Capítulo 59

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[...]

De manhã, fui para meu escritório com Maya.

Bruno: a gente... Precisa conversar - ela endireitou a postura e ficou tensa - é que - respirei fundo.

Maya: você está me deixando preocupada, Bruno.

Bruno: houve uma nova tentativa de fuga, no presídio - acariciei suas mãos - Dulce se envolveu no meio da confusão.

Maya: ela fugiu? - perguntou baixo.

Bruno: não. Mas - limpei a garganta - Dulce acabou sendo assassinada por uma das outras detentas - eu não conseguia ler sua expressão - se dependesse de mim, você nunca ficaria sabendo disso. Mas é que alguém precisa ir fazer o reconhecimento do corpo. Eles exigem que seja alguém da família.

Maya: e só sobrou eu - concordei.

Bruno: é - ela concordou.

Maya: podemos ir hoje? 

Bruno: podemos sim. A gente troca de roupa e vai - ela concordou e subiu. 

[...]

Maya não disse nada o caminho todo. Ficou olhando pela janela até chegarmos. O clima no presídio ainda era tenso.

> Maya <

Bruno foi dirigindo. Eu não sabia o que fazer, o que falar, nem o que sentir. Ela não era uma pessoa boa, longe disso. Mas ainda era a única pessoa da minha família que tinha sobrado. Bem, parte disso, graças a ela. Fomos levados para dentro rápido. O clima estava tenso no presídio. Barros já estava lá. Eu e Bruno fomos levados para outra sala maior. Vários corpos estavam dentro de sacos fechados. Um homem cumprimentou Bruno com um aceno de cabeça e nos levou até um corpo, no canto da sala. Era ela. Nem assim, a expressão em seus rosto mudava. Acho que nunca vi outra coisa em seu rosto, que não raiva. Ela tinha arranhões e hematomas no rosto, além de um buraco na garganta. Provavelmente, era o ferimento letal. Bruno colocou a mão em minhas costas. Olhei para o homem e concordei. Ele repetiu o gesto e fechou o saco. Enxuguei o rosto e caminhei apressada em direção à saída. Tentei abrir a porta do carro, mas estava travada. Me virei e Bruno estava bem atrás de mim. Ele esticou a mão, mas recuei.

Maya: não fala nada. Por favor - ele concordou - destrava a porta - ele me entregou a chave. Destravei a porta e entrei no carro. Travei as portas de novo. Minha respiração estava acelerada. Me abaixei e deixei sair. Parecia que eu estava chorando por todas as vezes que senti vontade, por causa dela, mas não fiz. Pela minha mãe, pela minha irmã. Ela era minha irmã! Chorei até a cabeça doer, até minhas pernas e braços ficarem moles. Me levantei. Bruno estava encostado na porta do carro. Destravei as porta e ele se virou. Abri a porta e o empurrei, antes de vomitar. Bruno abriu mais a porta do carro e segurou meu cabelo. Vomitei de novo. 

Bruno: Barros, arruma água para ela.

Barros: tá bom - ouvi ele sair apressado.

Maya: desculpa.

Bruno: não tem o que desculpar, amor. Tudo bem - olhei para ele. Bruno beijou minha testa. Ele pegou uma caixa de lenços no por luvas. Bruno enxugou meu rosto e limpou minha boca. Barros apareceu e me entregou uma garrafa d'água. Respirei fundo. Barros me entregou uma caixinha com chicletes e forçou um sorriso.

A Virgem do BordelOnde histórias criam vida. Descubra agora