O dia em que escapei fedendo

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Maio de 1993

Assim que saímos do teatro da escola, já encontramos o diretor.

- Que demora! - ele reclamou nos analisando dos pés à cabeça... talvez tenha notado nosso estado.

- Estava experimentando roupas, senhor - Jisung respondeu, educado.

- Entendi... - ele me olhou em dúvida, mas no fim deu de ombros e começou a andar. - Vamos para diretoria, os pais de vocês já estão lá.

Eu e Han trocamos olhares desesperados como se estivéssemos prestes a enfrentar a morte.

E bem... era quase isso. Eu estava acreditando fielmente que meu pai iria me matar caso descobrisse do nosso namoro. Então pra mim, eu ia morrer na diretoria mesmo.

Parando pra pensar agora... que péssimo lugar para morrer! Tanto canto pra me matar, ele iria me matar justo na escola? Imagina, eu chegando no céu e todo mundo contando onde morreram, uns dizendo de avião, ou dizendo que morreram dormindo em casa... e eu lá dizendo: "meu pai me matou na diretoria da escola".

Que humilhação!

Mais humilhado que isso, só quem morreu pelado no banheiro.

E mais que eles, só quem morreu cagando.

Será que alguém já morreu cagando?

Enfim, tô viajando, vamos voltar a história.

Mesmo apavorados, eu e Jisung nos encaminhamos fingindo plenitude para a sala da direção. Quando chegamos lá, nos surpreendemos ao ver que não estavam só nossos pais, como também os pais de todos os alunos. E tinha alguns alunos lá também.

Nosso grupinho da bagunça estavam todos com a mesma cara de medo que a nossa. E também, as três pessoas que não assinaram nosso protesto.

Mean, preciso nem dizer porque ele não assinou;

E as irmãs: Jisoo e Jennie.

Elas não assinaram, pois eram evangélicas. Disseram que ir contra as ordens da escola era desobediência, desobediências era pecado e elas não queriam ir pro inferno.

Elas eram daquelas fervorosas que não usavam nenhum tipo de maquiagem, não faziam nada no sábado e adaptavam até a saia do uniforme para ser maior do que já era.

As saias já iam até quase os joelhos, as delas passavam do joelho e iam até a metade da canela.

A coisa mais ridícula, desculpa a sinceridade.

Mas quem sou eu pra julgar?

Ao lado delas, estava um casal: uma mulher que vestia os mesmos tipos de roupa e um homem que por algum motivo estava com uma bíblia na mão.

- Pronto, esses são os meninos que faltavam - o diretor informou. - Sentem-se perto dos pais de vocês.

Sentei numa cadeira entre eles e Jisung sentou ao lado de sua mãe, que estava perto da minha, então ele ficou ao meu lado também.

As cadeiras circulavam a sala da direção, sendo assim, estávamos mesmo de frente aos projetos de freiras.

Eu não tava entendo nada. Não sabia o porquê de ter sido chamado ali. Se eles tivessem descoberto meu namoro com Jisung, pra quê chamariam um pastor?

"Ai meu Deus! Será que roubaram a ideia da noona e ele realmente vai tentar expulsar o demônio do meu corpo?", pensei.

- Bom, vocês foram chamados aqui, porque fiquei sabendo que lideraram um abaixo assinado. - o diretor explicou.

Coração Desastrado - MinSungOnde histórias criam vida. Descubra agora