CAPÍTULO 10

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Meu filho estava tão feliz... "Meu filho" isso ainda era tão novo para mim. Nunca pensei que conseguiria amar tanto na vida quanto amo esse garoto. Ver ele comer um donut com tanta alegria enquanto meu irmão contava mais uma de suas piadas sem graça não tinha preço.

— Olha essa Gael, tenho certeza que essa, você sabe. O que são três pontinhos verdes na neve? — Lucas falava todo sorridente, parecendo que aquela era a piada mais engraçada do mundo.

— Não sei o que é tio. — Ele falava e dava mais uma mordida em seu donut. — Hum... Isso realmente é muito gostoso. — Disse olhando para aquela rosquinha de chocolate. Ele disse que nunca comera um desses e que seu maior sonho era comer um donut igual aqueles dos policiais dos filmes. Não pensei duas vezes em realizar o sonho do meu filho.

— Não acredito Gael. Essa é daquele filme Zootopia, não vai me dizer que nunca viu? — Meu irmão estava olhando para meu filho como se ele fosse de outro mundo.

— Não, nunca vi! Lá em casa a TV está estragada e minha mãe nunca se preocupou em arrumar e, na verdade, gosto mais de ler. Gosto muito de histórias em quadrinhos e também amo desenhar porque quando desenho sinto que estou em outra realidade onde posso viajar para um mundo onde tudo que sonho é real. — Ele passava a língua nos cantos da boca para tirar o chocolate. — Sabe tio, queria poder cuidar da minha mãe. Sei que ela sofre porque vejo ela chorando quando aquele cara vai lá em casa, mas sou tão pequeno para defendê-la e ele é tão grande... —Diz e solta um profundo suspiro.

Ver meu filho tão adulto me emociona e, ao mesmo tempo, me entristece. Ele é tão pequeno para passar por tudo isso. Ele tem que ter infância, viver os pequenos prazeres da vida e não ser forçado a crescer tão rápido.

— Filho, quem é esse cara que vai na sua casa? — Pergunto com uma certa preocupação.

— Não sei pai. Ele apenas aparece, quebra algumas coisas da mamãe e ela só chora falando que vai pagar o que deve, às vezes ele se irrita com ela e acaba batendo nela. Tento defendê-la, mas ela sempre diz para eu ficar quieto porque senão ainda sobra para mim.

Olho para o Lucas e o mesmo está me olhando com espanto. Agora entendo o porquê dela aparecer pedindo aquele tanto de dinheiro para mim no dia em que ela falou da existência do meu filho. Preciso tirar ele desse lugar urgente, mas está tão complicado conseguir sua guarda. Meu Deus, o que farei? Meu filho não pode continuar vivendo assim.

— Parece que a chuva passou. — Meu irmão diz mudando de assunto. — Acho que podemos ir ao parque de diversões agora. O que você acha, Arthur?

— Claro. Vamos nos divertir bastante hoje. — Digo tentando afastar a preocupação instalada no meu peito.

— Espera! — Gael diz. — Tio, você não disse a resposta dos pontinhos verdes na neve. — Ele encarava o Lucas com curiosidade e acabei sorrindo daquela cena.

— É mesmo Gael. — Ele sorri. — São "Pingreens" entendeu? — Pin de pinguim e green que significa verde em inglês. Faz todo sentido. — Lucas gargalhava da piada que ele mesmo contara. Gael o olhava sem entender muito.

— Não entendi nada. — Gael disse. — E tio essa piada não tem muita graça. — Não consigo me controlar e começo a rir da cara de besta do meu irmão.

— Não acredito! Arthur, esse menino é de outro mundo. Ele nunca entende minhas piadas. E ainda por cima não acha graça. — Ele leva a mão no peito tentando parecer ofendido. — Hoje temos que assistir Zootopia. No filme a piada é mais engraçada. Agora vamos logo para o parque porque estou louco para andar de montanha-russa.

(...)

Estávamos na minha casa. Após andarmos em quase todos os brinquedos do parque. Percebi Gael um pouco cansado, aquilo era muito para ele que nunca teve isso na vida. Meu irmão tinha uma energia que não acabava mais, por fim foi Gael que disse:

ArthurOnde histórias criam vida. Descubra agora