Capítulo 1.2 - "...Ou me faça esquecer"

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Minha casa desmoronou há quatro anos. Eu não tenho para onde voltar.

É o que realmente se prova quando eu chego no térreo do apartamento.

Quando vejo o Uno prateado em frente a portaria, eu peço Yunho para me deixar e voltar para casa. Quando ele pergunta, finjo estar prestes a gritar caso ele insista. Eu não tenho forças para gritar, mal tenho força de vontade para me obrigar a esperar o elevador. Acabo subindo os degraus, de dois em três. Meu coração esmurrando meu peito.

Correr não adianta. Mesmo sabendo disso, eu me apresso, e meu andar nunca pareceu tão distante.

Quando eu abro a porta, não vejo nada fora de seu lugar, mas o vazio parece tão maior.

As paredes me engolem, ao que ouço um zíper se fechando, o arrastar de rodinhas contra o chão e o baque seco da mala pesada sendo deixada na passagem para o corredor que daria para os quartos, se a amargura não a barrasse. O olhar de Junghwan amargo como fel. Mas não parece me culpar. Parece afogado em misericórdia.

— Seria mais fácil se ela viesse sem precisar te ver — é o que ele diz.

Eu não posso dizer nada. Não tenho o direito e nem se o tivesse.

— Sabe que ela vai estar bem — ele continua. — Sabe onde a encontrar. Mas não faça por saudade. — Ele vem até mim, segura meu ombro e aponta para a porta com os olhos. — Se vier buscá-la, encontre um motivo melhor que esse.

Eu desapareço no corredor enquanto ela desaparece. Abafo meu grito contra meus braços e joelhos, e sou obrigado a crer que ele vem para completar o que a arranquei no dia anterior. Mesmo assim, mesmo o maldito grito de dor, parece quebradiço e incompleto.

Como se já não tivesse feito — ou talvez a diferença seja que agora eu reconheço esse ponto —, me perco em meus dias. Correm como água entre meus dedos, como os chamados ignorados de meus amigos, as mensagens não lidas e as ligações perdidas. O caminho para o trabalho é silencioso e custoso. Se tornou o menos pior de meus pesadelos até o dia em que fui obrigado a tirar minhas férias atrasadas, três meses depois. Então meus pesadelos não precisavam mais sair de casa.

Os dias ruins se acumulam como os cacos de vidro na sala, no quarto e no corredor. Então o Natal acena para mim enquanto passa, e eu não atendo a ligação de minha mãe pelo quinto ano seguido — o que não é mais difícil. Difícil é ignorar o nome que brilha na tela do meu celular na quinta-feira à noite, um dia depois da data comemorativa.

Eu não posso ignorar. Não ele.

Eu atendo, mas não digo nada. Porque sei que se disser, vou me perder em lágrimas na primeira sílaba.

— Oi, peste — é como ele me cumprimenta. — Por onde andou?

Ainda não posso responder, porém meu soluço o faz por si só.

— Eu vou precisar te consolar? — Parece uma repreensão, mas o tom é quase doce.

— Pensei que não se lembraria de mim.

— Querido, na noite passada eu não me lembrava nem do meu nome.

Eu rio um pouco.

— Eu liguei para ela — ele diz como se pudesse ler minha mente. — Ela está bem, está com Junghwan.

Eu aceno em confirmação mas ele não pode ver.

— Como você se sente, Mingi?

— Estou quebrado, Jin hyung — sou honesto — Estou morto desde que ele se foi.

Hongjoong costumava ser um assunto proibido entre nós dois. Entretanto, ele não parece se importar em quebrar essa regra.

— Para ser honesto, não esperava que conseguissem suportar por mais tempo. — Ele também é honesto.

Modo Índigo |• MinSeongJoong (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora