CAPÍTULO 18

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*ATENÇÃO ESTE CAPÍTULO PODE DESPERTAR GATILHOS EMOCIONAIS*

Meu cérebro estava acelerado pensando em várias coisas ao mesmo tempo, minhas mãos suavam com tamanho nervosismo que sentia naquele momento. Eu dirigia no automático em direção a casa do Antony, sentia um pressentimento ruim percorrer todo o meu corpo. Eu sabia que se ele fracassasse em mais um relacionamento ia dar merda outra vez, e não queria ver meu amigo passar por tudo aquilo novamente.

— Caralho! Por que tive que falar daquela maldita vingança?! — sussurro para mim mesmo e dou um pequeno tapa no volante.

Quando chego em sua casa, me aproximo da porta e percebo que a mesma está somente encostada, entro na sala e não vejo ninguém, vou direto para seu quarto. Ao entrar no mesmo vejo a porta do closet dela aberta e com a luz acesa.

Não acredito que o Antony se rebaixou a isso novamente?

— Antony, você está aí? — Digo com um pouco de receio. Não queria que ele voltasse para esse luto.

— Morri Arthur! Deixa eu dar meu último suspiro sossegado. — Respondeu bravo.

Respiro fundo e tomo coragem para ir até lá. Paro na entrada do closet e a cena que vejo é deprimente. Antony estava com uma garrafa de Whisky em uma de suas mãos, sentado no chão com os cabelos completamente bagunçados. O olhar triste denunciava que ele não estava nada bem, notei que ao seu lado tinha uma caixa — aparentemente um presente — com a embalagem rasgada, havia também um álbum de fotos jogado a sua frente, provavelmente com fotos dela. Ver aquela cena me causou um certo desconforto.

Depois que Susan morreu Antony desencadeou uma terrível depressão. Foram dias sombrios em sua vida. Sua rotina se resumiu a consultas com psiquiatras, psicólogos e uso continuo de medicamentos que o deixavam a maioria das vezes aéreo, mas que eram necessários para ele voltar ao seu normal. Foi por isso que ele decidiu não se apaixonar mais.

— Cara, você está horrível! — Falo me aproximando com cuidado, pois a sua volta tem vários cacos de vidro, que descubro ser de um quadro quebrado em um canto do closet.

— Obrigado pela parte que me toca. — Ele ergue a garrafa e me oferece um pouco de sua bebida, mas nego com a cabeça.

— Você conversou com a Linda?

— Sim... — Diz com a cabeça abaixada.

— Se resolveram? — Eu imaginava que não, mas queria saber dele.

— Ela me pediu um tempo, mas sinto que ela não voltará pra mim. — Diz e passa a costa da mão no nariz.

Eu sei que esse sentimento que ele nutre pela a Linda é o mesmo que ele tinha pela Susan e isso me apavora porque tenho medo dele surtar outra vez porque mesmo sendo situações diferentes, esse tempo que ela pediu pode ser um gatilho para sua depressão voltar.

— Por que você não desfez das coisas da Susan? — Falo mudando de assunto e toco no vestido vermelho ao lado da porta.

— Não toque em nada imbecil! — Rosna. Automaticamente retiro minha mão do vestido.

— Você sabe que isso aqui é tóxico pra você! — Aponto para as coisas dela.

— Pro inferno com a toxidade deste lugar! Eu que sou tóxico para as pessoas. — Ele diz e bebe mais um gole de Whisky.

— Sinto muito pelo que aconteceu entre você e a Linda, mas isso não é motivo para se afundar nesse luto novamente. Já se passaram quatro anos, cara. — Digo me aproximando dele.

— São quatro anos sem a pessoa que mais amei! — Me encara. — É fácil você falar assim, você nunca amou né?! — Vejo lágrimas se formarem em seus olhos. — Eu amei... — Ele abaixa o olhar para a garrafa em sua mão. — E estou amando novamente, mas sabe o que é pior?

ArthurOnde histórias criam vida. Descubra agora