Fevereiro de 1993
Domingo, 18:30, último dia das férias, tomei banho e fiz um lanchinho, como era minha rotina todo santo dia, me sentei em frente a escrivaninha do meu quarto, abrindo meu fichário e adicionando as novas folhas que havia comprado, na papelaria/biblioteca/café que tinha na rua da minha casa.
O cheirinho de papel recém-comprado, fazia meu coração ficar quentinho, quer dizer, até hoje faz. A sensação de poder pegar um livro novinho e inalar o cheiro de suas páginas é a melhor do mundo. Eu diria que purifica o pulmão mais do que bombinha de ar e também, desperta os nossos sentidos criativos da melhor forma possível.
Peguei minha caneta que pisca - que eu achava a coisa mais tecnológica do mundo, pois além de piscar, ela tinha uma borrachinha e eu conseguia apagar como se fosse um lápis -, começando a escrever aquela nova história que estava se formando nas profundezas da minha imaginação.
O primeiro amor é... Um sentimento incrível. Aquece seu coração e te faz
"Que merda!", pensei comigo mesmo. "Como eu posso falar de amor, se eu nunca vivi um?"
Batuquei meus dedos na página, pensando em como descrever esse sentimento que eu nunca havia sentido. Eu não queria nada clichê como "faz seu coração acelerar, suas pernas ficarem fracas e seu estômago revirar em ansiedade", descrições como essa qualquer um pode fazer. E eu não queria ser "qualquer um", eu queria um diferencial, queria algo que me fizesse ser único. Eu não me identificava com nada daquelas baboseiras.
Mal sabia eu, que o que me distanciava dos meus próprios romances, não era a maneira que eu definia suas emoções e sim, um pequeno detalhe, que naquela época, eu ainda não sabia.
Voltando a olhar para meu caderno, apertando bem a caneta entre meus dedos e respirando fundo, decidi tentar mais uma vez.
O pôr do sol já acontecia, e eu o observava com os pés batendo nas ondas do mar, enquanto eu amassava a areia entre meus dedos.
No momento em que o tom laranja tingiu o céu, eu escutei um barulho sendo proferido por algum sininho de bicicleta e olhei para o lado, percebendo então, que uma bicicleta em alta velocidade vinha para minha direção.Uma barulheira foi ouvida do outro lado da janela do meu quarto, fazendo assim, eu perceber que o chato do Jisung tinha chegado em casa. E não estava sozinho.
Estava com aqueles dois, que viviam na sua cola, eu não sabia se eles eram realmente apenas um grupo de amigos, ou se eram uma gangue. Vindo do Han, eu desconfiava de tudo e não duvidava de nada.
Voltei a prestar atenção nas letras que eu escrevia em meu caderno:
Ela desequilibrou ao tentar frear, por sorte, a bicicleta não chegou a me esmagar, mas a garota que estava montada nela, sim. Caiu de todo o corpo em cima de mim, me fazendo colidir contra a areia.
A menina, com seus lindos olhos perolados, me olhou e disse:
- É um e dois e três e vai!O quê?
Foi então que eu percebi, que eu tinha transcrito o que se passava do outro lado da minha janela.
Logo após essa fala, que foi proferida por algum amigo do Jisung, o som de uma bateria, misturado com uma guitarra e alguém berrando num microfone muito ruim, atingiu meus ouvidos, chegando até a dar dor de cabeça.
Tentei ignorar o barulho que de tão alto que era, parecia que estar dentro da minha casa. Era como se eles estivessem gritando bem pertinho do meu ouvido, com o plus de uma guitarra sem noção e uma bateria que só fazia barulho.
Não era possível que aquilo fosse considerado música.
Levantei e fui até a janela, me surpreendendo ao ver que nem aberta ela estava e mesmo assim, o som alto do lado de fora transpassava o vidro, a abri e tentei entender o que tava acontecendo.
Foi então que eu compreendi: o barulho vindo da bateria, estava sendo criado por Seo Changbin, um dos amigos esquisitos de Jisung. E aquilo, que era pra ser uma guitarra, que mais estava caindo aos pedaços e fazendo um som meio chiado, tava sendo conduzida pelo Girafão; Hwang Hyunjin. Já a voz de gato fornicando no telhado, era proferida, por ninguém mais, ninguém menos, que o próprio Han Jisung.
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Coração Desastrado - MinSung
FanficEm seu aniversário de 25 anos de carreira, Lee Minho, um escritor renomadíssimo, decide escrever sobre as experiências que passou em sua adolescência. Minho em seus 17 anos, só fazia três coisas em sua vida: estudava, lia e escrevia. Ele era muito b...