O dia em que fui no cinema com Han Jisung

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Fevereiro de 1993

Era domingo. 15 horas. E eu me colocava em frente ao espelho do meu quarto, após vestir a décima oitava combinação de roupa.

- Meu Deus, tá parecendo mulher! Anda logo com isso, Minho - meu irmão reclamava, colocando o centésimo chiclete na boca.

- Já tô indo, calma - respondi, voltando a me analisar, ouvindo ele bufar alto e sair do quarto.

Eu usava um suéter de lã cor salmão - já que estava um pouco frio e nós íamos prum cinema que tinha ar condicionado -, o cabelo pra baixo com uma touquinha cinza, uma calça jeans azul clara, dobradinha até um pouco acima do meu calcanhar, e um tênis vermelho all star cano alto.

Eu não sabia porquê eu estava me preocupando tanto com minha aparência naquele dia, mas foi só eu olhar pro lado e ver Jisung, se apoiando na janela do meu quarto, enquanto fazia um sinal de "jóia" com as mãos, admirando minha roupa, que eu me senti feliz. Como se meu objetivo tivesse sido alcançado. Qual objetivo? Boa pergunta.

- Gostei da touca - ele disse sorridente.

- Obrigado - sorri de volta.

Peguei uma caderneta, caneta e passei um pouco do perfume, que era um amadeirado e forte o suficiente pra você ter que borrifar apenas uma vez.

Eu não gostava de perfumes assim, preferia algo mais doce e sutil. Mas vai explicar isso pro homem de quarenta e lá se vai, que acreditava que homem de verdade não podia cheirar que nem mulher e me comprava essas coisas. Sim, esse era meu pai, que inclusive tava jogado no sofá da sala, só de bermudão.

- Então, quer dizer que vocês vão pro cinema? - perguntou a mim e ao meu irmão, assim que pisamos na sala.

- Sim. Eu, ele, a Hyo Joo e o Han Jisung - disse meu irmão, terminando de pôr um casaco.

- Hum... então é um encontro? - disse malicioso. - Por que você tá indo também, moleque? Vai atrapalhar seu irmão. - falou comigo.

- Talvez seja um encontro, não é nada certo. Minho tá indo porque a mãe dela não deixa ela sair só. E o Jisung pra fazer companhia a ele. - meu irmão explicou.

- E você precisa de uma graninha? - meu pai disse, já procurando a carteira.

- Seria uma boa, pra pagar a entrada do Minho. - disse o cara de pau do meu irmão.

Semicerrei meus olhos em sua direção. Ele havia prometido que ia pagar pra mim, mas ali estava pedindo dinheiro pro meu pai.

"É muita falta de vergonha na cara mesmo, viu?!", pensei.

Após meu pai lhe dar dinheiro o suficiente pra pagar a entrada de todo mundo e as pipocas com refrigerantes, saímos de casa, vendo que Jisung, a noona e a senhora Han, já estavam do lado de fora, nos esperando.

O Han estava distraído, olhando para baixo, enquanto chutava umas pedrinhas, com as mãos nos bolsos. E ele estava lindo e fofo.

Usava um moletom com capuz branco, macacão azul claro, que era um pouco curto no final da perna e dava pra ver sua meia cheia de bolinhas coloridas, um pouco acima do seu tênis, cano alto, estilo botinha, também da cor branca.

- Nossa, Minho. Toda vez que eu te vejo, você tá maior e mais bonito! - disse a senhora Han, admirada.

Eu não via muito ela, pois ela trabalhava como enfermeira no hospital da cidade e sempre estava de plantão. E quando ela estava em casa, era no horário que eu estava na escola e geralmente ela tava dormindo a essa hora também, então raramente a gente se via.

Coração Desastrado - MinSungOnde histórias criam vida. Descubra agora