CAPÍTULO 02

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Saio da delegacia com o idiota do meu irmão rindo feito besta. Eu estava muito nervoso e se pudesse o mataria naquele momento. Tive que pagar uma multa absurda. Por sorte eu conhecia o delegado daquele distrito e consegui que ele não retirasse a habilitação do meu irmão, mas em troca tive que dar uma boa gorjeta para o meu "amigo" delegado.

— Você nunca aprende mesmo, Lucas! — Dou uns cascudos em sua cabeça.

— Ai, Arthur! Não é pra tanto. — Ele diz passando a mão em sua cabeça.

— Não é pra tanto? — Solto uma risada sarcástica. — Se eu não conhecesse o delegado você ficaria preso! Nem o melhor advogado te tiraria de lá! Você pensa que dirigir é o mesmo que jogar GTA? Que pode ficar andando sobre calçadas e fazer pessoas correrem com medo de serem atropeladas?

— Ah! Foi só uma brincadeirinha. Eu não iria matar ninguém.

Olho para ele indignado com tamanha idiotice que ele diz. A minha vontade naquele momento era de pegar a cara dele e esfregar no asfalto até ele aprender a ter juízo.

— Olha Lucas. — Respirei fundo procurando as palavras certas. — Escuta bem o que vou te falar. Essa é a última vez que te tiro de uma enrascada. Da próxima vez que você fizer qualquer babaquice juro que ligo para o nosso pai resolver sua vida!

— Você não seria capaz... Ele me odeia! — Ele fala e solta um profundo e longo suspiro.

— Então não apronte mais! A propósito você sabe que não é bem assim, nosso pai te ama! Do jeito esquisito dele, mas ama! — Olho para ele e vejo lágrimas brotando em seu olhar.

Apesar de meu irmão ser um pouco problemático eu o amo. Sempre que ele precisou eu estava lá para ajudá-lo. Mesmo eu dizendo aquelas palavras, sabia que meu pai não ligava muito para meu irmão, mas que culpa ele tinha de ser um filho bastardo?!

Meu pai só o aceitou depois de um exame de DNA. Foi muito desgastante todo esse processo porque segundo ele a mãe de Lucas só queria o extorquir e ele não daria nenhum dinheiro pra ela. A ganância do meu pai ultrapassa limites. Por dinheiro ele é capaz de tudo.

— Mentira Arthur! Você sempre defende o pai. Ele nunca me amou! Para ele o importante é só o dinheiro e a família perfeitinha dele. Agora eu? — Riu amargamente. — Ele nunca amou e nunca amará!

Não resisto a ver toda essa dor no olhar do meu irmão e o puxo para um abraço. A princípio ele resiste, mas acaba cedendo. Posso sentir suas lágrimas molhando minha roupa, passo a mão em suas costas tentando acalmá-lo.

— Não diga isso mano. — falo. — Vamos, vou te levar para casa. — Olho para o relógio e percebo que já são 19h59. — Porra! Estou atrasado para o meu compromisso.

— Se for urgente vá ao seu compromisso. Não precisa se preocupar comigo, eu dou um jeito. — Diz entristecido. Quem vê assim até pensa que é um coitadinho.

— Vou te levar para casa primeiro!

(...)

Quando chego em casa já são 20h45. Droga! Logo hoje que eu iria conquistar aquela ruiva meu irmão tinha que aprontar essa. Meu celular apita com uma mensagem. É um áudio, dela. Resolvo ouvir enquanto entro no banheiro para tomar um banho.

ArthurOnde histórias criam vida. Descubra agora