03 - Perfume, bebida e tabaco

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Hachi estava no chão com uma arma apontada para a cabeça. Sentia-se uma fracassada, um lixo. Nem ao menos teve a chance de acertá-lo.

-Então, quais as últimas palavras? - Ele perguntou olhando friamente para Hachi.

-Me mata de uma vez.

-É isso então? Veio se vingar e agora vai desistir? Que covarde você é!

-Me mata de uma vez seu desgraçado! Já tirou tudo de mim mesmo! Meu pai, minha mãe, meus irmãos, meus avós! Minha vida!

-Eu já disse que não sei do que está falando! Eu já matei muita gente, você tem que ser mais específica. É a lei do mais forte...Não se preocupe, vai encontrar com eles agora.

Ela fechou os olhos aceitando seu cruel destino. Ouviu um "click" de uma arma sem bala. Quando ela abriu os olhos ele havia desaparecido.

Hachi queria que ele tivesse a matado de verdade. A vergonha seria menor. Levantou-se com rapidez e saiu andando pelas ruas pensando na porcaria de vida que estava levando, no quanto havia se preparado por aquele momento e como tudo foi por água baixo em questão de minutos. Hiei estava certo, ela não estava pronta.

Caminhou sozinha e sem rumo e ficou um tempo sem voltar para casa. Queria ficar sozinha, talvez aproveitar o sentimento de vazio e se jogar da primeira ponte que encontrasse. Não havia motivos para viver. Aí, ela pensou em sua família. No sentimento de raiva que tinha. Na vingança, no ódio. Então depois de dois dias ela resolveu voltar para casa.

Já estava tarde da noite quando ela entrou no apartamento. Hiei estava sentando em frente a TV com cara de desagrado e franziu o cenho quando a viu.

-Onde você estava? Já fazem dois dias.

-Eu... O encontrei... - Ela disse arrastando os pés pela casa.

-Dazai? Você ficou louca? Eu disse que não estava pronta!

Ela entrou dentro do apartamento e se jogou no sofá pesadamente.

-Meu corpo está doendo. Me deixe em paz por favor. - a voz dela custava a sair

-Sua maluca! E como você conseguiu sobreviver?

-Aquele maldito... poupou minha vida.

-Não se engane. Ele não dá ponto sem nó. Vamos treinar intensamente. Da próxima vez, ele não poupará sua vida.

Hiei começou um longo discurso o que deixava Hachi ainda mais cansada. Ela só queria dormir até seu corpo doer. Cansada da falatório levantou-se e saiu sem rumo a procura de um bar aberto para encher a cara. Parou no primeiro bar que encontrou. Não havia nada mais que anestesiava sua dor do que beber até não saber onde está.

O bar tinha um nome engraçado, com um trocadilho bobo qualquer. Era um bar relativamente pequeno, com algumas mesas de madeira, cobertas por um pavoroso forro vermelho, a iluminação era precária, que mal dava para ver a cara das pessoas. O horário já era tarde da noite. Uma meia dúzia de homens mal encarados bebiam na mais completa solidão. Era uma vida decadente. O dono do bar era um homem já de meia idade com aspecto cansado.

Ela tinha o hábito de ir ali com certa frequência e já era bem conhecida do homem. O balcão de madeira arranhado ainda ostentava o brilho de outrora em alguns pontos pouco usados. Ela sentou-se com a cara da derrota e pediu:

-Whisky, sem gelo.

-Noite ruim?

-Não tenho tido nenhuma boa nos últimos sete anos.

-Você poderia ter uma vida diferente. Ainda é tão jovem. - Ele disse servindo o Whisky.

-Deixa a garrafa.

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