O dia em que deu ruim

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Maio de 1993

Acordar pela primeira vez com Han Jisung definitivamente... frustrou todas as minha ideias de romance.

Essa história de acordar sorridente, se beijando e ficar de amorzinho, é pura balela! Na verdade, você acorda com a bexiga latejando, com o corpo todo torto e com algumas partes dormentes. Porque embora tenhamos ido dormir comigo em cima de Han, quando acordei, ele estava por cima de mim, fazendo meu braço formigar embaixo de sua cabeça.

Mas foi só eu olhar para o lado que todo meu mau humor matinal foi embora...

Han estava com a cabeça apoiada próxima ao meu ombro e a bochecha sendo espremida, fazendo assim sua boca ficar levemente aberta e escorrer uma babinha dali. Seu braço passava por cima dos meus peitos e sua perna pressionava minha barriga, me fazendo ter ainda mais vontade de fazer xixi, mas ele estava adorável.

Tão lindo que se provavelmente existissem celulares com câmeras naquela época, eu teria registrado aquele momento em uma foto, para carregá-la sempre comigo - talvez botasse até como papel de parede -, mas eu registrei na memória, que não é lá essas coisas, porém ainda me lembro perfeitamente de seus olhinhos fechados e sua respiração calma de quem está na mais plena paz.

Mas bom, eu não estava. Minha bexiga estava ali me lembrando de todos aqueles líquidos de origem duvidosa que tomei na noite anterior e eu precisava esvaziar ela, antes que acabasse tendo um acidente com meu namorado bem ali do lado.

Peguei em seu braço com cuidado o retirando de cima de mim bem lentamente para não acordá-lo. E obtive mais sucesso do que esperava, porque depois de eu colocar seu braço ao lado de seu corpo, Han por si só se virou para o outro lado, me libertando do aperto de suas pernas.

Mas existia um porém: meu braço dolorido ainda estava debaixo de sua cabeça. Como eu iria tirar dali sem acordá-lo?

Tentei puxar de leve uma vez, mas sem sucesso. Uma segunda e nada. Na terceira, eu consegui. Porém o movimento foi tão abrupto que Han quase caiu da cama, todavia consegui segurá-lo com a perna antes que isso acontecesse.

Ele acordou atordoado olhando para os lados.

- Terremoto? - foi a primeira coisa que falou, com a voz rouca de sono e os olhos do tamanho de uma bila.

- Bom dia, meu doce... - disse sem graça, atraindo sua atenção. - Eu só estava tentando tirar meu braço debaixo da sua cabeça e... - parei de falar, porque não parecia que Jisung estava me entendendo.

Ele me olhava com os olhos atentos e brilhantes como quem ver algo que nunca achou iria poder enxergar na vida.

- Por que está me olhando assim? - perguntei, sentindo as bochechas esquentarem.

Era como se ele fosse o Ciclope e raios lasers saíssem diretamente de seus olhos para as minhas bochechas.

- É real? - indagou, levando a mão pra tocar o meu rosto. - Você está mesmo aqui do meu lado? Com o rostinho amassado e os cabelos bagunçados?

Sua fala fez eu levar minha mão até a cabeça tentando domar a juba de leão em cima dela e isso arrancou uma risadinha de Jisung.

- Você está lindo. Não se preocupe. - alisou meu rosto e passou os dedos pela minha franja. - Nunca achei que eu fosse acordar ao seu lado de novo...

- De novo? - franzi o cenho.

Ué, aquela não era a primeira vez que dormíamos juntos?

- Você não lembra? - arqueou uma sobrancelha.

Coração Desastrado - MinSungOnde histórias criam vida. Descubra agora