As lembranças do nosso bebê azarado - parte 1

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AVISO: Tem uma leve insinuação de sexo, então caso não goste de ler, não leia a parte que está em itálico

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Dezembro de 2021

- Caralho! Aconteceu tudo isso num dia só? - Hyunjin pergunta com os olhos arregalados.

- Pois é, pra gente foram só uns episódios isolados. - Jeongin comenta.

- Cada um tem uma perspectiva, né? - Minho disse. - O que aconteceu contigo naquele dia, Jeongin?

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As lembranças de Yang Jeongin

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Maio de 1993

Poxa, de tantas pessoas no mundo, por que eu era tão azarado? Parece que eu passei trinta vezes na fila do azar antes de nascer, porque puta que pariu!

A começar por: meu pai morreu no dia do meu aniversário, enquanto estava indo comprar um presente.

Isso mesmo, eu tinha uns 5 ou 6 anos e pedi que meu pai me comprasse um carrinho, mas ele esqueceu, só lembrou quando chegou em casa. Eu comecei a chorar, é claro. Então pra me tranquilizar, ele decidiu ir comprar.

Estava chovendo e já era de noite. Meu pai tinha miopia e acabou esquecendo os óculos em casa por causa da pressa. O resultado disso tudo? A moto do meu pai estraçalhada no meio da pista e ele do mesmo jeito ao lado dela.

Perder o pai tão jovem, com certeza me trouxe vários problemas e traumas. Até mesmo hoje, eu não consigo andar de moto e quando chove, às vezes tenho crise de ansiedade - não vou nem comentar o que acontece quando é o meu aniversário.

Mas eu não fui o único que sofreu com a perda. Claro que não. Minha mãe sofreu muito mais, o dobro, o triplo, infinitamente mais. Teve que voltar a trabalhar, porque só o dinheiro que ganhávamos de pensão, não tava dando. Ela voltou a ser secretária na mesma empresa em que trabalhava antes de eu nascer (onde conheceu meu pai) e por isso, raramente estava em casa, sempre atolada em trabalho, era como se só existisse ela naquela empresa.

A maior parte da infância eu passei aprendendo a me virar sozinho e aturando suas crises de raiva e choro. Às vezes ela me batia e eu nem sabia o porquê de estar apanhando, mas aceitava porque imaginava que o dia dela tinha sido muito mais difícil que o meu.

Cresci com medo da minha mãe. Eu não a respeitava, eu temia ela. Nunca aprontei nada, porque era só alguém ameaçar chamá-la, ou contar o que eu tinha feito, pra eu me tornar um anjo.

Não confundam isso com respeito, era só pavor mesmo.

Por isso, com 15 anos, eu nunca tinha beijado, bebido, saído de madrugada, namorado e até mesmo, não tinha uma nota vermelha no boletim.

Quem via de longe só achava que eu era um garoto obediente, santinho e comportado, mas não sabiam que eu estava sufocado naquela vida que levava.

Eu queria tanto virar logo adulto, começar a trabalhar e sair de casa pra poder viver em paz, sem brigas, sem choros, sem reclamações. Eu queria muito amadurecer! Só não sabia que eu ia ser forçado a isso.

Foi quando eu conheci aquela menina de fita nos cabelos e que parecia sempre estar feliz. Toda vez que eu a via nos corredores da escola, ela estava sorrindo, contando piadas. Acho que posso me considerar um stalker porque meu hobby favorito era ficar observando aquela garota de longe.

Coração Desastrado - MinSungOnde histórias criam vida. Descubra agora