CAPÍTULO 04

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Cheguei ao hospital para ficar com a Linda. O que meu amigo me pede sorrindo que eu não faço chorando? Odeio hospitais e tenho ultimamente aparecido aqui várias vezes porque não posso abandonar meu amigo, mesmo que não me importe muito com ela. Não é que não me importasse, na verdade, nem a conhecia direito.

Antony foi para casa descansar um pouco. Estou aqui sentando em uma poltrona horrível observando ela. Seu acidente foi grave e ela permanecia em coma. Só estou aqui pelo meu amigo, mesmo cansado não poderia negar esse favor. Sabe por quê? Porque ele é aquela pessoa que se for preciso matar alguém, te ajudaria a esconder o corpo.

Amigos assim são raros.

Eu o conheci na faculdade. Ele se achava o gostosão porque fazia engenharia civil e eu na minha humildade fazia arquitetura. Foi engraçado o nosso encontro. Eu estava a fim de uma garota que por coincidência ele também. Fiquei um tempão observando ela de longe quando ele se aproximou.

— Ela é bem bonita, né! — Ele diz bem próximo, me assustando.

— Sim, é! — Digo e abro um meio sorriso. — Te conheço? — Me viro o observando.

— Não! Mas você observa algo que eu já estou de olho há algum tempo, então temos um impasse aqui.

— Que eu saiba, ela não é comprometida. E meu interesse por ela é só por uma noite, não a quero para mim.

— Então ela não serve para você! Quero mais que uma noite com aquela mulher e não será um babaca como você que vai me impedir?! — Ele diz seriamente.

— Cara, não estou a fim de brigar por nenhuma mulher. Então pode ficar à vontade. — Dou de ombros.

Não queria brigas, e Susan nem era tudo isso.

Depois desse pequeno episódio começamos a conversar, e nem sei como, mas logo nos tornamos amigos e cada dia que se passava mais unidos ficávamos.

Ele se apaixonou perdidamente por Susan e os dois começaram a namorar. Logo a pediu em casamento e foi aí que tudo aconteceu... Um acidente fatal tirou Susan e o filho que ela estava esperando de Antony e isso o abalou psicologicamente.

Daí em diante ele se fechou para o amor. Não quis mais saber de mulher nenhuma. Só queria curtir igual a mim, mas penso que isso não durará muito porque sinto que ele está se apaixonando por Linda. Conheço meu amigo e por mais que ele não admita, sei que ele está amando novamente.

(...)

Abro os olhos vagarosamente e o sol que entra pela janela me irrita. Tento me mover e meu pescoço dói.

Merda de poltrona horrorosa.

Olho para onde ela está, vejo o Antony próximo à cama todo impecável com seu terno azul-marinho. Ele segurava a mão dela, enquanto soltava um profundo suspiro.

Estranho ele estar de terno aqui.

— Ué, por que você está de terno? — Pergunto enquanto me levanto da poltrona e olho no relógio.

— Tenho uma reunião hoje. Só passei aqui para ver como ela está, e dizer que fico aqui até a Thaís chegar. Já avisei ela. — Ele me olha. — Obrigado por me ajudar, Arthur. Essa reunião hoje é bem importante e eu precisava estar descansado para ela. — Ele diz e acaricia o rosto de Linda.

— Cara, você está apaixonado por ela? — Pergunto receoso.

— Não... Apenas estou cuidando dela porque ela não tem ninguém. — Diz ainda olhando para ela.

— Me engana que eu gosto... — murmuro.

— O que disse? — Me encara.

— Nada. Só vou embora porque ainda tenho que trabalhar hoje. Nos vemos depois.

ArthurOnde histórias criam vida. Descubra agora