Capítulo 1.1 - "Me prometa..."

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ATENÇÃO:
Este capítulo contém menção ao suicídio e cenas que descrevem detalhadamente o luto. Por favor, se é sensível ao assunto, interrompa a leitura a qualquer sinal de desconforto. 

É difícil respirar.

Há algo sentado sobre meu peito. Talvez seja culpa.

O que quer que seja, por que nunca me abandona?

Eu preciso respirar, mas é como se nunca tivesse existido um par de pulmões no meu peito. Não desde que nasci. Somente dividido entre dois extremos e é completamente injusto que um sempre tenha que estar tão distante, no fim das contas.

Um de meus pulmões pertence a ele. O que acontece agora, então? O que acontece agora que ele se foi?

Estou certo, quando penso que jamais serei capaz de respirar fundo outra vez?

É uma dor terrivelmente lacerante, não tê-lo aqui. É uma dor terrivelmente lacerante saber que é um pesadelo, mas também uma lembrança, parte do que me prende desacordado enquanto a culpa me pressiona contra o colchão. É uma dor insuportável saber o que me aguarda assim que abrir meus olhos. Tanto que prefiro ser esmagado. Prefiro ser engolido pelo que me desespera no mundo dos sonhos, do que ser engolido pelo que me aguarda no mundo real.

No entanto, não posso fazer isso. Não posso me permitir esse luxo. Não enquanto ainda tiver que protegê-la. Eu não posso abandoná-la, porque preciso servir de apoio à ela — preciso servi-la como certeza para que não desacredite nele. Preciso me manter bem por ela. Preciso continuar por ela. Preciso continuar por nós, mesmo que uma parte significativa do que nós somos continue apenas como lembrança.

Preciso continuar... Incompleto.

Me convenço do mesmo todos os dias, porque ainda não consigo me convencer de que seja verdade.

Não consigo acreditar que HongJoong morreu. Não seria tão fácil abandonar Hwa, seria? Seria tão fácil me abandonar? Seria tão fácil...

Eu nunca sei o que pensar. Não sei o que me convenceria do contrário, mas qualquer coisa que me convença do contrário basta por agora.

Ele não me deixaria...

Não nos deixaria...

Ele não...

Não...

Nã-

— Não...

— Mingi!

— Não!

— Mingi! Mingi, acorde!

— Honnie!

Silêncio.

É sempre a mesma reação ao peso que esse nome carrega: o silêncio.

— Mingi... — Demora um pouco para que ela chame outra vez.

Eu abro meus olhos. Então os fecho outra vez. Eu não quero olhar para os dela agora.

Ainda não posso respirar direito, mas meu peito é agitado sob seu toque macio. Hwa suspira, e posso imaginá-la mordendo os lábios com força antes de deitar a cabeça em meu ombro. Agora é o seu peso que me pressiona contra o colchão. A luz fraquinha do abajur é azul índigo, e também é uma lembrança. Ilumina precariamente o quarto espaçoso, porém é suficiente para mostrar toda a saudade escondida pelos cantos e quinas. As ondas partem meu coração, rasgam meu peito, escalam minha garganta, e de repente eu quero gritar. Quero gritar seu nome, quero pedir para que me ouça, "por favor... Me ouça e volte para casa. Porque não temos mais nenhuma por aqui, sem você".

Modo Índigo |• MinSeongJoong (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora