Capítulo 60

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[...] 

Bruno tinha saído cedo com Alberto. Desde que descobrimos a gravidez, ele não tem saido muito e, quando sai, me pede para ir junto. Ele disse que hoje seria rápido e que não queria me tirar da cama. Eu desci para tomar café da manhã com Rosa e depois, nós ficamos juntas na cozinha, conversando.

Ouvimos a campainha.

Rosa: menina, se importa de abrir?

Maya: claro que não, Rosa - ela sorriu e eu fui até a porta. Um homem mais velho estava do lado de fora.

Xy: com licença - ele me olhou dos pés à cabeça, parecia confuso - Bruno Fontana ainda mora aqui?

Maya: sim, mas ele não está. Por quê? - ele estendeu a mão e nos cumprimentamos.

Xy: perdão, eu sou Joseph. Conheci Bruno quando ele ainda era uma criança, mas perdemos contato, muitos anos atrás.

Maya: eu sou Maya, esposa dele.

Joseph: então o garoto se casou? Me desculpe a intromissão, mas você está grávida, não é? Sei que não se pergunta esse tipo de coisa, mas...

Maya: eu estou grávida.

Joseph: uau! - ele riu e negou com a cabeça - se importa se eu esperar por ele?

Maya: não, tudo bem - ele concordou e se sentou em uma das cadeiras da varanda da entrada - escuta, por que não entra? O almoço deve sair logo.

Joseph: não precisa, não quero incomodar.

Maya: vou ficar bem incomodada se ficar do lado de fora - ele riu e concordou.

Joseph: tudo bem - ele se levantou e nós entramos - você é bem gentil, para a esposa de um homem como Bruno.

Maya: obrigada. Mas você disse que perdeu contato com Bruno há muitos anos. Como pode saber que tipo de homem ele se tornou? - ele ergueu as sobrancelhas.

Joseph: você está certa. Ele era um garoto bom. Espero que os negócios não tenham corrompido ele.

Maya: ah... Então você é esse tipo de cara?

Joseph: eu era. Não se preocupe, não vim para fazer mal a ninguém. Os seguranças da entrada me revistaram e eu não trouxe nenhum tipo de arma.

Maya: que bom para você. Assim, vai ter a oportunidade de comer a carne assada que Rosa está fazendo - ele riu.

Nós almoçamos juntos e conversamos. Rosa o encarou durante todo o almoço, como se o conhecesse mas não conseguisse lembrar de onde.

Joseph: é o primeiro filho de vocês?

Maya: bem, sim. Eu tive uma gravidez alguns meses atrás mas - dei de ombros.

Joseph: eu sinto muito. Eu e minha esposa também perdemos um. Tivemos quatro filhos saudáveis depois - ele sorriu.

Maya: então você é casado.

Joseph: viúvo. Eu a perdi alguns anos atrás. Câncer.

Maya: ah, eu sinto muito. Perdi a minha mãe para o câncer também.

Joseph: você pareceu hesitar para dizer essa frase.

Maya: é uma história longa, complicada e cheia de furos - nós rimos e ele concordou.

Joseph: faça um resumo, talvez eu entenda - ergui as sobrancelhas.

Maya: minha tia era minha mãe e minha mãe era minha tia. Minha prima na verdade era minha irmã. Minha prima morreu porque ela descobriu que éramos irmãs e queria me contar, a mãe dela deixou que um louco a matasse. Já a minha mãe ficou doente e minha tia não deixou que ela buscasse tratamento até não aguentar mais e depois ainda trocou seus remédios por placebo. Depois, ela tentou me matar para ficar com o meu marido. Nada disso importa mais, porque as três estão mortas. E eu não faço a menor ideia de quem seja meu pai - ele me olhava com os olhos arregalados.

A Virgem do BordelOnde histórias criam vida. Descubra agora