CAPÍTULO 23

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Arthur Miller

Estou planejando o quarto das gêmeas. Disse para Linda e Antony que seria o meu presente e não posso falhar neste projeto, afinal elas serão minhas afilhadas. Às vezes me pego pensando na Thaís. Desde o dia em que disse que a amava, ela tem corrido de mim como o diabo da cruz. Ela é uma mulher tão diferente das outras porque não tem interesse em nada que é meu e muito menos em ser só minha.

Droga! Como eu queria que ela fosse minha...

Meu celular começa a tocar me tirando do meu pequeno devaneio. Olho para a tela do mesmo e o nome Lucas brilha. Respirei fundo e apertei o botão aceitar.

— Preciso da sua ajuda urgente! — Sua voz estava trêmula.

— O que você aprontou agora? — Digo encarando o relógio em meu pulso. Ainda era cedo para ele estar bebendo.

— É a Cleo...

— O que houve com ela? E como está o Gael? — Falo já me levantando da cadeira.

— O Gael está bem. Ele está na escola agora, não se preocupe. Mas ela não está nada bem... — Diz a última frase em um sussurro e ouço um soluço.

— Onde vocês estão?

— Hospital municipal. Vem logo! — Diz e desliga.

(...)

Chegando no hospital encontrei o Lucas desesperado. O abraço para tentar acalmá-lo, mas é praticamente impossível.

— Ei... me conta o que houve? — Falei o encarando e vejo um corte em sua sobrancelha.

— Fui visitá-la como sempre tenho feito para saber se ela precisava de algo, mas quando cheguei lá tinha um cara a espancando. Ela estava inconsciente no chão e ele estava dando chutes em sua barriga sem dó. Fiquei cego e o peguei pelo colarinho e comecei a bater nele. Ele acabou me acertando o rosto, mas não deixei barato para aquele babaca. Enfim, Arthur... — Me encara. — Ela deve muito dinheiro para esse cara e ele disse que se ela sobreviver e não o pagar ele voltará e matará ela e o garoto. Temos que dar um jeito nisso.

— Você está me dizendo que ele ameaçou tocar no meu filho? É isso mesmo?

— De tudo o que eu disse, foi só isso que ouviu? — Foi aí que olhei em seus olhos e vejo eles transbordarem em lágrimas.

— Não... Não pode ser...

— Não pode ser o que Arthur?

— Você se apaixonou por aquela cretina da Cleo! — Afirmei e ele apenas abaixou o olhar. — Você sabe como ela é e se envolveu, Lucas!

— Não me julgue Arthur! Eu a amo... — Sussurra e mais lágrimas descem em seus olhos. Me aproximo do meu irmão e o abraço apertado.

Não posso julgar ele, afinal também já caí nas garras dela uma vez. Ela tem um ótimo poder persuasivo e provavelmente o iludiu. Permanecemos abraçados em silêncio por alguns minutos. Logo o médico surgiu e nos falou como ela estava. A situação não era nada boa para ela. Meu irmão tremia e soluçava como uma criança e aquilo acabou comigo. Cleo não merece o amor do meu irmão. Sei que estou sendo insensível e sem coração, mas conhecia muito bem aquela vigarista.

— Calma, Lucas, vai ficar tudo bem. — Digo na vã tentativa de o acalmar.

Ela estava em coma. O médico disse que ela teve traumatismo craniano e vários órgãos foram comprometidos. Ele não sabia se ela poderia acordar novamente. Tudo dependia das próximas 48h.

Além de ver meu irmão sofrer, eu pensava no meu filho. Como iria dizer a ele que talvez ficaria sem mãe? Não quero dar esse tipo de notícia para meu bebê.

ArthurOnde histórias criam vida. Descubra agora