Os dias da viagem - parte 5

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Abril de 1993

Já era madrugada à dentro e eu e meu namorado nos encontrávamos deitados - espremidos - nos colchonetes, ambos ainda de cueca e encarando o teto, tentando recuperar as forças.

Enquanto ainda sentia espasmos no corpo devido ao orgasmo recente, eu repassava cada momento que tinha acabado de viver.

Que voltas o mundo dá! Quem diria que aquele garoto que havia começado a noite com um coração partido, terminaria ela sujo de esperma após uma masturbação em conjunto?

Meus olhos acabaram passando pela lâmpada que iluminava todo o espaço onde estávamos e uma dúvida me veio à cabeça.

- Como tem energia aqui? Tu paga conta de luz? - perguntei com o cenho franzido.

- Não. Isso é uma engenhoca que meu avô inventou. Não sei como, mas ele transformou uma lanterna numa luz de teto. Aí é só trocar a bateria de vez em quando.

- Ah... interessante. Seu avô é eletricista?

- Não, ele é pobre. Pobre sempre dá um jeito nas coisas. - acabei soltando uma risada alta.

Virei meu rosto para olhá-lo. Ele ainda estava com as bochechas coradas, seus lábios se esticavam em um mini-sorriso involuntário e ele tinha uma áurea feliz em torno dele.

- Esse não parece ser o momento mais apropriado pra conversar sobre seu avô. - comentei.

- Também acho. - concordou e riu em seguida. - O que as pessoas conversam depois do sexo? - ele se colocou de lado no pequeno espaço que dividíamos.

- Não sei. - estiquei meu braço para que ele colocasse sua cabeça sobre. - Eu nunca tinha feito nada disso antes.

- Nem eu. - ele pensou por uns segundos. - Você... gostou?

- Não tá óbvio na minha cara?

- Depois eu que sou o grosso. - ele murmurou fazendo um bico chateado.

- Oh meu Deus! É brincadeira, meu doce. - abracei ele. - Eu amei, não vejo a hora de fazer de novo.

- Safado! - expressou risonho e beijou meus lábios.

- Você se sente diferente? - perguntei.

Colocando minha outra mão embaixo da minha cabeça, esperando por uma resposta.

- Hum... não. Me sinto exatamente igual, só que parece que estou mais vivo...? Não sei explicar. - ele franziu o cenho diante da própria resposta.

- Já eu, me sinto mais leve.

- Também, depois dos litros de porra que derramou, até eu me sentiria.

Lancei um olhar semi-cerrado ameaçador pra ele, então ele caiu na gargalhada.

- Não tô mentindo, você sujou mais que eu. - disse na maior cara de pau.

- Você já viu a situação que tá a minha barriga? - arqueei uma sobrancelha. - Isso aqui não é meu não, tá?

Bufei. Como ele conseguia me irritar numa situação daquelas?

E Jisung simplesmente tacou uma mordida na minha bochecha inflada.

- Tá doido? - perguntei ainda sendo atacado.

- Não é que suas bochechas ficam tão fofas inchadinhas que dá vontade de morder.

- As suas são assim o tempo todo, nem por isso eu tô te mordendo.

- Mas em compensação me deixou todo chupado, né? - apontou para o próprio pescoço, que apresentava manchas vermelhas que futuramente ficariam roxas.

Coração Desastrado - MinSungOnde histórias criam vida. Descubra agora