31 - Guerra

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O dia estava nublado, provavelmente haveria um temporal mais tarde. Hana caminhou sozinha pelo galpão abandonado. Antes ali foi uma fábrica que certa vez pertenceu a família Sihadeko, agora o prédio roído pela ferrugem e o tempo se mostrava como uma velha carcaça lutando contra o perecer.

Hana pensou em sua família, sua vida e em tudo que viveu para chegar até ali. Pensou em como se preparou psicologicamente e como, mesmo assim ainda sentia seu coração bater tão forte que parecia que ia sair pela boca.

Do outro lado do galpão, Hiei estava parado a encarando vendo se aproximar com as mãos nos bolsos do sobretudo que ele vestia. O olhar sempre frio deu lugar à fúria e ele poderia matá-la ali mesmo apenas com o olhar.

-Aqui costumava ser uma fabrica têxtil comandado pela minha mãe. - Hana começou - Ela cuidava de órfãos, empregava mulheres aqui nesta fábrica. Era como um anjo. Mas, você deve se lembrar não é? Aliás como devo te chamar? Hiei? Alacran? Hector?

-Me chame como preferir, Lady Sihadeko. Aliás, você ficou bem com esta posição de Chefe, Hachibu. - Ele disse olhando para os arredores de tempo em tempo.

-Me chame de Hana. É um nome bonito e gosto de usá-lo.

-Como preferir. Finalmente nos encontramos afinal, já encontrou o que procurava?

-Não seja hipócrita. Me poupe destes joguinhos ridículos.

-Foi só uma pergunta. - Ele debochou.

-Eu faço as perguntas agora: você matou minha família? - Ela tinha frieza no olhar.

-Você sabe que sim.

Hana estreitou os olhos e apertou os punhos fortemente. Ela engoliu seco e se controlou para não começar uma briga ali mesmo.

-Por que? - As duas palavras custaram a sair dos lábios de Hana.

-Por que matei sua família? Ora, você já sabe. Não contratou um detetive?

-Eu quero ouvir da sua boca!

Hiei deu um sorriso de lado e encarou Hana com ar de deboche.

-Por muitos motivos: inveja, ganância, ciúmes...

-Eles eram crianças! Meus irmãos, meus sobrinhos! Você tirou deles a chance de ter um futuro! Tudo pela sua soberba. - Hana estava furiosa.

Ele deu mais dois passos para frente, mantendo o contato visual.

-Foi o preço. Sacrifício por um bem maior.

-Sacrifício? Você é um doente!

-Engraçado... - Ele disse olhando fixamente para os olhos de Hana. - Você parece muito com ele. Seu pai.

-Isso não é hora para isso!

-Ah, é sim. No começo eu pensei que fosse mentira. Até eu começar a observar melhor você. - Ele disse com um sorriso fino e diabólico.

-Pare com seus joguinhos! Me poupe! Confessa logo o que você fez e pague o preço.

-Eu vou. Mas primeiro me deixe te contar uma historinha. Coisa rápida. Era uma vez, uma jovem moça de família muito rica, de longos cabelos brancos como a neve que se apaixonou por um garoto, da mesma idade que ela, o que chamou a atenção dela é que ele tinha cabelos prateados, quase como os seus. Como a família não aceitava este relacionamento, também pelo trabalho que ele fazia para o governo, os pais dela forçaram o casamento com o primo, que apresentava desde jovem tendências homossexuais. Ela se casou forçada, mas o marido era doce e gentil. Por ser uma filantropa ela adotou 4 crianças órfãs e as criou como se fossem do casal. Mas, entre uma adoção e outra o marido contratou um guarda costas, que havia se aposentado de sua carreira de espadachim e começou uma nova vida, O Lobo Prateado virou um lobo solitário. Este, era o grande amor da vida da mulher de cabelos brancos. Eles se envolveram em um tórrido romance, mas, a boa índole daquele homem não podia aceitar o fato de ela ser casada e acabou abandonado o cargo. E ela não podia deixar a vida ao lado dos filhos e tudo o que havia conquistado. Deste romance acabou nascendo uma linda menina de olhos azuis como os do pai dela, um azul metálico e cabelos brancos como os da mãe dela. O marido assumiu como se fosse dele, porque ele sempre soube do amor que eles sentiam, o pai verdadeiro entretanto nunca soube da existência da filha e seguiu sua vida...

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