01 - Incêndio

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Hana ficou parada em frente a sua casa vendo o fogo tomar conta dela. Ela sentia no peito um ardor intenso e o grito abafado saía de sua garganta como se sua alma estivesse sendo arrancada. Dentro daquela casa, sua mãe, seu pai, seus 4 irmãos, seu avô e sua avó, sua cunhada, um sobrinho, além de muitos criados e dois amiguinhos de sua irmã mais nova. Um verdadeiro massacre. Todos da família Sihadeko reduzidos a cinzas.

Naquele dia frio de dezembro, a jovem Hana, então com 15 anos se atrasou para voltar para casa porque esqueceu o caderno na sala de aula. Exatamente 8 minutos foi o tempo que ela gastou para voltar para buscá-lo, 8 minutos salvaram sua vida. Mas, com toda certeza naquele momento, Hana queria estar morta.

Ela estava em choque, não conseguia se mover. Sua memória depois se lembraria de vagamente alguém a puxar para dentro de um carro e falar algumas coisas que ela não entendia.

-Menina! Temos que sair daqui! Eles vão vir atrás de você! Menina!

Hana apagou e não viu mais nada.

A família de Hana aparentemente era uma família normal. Donos de grandes empresas, uma família muito respeitada. Viviam em uma mansão luxuosa em Yokohama. Hana vivia muito feliz. Até aquele dia.

Hana abriu os olhos com certa dificuldade, estava com uma sensação ruim

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Hana abriu os olhos com certa dificuldade, estava com uma sensação ruim. Seu corpo estava dolorido. Olhou ao redor e tentou identificar onde estava. Pensou no sonho que havia tido e estremeceu. Estava deitada em um futon no chão ainda vestida de uniforme. Levantou cambaleando tentando ver onde estava. Havia sido sequestrada? Saiu apressada em direção à saída do quarto e saiu direto numa cozinha minúscula. Era um apartamento muito pequeno. Um homem de meia idade estava sentado tomando chá e olhando as notícias pela TV.

-Quem é você? Onde estou? Onde... - Hana estava apavorada. - Você me sequestrou?

-Você parece sequestrada?

-Onde está minha família? Meus pais?

Ele olhou para ela com pesar.

-Você não se lembra?

-Me lembrar...?

Ele aumentou o volume da TV.

(...) E agora mais notícias sobre o terrível incêndio que aconteceu ontem na mansão do famoso empresário Yusuke Sihadeko. Até agora foram contabilizados mais de 10 corpos carbonizados. Acredita-se que toda a família, o empresário, a esposa, os 5 filhos os sogros, a nora, o neto e mais alguns funcionários todos estavam dentro da casa, todos vieram a óbito. O incêndio, segundo a polícia foi causado por um vazamento de gás.(...)

Hana viu um filme passar em sua cabeça. Todo aquele sentimento veio a tona mais uma vez. Ela sentiu o rosto queimar e as lágrimas rolarem sem qualquer aviso. Não era um sonho, era um pesadelo.

-Eu sinto muito... Hana.

-Estão... t-todos mortos?

-Sim.

-Meu Deus. - Hana caiu de joelhos desesperada.

-Você precisa de um tempo para assimilar tudo. Quando você se acalmar eu preciso falar algo muito sério com você.

Hana ainda ficou mais um tempo no chão como se estivesse sintonizando. Parecia amortecida. Não sabia o que pensar ou o que fazer.

Quando ela finalmente conseguiu se erguer do chão ela foi atrás do homem. Um homem de cabelos grisalhos e expressão cansada. A cicatriz na bochecha o deixava com aspecto ainda mais de um homem misterioso. Vestia uma camisa social desbotada e uma calça surrada. O cabelo amarrado para trás com um rabo de cavalo.

-Eu sou Hiei Miura. Sinto muito pela forma abrupta que nos conhecemos. Sente-se por favor.

Ela se aproximou receosa e sentou-se diante do homem. Ela deveria ter medo dele, mas a forma calorosa que falava a deixava sem graça.

-Hana. Eu era um velho conhecido do seu pai. Eu trabalhei para ele durante muitos anos.

-Eu preciso voltar. Eu...

-Não. Você não pode. Se voltar eles matam você.

-Eles?

-A máfia.

-O que meu pai tem a ver com mafioso?

-Seu pai era um também. Sua família inteira era. O seu clã. E todos foram dizimados na noite passada.

-Dizimados?

-Não foi um incêndio acidental. Foi criminoso.

Hana ficou em silêncio. Ela se recusava a acreditar em tudo isso.

-Só pode ser mentira... que piada de mal gosto é essa? Minha mãe era médica e meu pai advogado, meu irmão era engenheiro, que baboseira é essa de máfia?

-E sua cunhada contadora?

-Como você sabe...?

-Eles trabalhavam para a máfia. O seu avô era o líder de uma organização até então famosa, você já ouviu falar na Máfia do Manto Negro?

-Isso é história!

-Seu pai era o líder deles.

-Mentira! Para com isso!

-Seu avô, o pai dele, era o líder anterior e por aí vai... colecionaram inimigos no mundo inteiro.

-Isso é mentira. Não acredito nisso. Não pode ser...

-Eu mesmo fui o braço direito dele por mais de 10 anos.

-Mas, que culpa tinha meus irmãos? Meus avós maternos? Todas as pessoas que estavam naquela casa?

-Os inocentes pagam pelos pecadores...

-Quem foi, Hiei?- Ela disse ainda desnorteada pela quantidade de informações.

-Não sabemos ao certo. São tantos inimigos, mas seu pai me ligou uns dias antes, dizendo que estava recebendo ameaças constantes. Ontem, recebi um pedido de socorro, mas cheguei tarde demais.

-Não tem nomes? Alguém?

-E o que você vai fazer se souber?

-Me vingar de todos eles.

-Não seja ridícula. Viva sua vida! A vingança vai te consumir!

-Que vida? Eles me tiraram tudo! E nem vão ser responsabilizados por isso! Me de ao menos a chance, eu me vingarei ou morrerei tentando!

Hiei viu o fogo no olhar dela. O ódio. Ela queria se vingar, ela merecia isso.

-Pois bem... eu vou treinar você então. Com esse corpo franzino não consegue assustar nenhum gato. Você está disposta? Vamos treinar todos os dias, incansavelmente, até eu dizer que está pronta. Se não você nunca conseguirá enfrentá-los.

-Quem? Ainda não me disse um nome.

-A Máfia do Porto. Suspeito que sua família foi morta por um dos melhores integrantes, Osamu Dazai. Guarde bem esse nome, ok?

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