Capítulo 15 - "Você não disse que estava com saudades?"

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ATENÇÃO:
Esse capítulo contém menção ao abuso e cenas descritivas de coação e manipulação emocional. Por favor, se não se sentir confortável interrompa a leitura.

...

Anos antes...

Hwa riu, animada.

— Como faremos isso? — perguntou.

Eu olhei em volta, procurando por quem tinha deixado responsável por administrar a recepção de meu "detalhe". No caminho, porém, encontrei uma concordância inesperada.

Parado com o ombro contra o batente na passagem que trazia do corredor para a sala, Wooyoung devia seu olhar fixo a Matt. Um quê enormemente profundo, diferente do usual, banhando o brilho de hesitação que os mantinha paralisados e perdidos demais à imagem daquele seu amigo a ponto de me perguntar como ainda não tinha aberto um buraco na nuca de Matt.

Não havia a concordância certa no tom de Hwa, mas havia nos olhos de Wooyoung.

— Ah! Você está aqui! — Chan hyung me abraçou pelo pescoço, fazendo o mesmo a Hwa para se colocar entre nós. — Cara, seu "detalhe" tá perto da piscina, chegou há vinte minutos.

Ele nos arrastou dali.

Wooyoung ficou.

Primeiro, ele não entendeu o motivo de Matt atender àquela ligação no meio da pista de dança, não daria para ouvir nada com a música na altura que Jisung mantinha. Depois, pensou entender o motivo ao vê-lo procurar sorrateiramente por uma saída.

Matt não queria que ninguém ouvisse? Pois Wooyoung trataria de ouvir.

Ele já tinha a desculpa segura nas mãos: as bebidas que se dispôs a pegar para os dois antes de deixar aquele amigo sozinho. Bastou seguir o mesmo rumo que o ruivo tomou, disfarçadamente, para o jardim.

Ele se abaixou próximo à janela da cozinha, deixando os copos sobre a bancada para se concentrar em qualquer ruído que viesse da fresta por onde o vento entrava para rodear o interior — a porta de vidro, logo ao lado, que dava para o jardim foi fechada assim que Matt passou para o lado de fora.

— Está me ouvindo melhor, agora? — Sua voz era baixa. — Ótimo. Não precisa se preocupar com nada, estou de olho nele e tudo parece realmente bem. Ele está lidando bem com isso, assim que estiver mais controlado podemos começar a investir em nossa parte. — Houve uma pausa, a voz do outro lado era alta, mas Wooyoung não conseguiu entender o que dizia. — Não surta, velho! Eu o tenho exatamente onde precisamos. Hongjoong sabe que está em minhas mãos desde o momento em que recebi Mingi e aquele travesti em minha casa. Ele não ousaria correr. Não vou falhar como você. O Modo Índigo de Hongjoong é meu.

"Modo índigo", Wooyoung já não tinha ouvido isso em algum lugar? Hongjoong tinha isso? Como ele acabou conseguindo? Por quê Matt parecia tão determinado em ter aquilo?

Por que Hongjoong tentaria correr?

— Que pergunta idiota — Matt continuou. Ele voltou a se concentrar no diálogo, então. — Eu o ameacei, mas ele não se importa. Acredite quando digo, no lugar de Hongjoong eu também não ia querer estar vivo, não depois de tudo o que aconteceu. Ele não tem coragem de fazer por si mesmo, então procura por qualquer desculpa para que alguém faça o trabalho sujo por ele. Foi exatamente o que eu vi quando o encurralei com uma faca em seu pescoço. Eu o teria matado naquele momento se não enxergasse o pouco que seus olhos me mostraram antes de se fechar em desistência.

Wooyoung quis gritar. Mas engoliu o próprio medo ao tampar a boca com ambas as mãos. Conteve as lágrimas que insistiam em tomar passagem para fora do par de olhos assustados.

Modo Índigo |• MinSeongJoong (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora