14 - Entre a Razão e a Sensibilidade

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A situação entre Hachi e Dazai ficou um pouco estranha. Mas, ele jamais a forçaria a nada. Mesmo assim, ele tentou manter tudo como era. Ela por outro lado queria cortar relações antes que a situação ficasse pior. Começou a procurar um lugar para ficar.

Ela levantou cedo e começou a procurar por classificados no jornal. Como ele não era bobo, percebeu do que se tratava devido estranheza que o clima ficou.

Ele sentou-se diante dela pela manhã e ficou a encarando por um longo momento até ela perguntar.

-O que foi?

-Nada. - Ele mantinha a expressão serena.

-Então, por que está me olhando assim.

Ele mudou a expressão em um milésimo de segundo.

-Você quer ir embora daqui?

Ela pôs o jornal sobre a mesa e ficou de cabeça baixa.

-Eu tenho que sair daqui algum dia. Não posso ficar aqui para sempre.

-Eu fiz algo para você? - Ele ficou pensativo.

-Não. Não é isso... É que... - Ela olhou para os olhos intensos dele e se perdeu em sua frase por alguns segundos. - Eu não posso.

-Seja sincera, por favor.

-Eu criei expectativas demais. É isso. Meu foco é outro e eu estou me perdendo.

-Não tem nada a ver com o homem que você encontrou outro dia? Não me deve explicações sobre isso. Você é livre. Se quer ficar com outras pessoas tudo bem...

-Como sabe...? - Ela ficou surpresa.

-Você chegou com as bochechas coradas e com um cheiro de um perfume que não era o seu. Correu direto para o banheiro para tomar banho, o que significa que saiu apressada.

-Você é mesmo um detetive... - Ela abaixou a cabeça. - Me desculpa, eu fiquei confusa demais.

-Mas... - ele tocou as mãos dela. - Você estar com outro homem me incomoda de fato... saber que outro homem tocou seu corpo... - Ele levou a mão dela aos lábios e deu um beijo de leve.

Ela ficou olhando para os olhos intensos dele, enquanto o mesmo acariciava a mão dela.

-Eu, queria que você fosse só minha.

Ela ficou vermelha. Ele era de fato um homem muito sedutor, e ela não conseguia resistir por mais que tentasse. Ele se levantou e se aproximou dela, com ela ainda sentada ele se curvou diante dela e lhe deu um beijo intenso nos lábios.

Ela queria se livrar daquele sentimento, mas não conseguia. Parece que toda vez que tentava ficar longe dele, o sentimento criava raízes profundas.

-Eu tenho que ir. Mas, eu queria te pedir uma coisa. - ele começou a dizer.

-O que? - Ela mantinha o olhar fixo nele.

-Fica aqui comigo, pelo menos até eu provar que realmente não tive nada a ver com a morte de sua família.

-Eu acredito em você...

-Não. Eu DEVO isso a você. Você fica?

-Sim...

Hachi parecia hipnotizada por ele. Ele era estranho, bizarro, egocêntrico, dissimulado, estrategista, um maníaco suicida, extremamente negativo e deprimente, mas por alguma razão toda vez que ele olhava para ela era como se ele lesse cada detalhe da alma dela.

(...)

Hachi recebeu uma tarefa para resolver no porto da cidade. Estava atrás de informações sobre um determinado contrabandista que aparentemente trazia mulheres de outros países em containers.

Ela andava sorrateiramente de olho no alvo. Quando viu uma figura conhecida de longe. Ela correu até a pessoa.

-Hiei!

-Oi, Hachibu. A quanto tempo. - O homem se aproximou devagar olhando para os lados.

-Me desculpe... eu devia ter ao menos te ligado.

-O que tem feito, Hachibu? - a voz dele era firme.

-Atrás de informações.

-E o que descobriu? - O Homem tinha as mãos no bolso e estava de óculos escuros.

-Nada em especial ainda. - Hachi ficava intimidada na presença dele, de certa forma.

-Você sempre foi uma péssima mentirosa! - Ele disse alterando a voz.

-Não estou mentindo.

-E o Dazai? O homem que você deveria matar?

-Eu... olha. Hiei. Ele não é o assassino.

-Como é? - O homem ficou visivelmente irritado.

-Ele não fez isso. - Hachi ficou pressionada.

-Como você sabe??

-Eu, o conheci melhor. Além do mais, tem muitas pontas soltas.

-Foi o que ele disse pra você? - a voz saía como navalhas.

-Não... -Hachi estava se encolhendo.

-Hachibu não mente pra mim! Acha que não sei? Esta dormindo com ele! Na casa dele!

-Como você sabe disso?

-Você não é nada discreta quando está bêbada! Está na casa dele! O que ele disse pra você? Que te ama? Aquele homem não ama ninguém! Nem a si mesmo!

-NÃO É NADA DISSO!

-Sua família se revira no túmulo quando você se deita com o assassino deles!

-Como você tem tanta certeza? Você o viu? - Hachi estava se irritando.

-Eu vi! E você continua cega! Eu treinei uma fracote! Uma covarde! Ele te disse meia dúzia de palavras e você se esquece de tudo!

-HIEI, NÃO FALE COMIGO COMO SE EU TIVESSE 15 ANOS! - Ela finalmente se soltou.

-ENTÃO NÃO AJA COMO SE TIVESSE!

-Hiei, eu te respeito, sou grata por tudo, mas eu vou até o fim! Se ele mesmo for o culpado eu o matarei, custe o que custar.

-Então colha o que você plantar. Quando ele te destruir!

-Eu sinto muito Hiei! Mas, eu sou responsável pelos meus atos.

Ela viu o homem se afastar e depois ela seguiu o caminho oposto. Hachi se sentia mal, mas não podia se apegar apenas a hipóteses. Ela queria a verdade absoluta.

(...)

Longe dali, Dazai entrou no escritório da agência carregando uma pasta de documentos. Parou diante de Rampo, um dos integrantes mais antigos e respeitados da agência. Um rapaz com aspecto alegre, de cabelos pretos e olhos verdes. Era baixo e embora muito jovem ele já tinha 26 anos. Apesar de não ter nenhum poder especial ele era muito bom em deduções. O que o fazia literalmente o melhor detetive do país.

-Ranpo! Que bom te encontrar aqui.

-Ah, olá Dazai. - Ele disse enquanto pegava mais uma batatinha de seu salgadinho.

-Você tem alguma tarefa por hoje?

-Não. Por que? - Rampo disse preguiçosamente

-Preciso que resolva um caso para mim.

-Um caso? - Rampo arregalou os olhos

-Sim. Um caso de sete anos atrás.

-Um caso antigo? Desafiador. - Rampo ficou interessado.

-Você tem o tempo que precisar, isto é tudo que eu tenho até agora. Todos os nomes, fotos, documentos.

-Huum interessante.

-Eu vou indo.

Dazai largou os documentos e saiu devagar e acenando para Rampo.

-Ah, Dazai. Esse nome aqui não tem um sobrenome? "Hiei".

-Tenta "Hiei Miura".

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