O dia em que conheci a dualidade de Han Jisung

333 53 23
                                    

Fevereiro de 1993

- HAN JISUNG!!! - Gritei, sem tirar o dedo da campainha, causando um barulho ensurdecedor.

Aquela era a trigésima vez que eu chamava ele, eu já estava de saco cheio e sentindo o ódio, a raiva e a inquietação me consumindo por inteiro.

O lado ruim dessas duplas de escola que são escolhidas pelos professores, não é só o fato de você não poder ficar mais tempo com os seus amigos, mas também porque eles sempre escolhem pessoas que não tem a mesma vibe que a sua.

E eu não sei vocês, mas eu sempre tive dificuldade em trabalhar em equipe com quem tinha a mesma vibe que eu e com quem não tinha, era pior ainda.

Era sexta-feira, 18:00 e eu tinha passado das 17:00 até aquele momento, tentando chamar o Jisung para ir fazer a atividade que o professor de inglês tinha passado (um questionário de 50 questões, 25 para cada um da dupla, para entregar na semana seguinte), mas ele sequer abriu a porta!

Porém, eu sempre fui muito insistente e se ele queria ser ganhado no cansaço... ah, meu amor... eu ia fazer ele se cansar. E muito (isso ficou meio errado, mas releva).

E quando eu já tava desistindo, sentindo minha garganta coçar de tanto gritar e a raiva me invadir ao ponto da minha pele ficar vermelha, Han Jisung abriu a porta.

Mas não um Han Jisung normal e sim, um Han Jisung ofegante, cabelos pregando na testa que estava suada e seu tronco desprovido de vestimenta, me dando uma visão que eu nunca imaginei que veria no Jisung.

Ele tinha ombros largos, peitos um pouco inchados e em sua barriga um pequeno delineado de gominhos fazia sombra, dando indícios que dali a um futuro bem próximo, Han Jisung teria um ABS perfeito.

Como as roupas enganam... sempre achei que ele era um palito. Mas ele é um gostoso... Pensei, engolindo em seco e quase automaticamente desviando meu olhar para seu rosto, evitando encarar seus olhos, pois parecia que com qualquer contato visual mínimo, ele conseguiria ler minha mente e só de imaginar ele me zoando por achá-lo gostoso, eu queria morrer.

Ao mesmo tempo em que me corroía essa ideia de ele sequer imaginar o que eu tinha pensado, eu me perguntava por quê eu estava tão preocupado com isso. Era normal achar uma pessoa gostosa, não tinha nada de estranho nisso... certo?

- Porra, Minho. O que tu quer agora? - perguntou, parecendo tão estressado quanto eu estava segundos atrás.

Revirei os olhos e respirei fundo, afastando aqueles pensamentos da minha cabeça. Ele podia ser bonito, mas era só abrir a boca que sua beleza acabava.

- Você é louco ou esqueceu que somos uma dupla? - perguntei irritado, cruzando meus braços.

- Não esqueci.

- Ótimo, então é louco.

Ele imitou a minha pose.

- Vamos fazer o dever de inglês. - perguntei, ou melhor, ordenei.

- Tô ocupado. - respondeu simplesmente.

- Com o quê?

- Não tá vendo? - ele apontou pra si mesmo.

Vendo Jisung naquele estado, sabendo que ele estava sozinho em casa, pois sua irmã ainda não tinha chegado da faculdade e sua mãe ainda estava no trabalho, eu só conseguia pensar uma coisa: Ele acha que bater punheta é mais importante do que fazer a porra da atividade de inglês?

- Ainda não terminei minha sequência de exercícios do dia. - disse por fim, se virando pra entrar em casa e deixando a porta aberta num convite silencioso.

Coração Desastrado - MinSungOnde histórias criam vida. Descubra agora