Capítulo 20 - Queda livre

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ATENÇÃO!
O capítulo a seguir contém descrições precisas de um suicídio. Também aborda questões delicadas quanto a saúde física e psicológica. Se sentir desconforto em algum momento, por favor interrompa a leitura.

...

Ele ao menos saberia dizer como, mas as palavras de Narae — repetidas incontáveis vezes — conseguiram o acalmar mesmo que demorando um tanto.

Não estava nada bem, mas era o máximo que podia ter no momento. Não era fácil, mas era o que tinha à disposição.

Hongjoong nunca foi adepto da resignação, por isso ele ficou acordado por mais um tempo depois de tudo aquilo. Se sentia bem em tantos sentidos em que não era capaz de fazer há tanto tempo, se sentia tão leve depois de dedilhar as teclas daquele piano no quarto de Junkyu noona e tão realizado depois de nossa sessão de música despudorada... Queria aproveitar um pouco mais do sentimento.

Ele me cobriu com o lençol leve, beijou minha testa e acariciou um lado de meus quadris por medo de estarem doloridos. Conferiu Hwa adormecida do outro lado da chamada de vídeo e posicionou o celular melhor sobre a cabeceira. Acendeu um cigarro para acompanhar a vista da janela, além dos galhos retorcidos da macieira.

A porção de estrelas que ainda insistiam em vencer a luz intensa dos primeiros raios da manhã pareciam encarar sua alma.

"Elas me intimidam, às vezes".

Ele riu para o comentário. Mas a ansiedade e o medo tomaram espaço em seu peito mais uma vez em seguida, mesmo que com apenas metade de todo o peso com que o esmagavam mais cedo, antes de encontrar a porta de Junkyu entreaberta.

"Se nosso plano é seguir os ideais do Matt para mantê-los bem... Para tentar convencê-lo de que realmente não temos saida... Então sabe que precisamos dar um jeito nessa marra do Mingi, não sabe?", a presença tomou voz, como vinha se tornando constante as conversas entre os dois.

Honnie olhou por sobre o próprio ombro, para onde eu ainda dormia. Depois, olhou para o próprio peito nu, para as marcas grosseiras que se desenhavam ali.

"Tenho medo do que pode acontecer a ele se, em algum momento, ele decidir que Matt também precisa conhecer essa raiva que ele nutre".

Seu celular vibrou sobre a escrivaninha. Ele o tomou para ler as novas mensagens.

Jongho hyung [5:46]
Já que a lista de aprovação não importa tanto, não creio que faça tanto sentido deixar para dizer mais tarde.
Meus amigos o estarão esperando em Halazia. Os procure no Bangtan, um bar noturno bem conhecido na parte central da cidade, vai ser fácil encontrar.
Faça parecer um acaso.

Hongjoong respirou fundo. Agradeceu ao seu hyung e voltou a bloquear a tela. Massageou com carinho o próprio peito quando se assegurou:

— Eu vou convencê-lo. Vou protege-los. Tudo vai ficar bem.

Naquela noite, Hongjoong engoliu seu ego. Ele precisou se convencer de tudo aquilo em que não acreditava quando se forçou a dizer:

 — O ponto é que Matt foi muito gentil, e realmente me ajudou muito.

Havia algo diferente em seu tom de voz. Algo profundo que julguei como gratidão extrema. Era desespero e raiva. Era decepção e angústia, por me convencer de algo em que nem mesmo ele podia crer. Era o arrependimento prévio por tudo o que a mentira poderia vir a causar.

— Está tudo bem. Tudo bem — eu disse. — Vamos dormir, hyung. Estamos cansados.

— Você vai tentar, não vai? — ele perguntou, hesitante. Era necessário, mas ele preferia que não acontecesse.  — Eu posso confiar em você?

Modo Índigo |• MinSeongJoong (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora