CAPÍTULO 26

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Thaís Campbell

Meus olhos pesavam uma tonelada, forçá-los a abrir é o mesmo que pedir para minha cabeça explodir, mas tento o máximo até conseguir firmar a visão. O teto branco me fez recordar o que anda acontecendo ultimamente... Crise de ansiedade, foi o que o médico diagnosticou. Desde o dia em que cheguei e descobri sobre o namoro de Arthur elas estão vindo mais frequentemente e às vezes me levam ao desmaio.

— Está tudo bem? — Linda sussurra ao meu lado.

Olho para minha amiga ainda vestida de noiva. Droga! Estraguei seu casamento.

— Me desculpa. — Falo encarando seu olhar preocupado.

— Você me assustou pra caralho. — Diz e me abraça apertado.

— Foi mal. Não queria atrapalhar seu casamento, eu apenas entrei em pânico e não consegui controlar meus sentimentos. Sinto muito mesmo.

— Para de se desculpar! Está tudo bem. A festa estava acabando, você não atrapalhou nada, só me assustou. O que está acontecendo? Preciso me preocupar com isso? — A preocupação em seu olhar é gritante.

— Eu... — Respiro fundo segurando as lágrimas que querem rolar. — Estou tendo algumas crises de ansiedade. No geral elas passam apenas trabalhando a respiração, mas nem sempre funciona. Também tenho feito ioga, conversado com minha psicologa, mas às vezes é impossível controlar, e acaba acontecendo o pior.

— Isso é por causa dele? — Sussurra.

Olho em seus olhos e apenas concordo com um menear de cabeça. Lágrimas começam a descer em meu rosto enquanto um soluço forte sai de minha garganta. A abraço para conseguir um pouco de conforto na minha alma. Eu estava arrasada por um erro que eu mesma havia cometido, não sabia se conseguiria reconquistar a confiança que fora quebrada, mas pelo menos eu tentaria.

— O que vou fazer? — Falo entre soluços. — Já não sei o que farei da minha vida sem ele...

— Amiga, tudo irá se resolver. Se for para ser, será. — Diz em meu ouvido enquanto acaricia minhas costas trazendo a paz que precisava para o momento.

(...)

O relógio em meu pulso marcava 14h45min e eu estava ansiosa. Já tinha feito todas as técnicas de respiração, mas minhas pernas continuavam pulando nervosamente enquanto aguardava sentada naquele banco.

Eu fiz isso.

Marquei uma reunião com o Arthur como um possível cliente. Ele tinha me evitado quando fui a sua casa, mas eu precisava explicar tudo então o sabotei. Me senti um pouco orgulhosa dessa pequena vitória.

— Sara Bitencourt. — Ouço chamar, mas nem ligo. A moça se aproxima e coloca a mão sobre meu ombro. — Senhorita Sara Bitencourt, o senhor Miller a aguarda. Pode entrar por aquela porta, por favor. — Só assim me recordo que esse é o nome falso que escolhi. Olho para ela que está com um pequeno sorriso no rosto e concordo com um menear de cabeça. Agradeço aos céus porque ela não me reconheceu.

Respiro fundo, levanto-me da cadeira e caminho com passos inseguros. Coloco a mão sobre a maçaneta, bato suavemente na porta e solto o ar buscando toda a coragem que me resta para a conversa que teremos a seguir.

— Pode entrar. — Ouço falar.

Entrei calmamente, mas meu coração errou uma batida quando o vejo. Ele está com óculos de leitura analisando alguns documentos, seus cabelos estão um pouco bagunçados, ele está sem gravata e a camisa com os três primeiros botões abertos, mas quando me vê sua expressão muda de despreocupado para ranzinza.

ArthurOnde histórias criam vida. Descubra agora