcada observava a multidão gritando de pura alegria.
A morte nunca foi o final para uma verdadeira amante da magia, mas foi claramente o fim de uma adolescência normal para Anna.
Não. A vida dela não era normal antes. Ela sabia dos seus dons e das criaturas que a cercavam, gostava de mandar as criaturas híbridas de sapo jogarem sal em si e de como as fadas dançavam por uma semana sem caírem mortas antes. Os ensinamentos de sua mãe não foram em vão, ela sabia manusear uma espada tão rápido quanto qualquer espadachim experiente e seus movimentos eram tão velozes que cortavam até mesmo o vento, para quem tinha apenas seus quinze anos, ela era muito boa.
Anna Göld viveu parte da sua vida em uma pequena cabana de madeira com sua mãe, uma renomada bruxa das criaturas que mantinha acesa a magia naquela região pouco populosa. Sua infância foi marcada pelo abandono de seu pai, que um dia foi um dos padres do vilarejo e que fugiu quando a igreja o condenou por seus pecados, e pelas criaturas que sabia dominar.
Para bruxas que são amaldiçoadas, a morte é a melhor das opções. Uma amante de um padre só pode virar uma mula sem cabeça, é um fato. Porém não foi por isso que sua mãe foi enforcada em praça pública, a magia se tornou algo proibido depois que as pessoas estavam dando muito mais valor do que a igreja.
Um dia a magia já foi liberada, mas até mesmo o ministro da magia composto pelos líderes dos cinco reinos mais poderosos decidiram que ela estava sendo suspensa para um número específicos de pessoas.
Os pés descalços e molhados pela chuva estavam doloridos, havia uma alta temperatura no seu corpo, mas Anna não parou de andar. Seus ombros tremiam pelo frio daquela noite, pelas roupas finas que usava. Logo morreria de hipotermia se continuasse andando sem rumo.
Já não poderia voltar para casa, o fantasma de sua mãe devia estar lá. E, de qualquer forma, ela não queria voltar.
Ao chegar na frente da praça, os lábios de Anna tremeram e precisou tapar sua boca com suas mãos para que não fizesse barulho enquanto chorava. Ela caminhou até chegar perto do cadáver, não se atreveu a olhar para cima e ver o rosto pálido e os olhos abertos da sua mãe. Com a ajuda de um pedaço de um tronco de árvore, subiu e cortou a corda que prendia o corpo com um pedaço de pedra polida.
Anna arrastou o corpo segurando os pés até perto de um lago. Os galhos que haviam caído das árvores grudaram no cabelo moreno da bruxa morta e algumas pedras machucaram e abriram feridas.
No lago, havia um buraco não tão fundo que Anna havia cavado durante horas sem parar. Jogou o cadáver sem jeito dentro da cova e, com suas mãos, começou a jogar a terra molhada por cima até que não desse para ver nenhuma parte do que, um dia, foi sua mãe.
Abraçando as pernas e tossindo algumas vezes, seu corpo estava quente tentando eliminar a doença que se alastrava. Anna dormiu sob a cova mal feita da sua mãe. Ao abrir os olhos novamente, ela já não estava mais em céu aberto.
O quarto era apertado e sujo, quase não tinha móveis. Ao seu lado, havia uma freira, sorrindo esquisito, um ar medonho circulava por ela. Talvez fosse uma criatura infeliz.
– Que bom que acordou, querida. Está na hora, vamos?
– Onde está a minha mãe? – Anna esperava que fosse um sonho, que ela nunca estivesse enterrado sozinha o resto da sua mãe.
– Nas mãos do senhor, querida.
Ela não precisava de eufemismos naquele momento e nem acreditava que sua mãe fosse para o céu, aquela freira também não devia acreditar, só dizia aquilo porque, a bruxa morreu e não usou magia para tentar se salvar, logo era inocente. Era uma técnica que Anna duvidava da sanidade de quem a inventou.
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Bad Bruxo | Jikook
Fanfic[EM ANDAMENTO] Depois de uma falha tentativa de macarronada, Jeon Jungkook foi enviado para um colégio apenas para bruxos, onde descobriu que uma guerra se aproximava. Almas são apenas poeiras cósmicas, restos de astros que colidiram uns contra os o...