12 - Desejo e Reparação

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Hachi e Dazai começaram um envolvimento relativamente intenso e perigoso por assim dizer. Não eram um típico casal apaixonado. Ele as vezes sumia e voltava uma semana depois. Chegava sem dizer uma palavra, passava o braço em volta de sua cintura firmemente e a beijava com intensidade, as vezes ele chegava se arrastando pela casa balbuciando alguma coisa sobre morrer. Hachi apenas observava. Tentar entender a mente dele era uma tarefa muito difícil e cansativa.

Ele de certo modo gostava da companhia dela. Calada na maioria das vezes e nunca lhe fez uma única pergunta. Mas, a forma como ela lidava com as coisas chamava muito a sua atenção.

Naquela noite, ele chegou tarde. Ela já estava deitada no futom tentando dormir. Ele tirou todas as roupas e deitou-se na cama com ela a abraçando.

-Que isso? - Ela perguntou confusa ao vê-lo deitado ao seu lado.

-Quero sentir um pouco de calor corporal. - Ele disse com a voz melosa que só ele conseguia fazer.

-Com essas faixas não dá para sentir nada...

Ele abriu os olhos rapidamente.

-Quer que eu tire? - Ele disse calmamente.

-Bem... não sei. Eu gostaria de sentir sua pele pelo menos uma vez...sentir seu calor. - Ela disse com o rosto vermelho.

Ele beijou o pescoço dela e deu um afago em seus cabelos. Gostava do cheiro floral que ela tinha.

-Promete não se assustar? - ele disse meio sem graça.

-É tão ruim assim?

-É.

-Eu não me importo. - Ela disse olhando bem fundo em seus olhos.

Ele sentou-se e foi tirando as atadura. Braços, pernas, tronco. Tudo era coberto por ataduras. A medida que ele ia tirando a pele ia ficando exposta. Havia tantas cicatrizes que mal dava para contar. Marcas de tiro, de facas, de queimaduras. Esparramados pelo corpo magro de Dazai. Hachi tocou em seu corpo, analisando cada cicatriz. Ele ficava meio constrangido. Sentia vergonha.

-Horrível né? - Ele disse de cabeça baixa.

-Não acho.

-É mentira. Tem mais cicatrizes aí do que na Máfia inteira.

-Não ligo. O fato de você ter cicatriz mostra que você é um guerreiro nato. Um homem que não teme a morte. Mas que dança com ela.

-Profundo...

Ela analisou o corpo dele. Os músculos realçados no corpo magro. O abdômen chapado, pernas longas. Pela primeira vez, ele não teve vergonha de se expor. Na verdade, sentiu-se confortável com ela. Ele se aproximou dela mais uma vez, e a beijou lascivamente, enquanto acariciava o seio dela por cima da blusa do pijama. Beijava a boca dela, mordia seu pescoço, acariciava suas partes íntimas. Ela sentia tanto prazer que não conseguiu se conter e acabou falando o que não queria.

-Por que?... - Entre um suspiro e outro ela dizia. - Eu só queria odiar você...

-Então, odeie.

-Não posso... Ao invés disso, estou te amando tanto, que não posso nem lidar com tudo que sinto...

-Então me ame...

Eles ficaram juntos, entre muitas palavras de amor distribuídas entre beijos e gemidos. Hachi era dominada por aquele homem. Como se ele soubesse o que ela queria e o que ela precisava.

Pela manhã, ele viu ela se levantar cedo discretamente e sair de cabeça baixa com um capuz do casaco de moletom cobrindo seu rosto. Ele a seguiu discretamente pelas ruas de Yokohama até o cemitério do outro lado da cidade, o mesmo onde um amigo muito querido de Dazai havia sido sepultado. Ela levava um pequeno buquê de lírios brancos, agachou-se diante do túmulo e colocou as flores sobre o mesmo.

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