Maio de 1993
Passamos cerca de um minuto inteiro apenas nos encarando. Jeongin e Yeri estavam com uma expressão embasbacada - não tenho palavra melhor pra definir. Eles me encaravam como se quisessem que eu dissesse que era uma brincadeira, ou que estávamos sonhando.
Mas infelizmente aquele pesadelo estava muito longe de acabar.
Jeongin pareceu ter acordado de um transe, pois balançou a cabeça e direcionou seu olhar para Yeri, logo passando um braço por seu ombro e outro pela sua cintura, a abraçando fortemente. Foi então que a garota desabou em choro, apertando ainda mais meu amigo contra seu corpo.
Eu assistia àquela cena sem saber o que falar ou fazer, era um momento íntimo demais, me sentia como um intruso.
- Calma, vai dá tudo certo. - Jeongin repetia em diversos murmúrios.
- Meus pais vão me matar. - e ela fazia o mesmo.
- Gente... - chamei a atenção dos dois. - Vocês podem contar comigo, tá? E tenho certeza que com todos nossos amigos também, acho que até o professor Bang ajudaria...
- Nem pense nisso! - Yeri me censurou ríspida, até arregalei um pouco os olhos surpreso com sua forma de falar. - Desculpa. - murmurou. - Eu só quis dizer que não vamos contar a ninguém.
- Quê? Por que? - Jeongin estava tão confuso quanto eu.
- Porque eu não quero as pessoas falando de mim? - afirmou em ironia. - Vocês são homens, nunca vão entender o que uma mulher passa se um boato desse se espalha.
- Yeri... não é um boato... - falei quase que inaudivelmente.
- Eu sei. - ela engoliu em seco. - Preciso me acostumar com isso ainda.
- Mas, noona... nós vamos ter que contar a alguém, você precisa ir ao médico e não pode ir sem ninguém.
- Você é ninguém, por um acaso? - ela arqueou uma sobrancelha. - Você disse que ia ficar do meu lado, então nós dois podemos resolver isso sozinhos.
- Como vamos criar um bebê sozinhos, Yeri?! - Jeongin elevou um pouquinho o tom, parecia estar começando a se estressar.
- Não vamos criar um bebê. - Yeri expressou em um tom mórbido. E sua feição estava tão mórbida quanto sua fala.
Meus olhos se abriram tanto que até chegou a doer e acho que posso dizer o mesmo dos de Jeongin.
- O que você tá querendo dizer...? - ele perguntou quase sem voz.
- Eu vou tirar essa coisa da minha barriga. - ela respondeu. - Por isso, Minho. Não conte a ninguém.
Engoli em seco e assisti nitidamente a cor fugir do rosto do meu amigo.
- Eu... - falei. - Acho que vou nessa, vocês precisam conversar.
- Não, hyung! Fica aqui. - o tom dele era quase que desesperado.
- Não sei se essa conversa me cabe, IN. Mas depois vocês podem me dizer o que decidiram. Eu vou indo.
E fui em direção à porta, deixando os dois à vontade para conversar, aquela definitivamente não era uma situação que eles precisavam de um espectador.
Mesmo indo embora, meu coração não saiu daquela casa. Doeu ouvir Yeri dizer aquelas palavras, mas eu imaginava o desespero que ela sentia e eu não a julgaria caso sua decisão fosse mesmo aquela, porém mesmo assim ainda senti uma certa angústia.
Cheguei na escola e logo avistei Felix, ele estava sentado em um dos bancos batendo o pé freneticamente no chão.
- Graças a Deus! Você demorou tanto! - exclamou assim que me viu. - Cadê o Jeongin?
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Coração Desastrado - MinSung
FanfictionEm seu aniversário de 25 anos de carreira, Lee Minho, um escritor renomadíssimo, decide escrever sobre as experiências que passou em sua adolescência. Minho em seus 17 anos, só fazia três coisas em sua vida: estudava, lia e escrevia. Ele era muito b...