O dia da Páscoa

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Março de 1993

Quando eu disse que: se não fosse difícil, não seria minha vida. Eu não estava brincando.

Após aquele momento no parque, eu não vi Jisung o resto da noite. E por ele ter ficado trabalhando até tarde, não vi ele no dia seguinte também, porque ele estava cansado e eu respeitei seu tempo.

Eu jurava que ia conseguir falar com ele na segunda-feira, mas vocês me acreditam que ele ficou doente? Ele pegou uma gripe (não se preocupem, naquela época não existia Covid) e teve que ficar internado porque estava com febre altíssima - e também, porque sua mãe trabalhava no hospital e não tinha outra pessoa pra cuidar dele.

É claro que eu fiquei preocupadíssimo e queria ir visitá-lo, mas como falar isso para minha mãe? Então no fim, acabei indo pra escola mesmo.

Ele ficou nos hospital três dias e permaneceu de atestado o resto da semana.

Aí na semana seguinte, quando minhas esperanças de conversar com ele ressurgiram, recebi outro balde de água fria na cara e esse balde se chama: Páscoa.

Minha família tinha uma mania de se reunir em todos os feriados possíveis. Até naqueles que nem é considerado feriado! Eu não duvidava se eles falassem que queriam se reunir no Dia dos Namorados.

E eu acho que a família de Han Jisung era do mesmo jeito, pois mal ele melhorou da virose e foi viajar.

Então, eu estava ali em uma linda tarde de domingo ensolarada e um pouco quente com toda a minha família na minha casa. Como todo adolescente, eu estava muito contente com essa situação - sintam a ironia.

Eu não tinha uma família muito grande, minha mãe era filha única e meu pai só tinha dois irmãos: um homem e uma mulher. O que ferrava era que cada um tinha dois filhos.

Naquele momento, eu estava sendo a própria muralha humana, tentando impedir que uma capetinha de 5 anos pegasse meus bonequinhos dos Power Rangers que viravam a cabeça - esse tipo de brinquedo na época, era de uma tecnologia imensa e foram os únicos brinquedos caros que eu tive, então é claro que eu tratava eles como um tesouro.

- Venham almoçar. - minha mãe chamou na porta.

E eu dei graças a Deus que a comida chamou a atenção daquele filhotinho de satanás e ela foi correndo pra cozinha. Eu saí do quarto e tranquei a porta de chave, pois não sou besta.

Mas quando me virei e consegui ter a visão do que acontecia na cozinha, eu fiquei paralisado com os olhos do dobro do tamanho e com meu coração apostando corrida com meus pulmões.

Han Jisung estava lá.

Ele estava em pé, próximo de sua mãe e irmã, de frente para minha visão. Usava uma camiseta social branca, com três botões abertos (quase tive um ataque cardíaco), uma bermudinha jeans clara, com apenas um lado da camiseta pra dentro e o outro amarrotado para fora. Seus cabelos levemente bagunçados e seus olhos estavam fixos nos meus, com um sorriso simples nos lábios, que não mostrava os dentes. Jisung estava simplesmente belíssimo.

- O que você tá fazendo aqui? - foi o que consegui falar depois de uns trinta segundos.

- Minho! Olha o jeito que você fala com as visitas! - minha mãe me corrigiu.

"Visitas?"

- Eu chamei eles pra almoçarem com a gente, já que chegaram de viagem agora. - ela explicou.

Meu olhar novamente encontrou o de Han e havia uma pequena expressão de orgulho em seu rosto, como se dissesse: "eu sei que você tava com saudade de mim" e o pior é que ele não tava errado.

Coração Desastrado - MinSungOnde histórias criam vida. Descubra agora