Capítulo 10 - "Minha casa. Suas cinzas, nossos escombros."

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TRIPULAÇÃO DO FIM DO MUNDO

[22h40] Capitão, meu Capitão:
Áudio em reprodução: Hwa, você teria lugares para receber três convidados?

[22h55] Hwa👑🏳️‍⚧️:
Três lugares?
Acho que Hwan não vai se importar em dividir a cama com alguém.
Mas quem seria?

[22h57] Você:
Wooyoung.

[22h58] Hwa👑🏳️‍⚧️:
Vai trazer o Young?!
Finalmente todos virão me visitar!!!

[23h00] Nada hétero:
Perdão interromper, rapaziada.
Mas alguém lembrou de avisar o Wooyoung que ele vai?!
[23h02]: Para onde eu estou indo?!
Eu só conheço a cidade do Mingi como "a cidade do Mingi", eu não sei de mais nada e sequer tive a chance para pensar no que colocar na mala!
[23h04]: Quando nós vamos?
[23h07]: Nada hétero enviou um áudio de dois minutos.
[23h11]: Nada hétero enviou um áudio de três minutos.
[23h21]: Nada hétero enviou um áudio de nove minutos.

...

— O que eu devo levar, além disso? — Young perguntou. As mãos pousadas na cintura e os olhos fixos na mala aberta que tanto eu quanto Kai duvidávamos que fecharia facilmente.

De onde estava sentado, encolhido no chão próximo à porta, Kai ergueu o polegar e sorriu arteiro:

— Ei, hyung! Sua discrição, lembrou de pegar?

Então, havia um par de meias dobradas voando em sua direção. Ele as agarrou sem dificuldade e nós todos rimos.

— Sério, hyung. Tenta se segurar, vai estar na casa de outra pessoa. Evite ver vergonhas, e não vai precisar passa-las, okay?

— Young não vai precisar se segurar — eu disse, me esticando mais sobre o colchão preguiçosamente. — Hwa gosta dele do jeitinho que ele é, tanto quanto Honnie e eu fazemos. Ele se deu muito bem com os meninos quando Chan e Jisung vieram, mesmo Nayeon pareceu amá-lo. Não acho que Hwan vai gostar menos dele do que qualquer um de nós já faz. Afinal, quem não amaria Young?

Wooyoung sorriu, abobado. Acertou um tapa ardido em minha perna exposta pela bermuda.

— Eu não te perguntei nada, amigo hétero.

— Língua presa — eu disse. — É assim que me chamam por lá. Vai ser ótimo te levar para conhecer minha casa, Young.

Ele sorriu mais. Se sentou ao meu lado para tomar uma de minhas mãos e brincar de estralar meus dedos.

— Sinto que, por mais que tenhamos conversando sobre no início, sei pouco sobre sua cidade natal, língua presa — ele comentou. — Me diga mais.

Eu contei sobre o clima nublado, mas abafado. Sobre a falta de sol que conferiu minha palidez por anos, e sobre os colégios distantes de casa a ponto de não conseguir ir andando como costumávamos fazer em Mency. Contei sobre os passeios de bicicleta, que eu sempre fazia acompanhado por San. E sobre as tarde de estudo na sorveteria, acompanhado por San. E as noites durante as férias, em que assistíamos filmes na casa uns dos outros, e San nunca dava uma desculpa para faltar.

No fim, o contei sobre meus momentos com San como se resumissem todas as partes de minha vida naquela maldita cidade que não envolviam Hwa ou meus arrependimentos.

Eu senti saudades, mas ela foi anestesiada no momento em que nos sentamos em nossos lugares no ônibus. Wooyoung e Honnie dividindo o banco da frente, os fones compartilhados encaixados em seus ouvidos, cabeças descansando uma contra a outra quando os pneus na estrada trouxeram o torpor com o movimento.

Estava quente — mesmo que Honnie ainda insistisse em usar o casaco azul para evitar contato direto com mãos alguém, mantendo o capuz em sua cabeça. Ele dormia pacificamente, e um sentimento bom borbulhava em meu peito.

Modo Índigo |• MinSeongJoong (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora