25 - Fantasmas do Passado

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Hana seguiu para o endereço que o Mestre das Armas havia lhe dado. Ela começou a perceber que as pessoas que ela precisava estavam todas longe de Suribachi. A casa da senhora ficava na região leste de Yokohama. Ela acabou chegando em uma floricultura bem discreta. Ela entrou na floricultura e foi observando calmamente.

A senhora dona do local regava um vaso de camélias. A mulher já de idade avançada olhou para Hana e seus olhos se iluminaram.

-Deus do céu. - Ela disse se aproximando de Hana.

-Você é a Koizumi Kendo? - Hana perguntou meio seca.

-E você é a filha dela né? Eu sempre soube que estava viva! Mesmo que dissessem o contrário!

-Eu sou a Hana...Minha mãe... você realmente a conheceu?

-Momo. Você é tão linda quanto ela, seu rosto é igualzinho ao dela.

-Senhora Kendo, eu vim porque preciso de ajuda.

-Me chame de Koizumi. E eu estive esperando por muito tempo por isso.

-E quando podemos começar?

-Agora mesmo. Vou fechar a floricultura.

Koizumi foi leal a família de Hana. Na verdade ao avô. Ela era a Dama das Camélias, a maior assassina dos Mantos Negros. Com mais de 70 anos, havia se aposentado a alguns anos e abriu uma floricultura discreta para viver o que restava de vida.

Hana começava a sua busca por melhoras e aliados. Koizumi a guiou para um local afastado. Neste local, havia um pequeno lago e o silêncio era muito grande, embora a cidade fosse barulhenta e movimentada. Ela e Hana sentaram-se em frente ao lago em pose de meditação.

Hana treinava todos os dias com Koizumi a acompanhando. Quem via a velha senhora não dava nada por ela, mas, era agil, forte e conhecia bem o poder de Hana.

As duas estavam preparando o jantar quando Koizumi pediu.

-Você poderia ir ao mercado aqui perto para comprar cebola?

-Claro, tem um aqui perto né?

-Tem sim!

Hana caminhou até o mercado. Andou lentamente pelas prateleiras tomando certo cuidado com quem estava ao seu redor. Quando alguém chamou seu nome.

-H-hana?

Hana se virou para ver quem te chamava e o rosto de Himeno em choque a surpreendeu.

-Meu Deus! - a jovem começou a chorar. - Eu sempre acreditei!

Hana se aproximou tentando fazê-la ser um pouco mais discreta.

-Vem, vamos conversar ali fora.

Ela guiou a ex-amiga até o lado de fora do supermercado. Himeno estava em choque e estava quase desmaiando como se tivesse visto um fantasma. Hana a sentou em um banco do lado de fora e tentou acalmá-la.

-Himeno, por favor. Eu sei que devo explicações.

-Eu devo estar louca, eu fui até seu velório! E-eu...

-Himeno. Vem, vamos a uma lanchonete, beba uma água e te explico tudo.

A jovem cheia de energia e que amava uma adrenalina agora era uma jovem universitária, aspirante a médica. Os cabelos antes curtos agora eram longos e ela tinha um aspecto triste e cansado.

Ela sentou-se diante de Hana ainda perplexa.

-Estava viva, este tempo todo? - Himeno custava a falar.

-Sim.

-E você nunca me procurou?

-Minha família foi assassinada. E eu fui "salva" pelo homem que arquitetou todo o plano.

-Que loucura Hana! Isso é...! - Himeno ainda está atônita.

-Minha família era a base de uma organização mafiosa. Meu pai era o líder dos Mantos Negros.

Hana continuou a contar tudo em detalhes para uma ainda perplexa Himeno que não acreditava em tudo o que ouvia. Ela passou os últimos 7 anos lamentando a morte de uma amiga querida e agora ela estava ali diante dela, completamente mudada. Cheia de ódio, de raiva, de rancor. Elas eram amigas inseparáveis, rindo de uma da outra. Agora, ela mal a reconhecia.

-E é isso, Himeno. Conto com sua discrição.

-Hana... eu não sei o que dizer. Você poderia ter procurado a polícia!

-Para que? Eram todos corruptos!

-Poderia ter ido até minha casa, meu pai te acolheria!

-Não, Himeno! Ir até lá só colocaria uma alvo nas costas de vocês.

-Teríamos dado um jeito... - Himeno ainda chorava.

-É tarde demais Himeno. Eu sinto muito.

-Para que se vingar? Isso não vai trazer sua família de volta...

-Não vai Himeno! Mas, vão poder descansar em paz!

-Mas... e quanto a você? - Himeno olhava para Hana com pesar.

-Eu? O que? - Hana ficou irritada.

-Quem vai dar descanso para sua alma?

-A vingança vai. - Hana tinha o olhar frio, apático.

Himeno lamentou a frase. Hana estava vazia por dentro. Apenas movida pelo ódio. Não havia alegria, nem brilho no olhar, nem esperança. Hana era movida apenas pela vingança.

-Bem, acho que encerramos por aqui, Himeno. Foi bom te ver. Eu gostaria de saber mais sobre você. Mas, eu não posso mesmo envolver você nisso. É melhor assim.

Hana se levantou e Himeno ficou lá olhando para ela buscando uma forma de entender tudo. No fim, Himeno apenas disse.

-Hana, ainda dá tempo. Tem coisas que não valem a pena.

-Não faz ideia de como eu me sinto!

-Não. Mas, sempre tem jeito de recomeçar. Se algum dia você não tiver para onde fugir, sempre estarei aqui por você.

Hana não respondeu e saiu sem olhar para trás. Himeno ficou lá sentada por um bom tempo. Ela lamentou tanto por Hana que sentiu como se ela tivesse morrido de novo naquele dia.

No caminho, Hana percebeu que estava sendo seguida por dois homens. Já quase chegando na floricultura ela rendeu os dois homens. Furiosa, ela acabou matando os dois com o poder do Shinigami e depois puxou os corpos para o beco.

Koizumi viu tudo da janela e apenas abaixou o olhar. Hana entrou falando com alguém ao telefone solicitando a "limpeza" do local.

Ao perceber a expressão de desagrado de Koizumi ela retrucou.

-Então, vai ficar me espionando?

-Havia necessidade disso? - Koizumi disse triste.

-Havia sim. Se eles não morressem diriam onde eu estava.

-Cuidado Hana.

-Não estou disposta a ouvir seus sermões!

-Não é sermão Hana. É um conselho. Você veio procurar minha ajuda e estou ajudando. Mas, não concordo com atitudes como esta.

-E como espera que eu acabe com o Alacran?

-E precisa matar? Tudo vai ser um banho de sangue no final?

-Ele vai ser só mais um!

Koizumi se aproximou de Hana e disse seriamente.

-É um caminho sem volta menina. Pode ser hoje, amanhã, daqui 3 anos, você será consumida por todo esse rancor e terminará seus dias sozinha.

-Está me amaldiçoando, Koizumi?

-Não. É apenas um fato. De quem já passou por isso. Olhe bem ao redor, sou uma velha de quase 70 anos, a não ser minhas flores, o que eu tenho?

Koizumi deixou Hana e saiu para a cozinha. Um dia ela havia sido uma das maiores assassinas do mundo, agora estava ali, sozinha tentando apagar um passado manchado em sangue. Ela temia pelo futuro de Hana. Não havia recompensa para pecadoras como elas.

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